Saúde

Como tornar as festas de fim de ano mais inclusivas para pessoas com Autismo?

Veja dicas práticas para ajudar famílias a realizarem festas acolhedoras

Escrito por Meon

23 DEZ 2024 - 10H00 (Atualizada em 23 DEZ 2024 - 13H09)

Divulgação

As festas de final de ano são momentos de alegria e união, mas as tradicionais festas também podem trazer desconfortos para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Luzes piscando, sons intensos e mudanças na rotina tornam esses eventos incômodos para muitas famílias.

De acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), 1 em cada 36 crianças de até 8 anos de idade é diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O Transtorno, que é caracterizado por dificuldades de comunicação, interação social, com comportamentos restritos e repetitivos, além da sensibilidade, pode transformar situações de celebração em experiências desagradáveis.

Com o objetivo de tornar as comemorações mais inclusivas e acolhedoras, o Instituto Jô Clemente (IJC), Organização da Sociedade Civil sem fins lucrativos que é referência na promoção de saúde e qualidade de vida às pessoas com Deficiência Intelectual, Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Doenças Raras – oferece dicas e orientações para famílias, amigos e organizadores de eventos criarem ambientes mais acolhedores e inclusivos para que todas as pessoas possam aproveitar as celebrações de fim de ano.

Adaptações que fazem a diferença

Dentre as recomendações estão: ajustar o ambiente com estímulos sensoriais mais controlados, como iluminação menos intensa e sons moderados, além de respeitar as preferências individuais e permitir momentos de pausa. “É importante ouvir e entender as necessidades específicas de cada pessoa com Autismo”, complementa Marina.

Outras orientações que ajudam na adaptação dos ambientes:

Antecipação e preparação para que a pessoa se sinta mais preparada e fique à vontade durante as celebrações:

Utilize calendários e elementos visuais para mostrar que as festividades estão se aproximando. Explique quando e onde ocorrerão, quem estará presente e como será o evento;

Mostre fotos ou vídeos de celebrações anteriores e destaque o que pode ser diferente este ano, como o local ou a presença de novas pessoas, por exemplo;

Envolva-os nos preparativos, como a escolha de decorações ou presentes. Isso ajuda a criar familiaridade e empolgação com o momento.

Ajustes no ambiente

Barulhos intensos, como os de fogos de artifício, podem causar desconforto extremo. Utilize abafadores de ouvido ou crie um espaço mais protegido contra ruídos, como um quarto ou até o carro da família, caso necessário;

Decorações com luzes neutras e estáticas são preferíveis às piscantes, que podem gerar desconforto sensorial;

Reserve um espaço tranquilo, com objetos familiares, para que a pessoa possa se retirar caso precise de um momento de calma durante a festa.

Comunicação e sensibilização

Converse previamente com os convidados, explicando os desafios do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Isso pode ajudar na compreensão e na criação de um ambiente mais respeitoso;

Incentive a participação, mas respeitando os limites. Permita que a pessoa escolha roupas confortáveis e outras adaptações, mesmo que não sejam tradicionais para a ocasião.

E para os adultos? Neurologista orienta

Para adultos que convivem com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), essa época pode trazer desafios significativos. Se não forem bem gerenciados, esses desafios podem transformar as festividades em momentos de grande estresse. Segundo o Dr. Matheus Trilico, neurologista de renome em TEA e TDAH em adultos, é essencial compreender esses impactos para criar um ambiente mais inclusivo e acolhedor.

Dificuldades Sensoriais

"Muitas pessoas com TEA apresentam suas dificuldades sensoriais acentuadas", explica o Dr. Trilico. Com o final do ano, sons de fogos de artifício, luzes piscantes e ambientes lotados podem intensificar essas sensibilidades, gerando sobrecarga sensorial. É importante criar espaços tranquilos em eventos e utilizar algumas estratégias, como protetores auriculares, para minimizar o desconforto.

Mudanças de Rotina

O final de ano também vem acompanhado de alterações na rotina diária, algo que pode ser particularmente desafiador para pessoas com TEA e TDAH. "Pessoas com TEA geralmente encontram conforto em rotinas previsíveis. Desvios podem causar estresse significativo. Quem possui TDAH também precisa de rotina, embora tenha mais dificuldade em criá-la", informa o Dr. Trilico. Por isso, é aconselhável manter algumas constâncias diárias e comunicar antecipadamente quaisquer mudanças para suavizar a adaptação e o impacto negativo.

Exigências Sociais Extras

Um aumento nas reuniões sociais pode ser igualmente desafiador para adultos com TDAH e autismo, que podem se sentir rapidamente sobrecarregados. "A pressão para socializar pode exacerbar os sintomas tanto do autismo quanto do TDAH, como dificuldade em manter a concentração, seguir conversações complexas e um aumento da ansiedade nessas pessoas", enfatiza o neurologista. Estruturar encontros em pequenos grupos pode ser uma opção benéfica.

Expectativas e Pressões Festivas

O final de ano também traz expectativas e pressões extras, tanto externas quanto internas, que podem impactar a saúde mental de indivíduos com TEA e TDAH. "Muitos podem sentir uma pressão para “se conformar” aos moldes sociais durante as festividades, o que pode ser uma fonte significativa de ansiedade e geradora de crises, principalmente nos autistas", destaca o Dr. Matheus.

Estratégias de Suporte

Criar um calendário das atividades festivas para ajudar na antecipação e preparação. Incluir pausas programadas pode evitar sobrecarga e estresse.

Informar amigos e familiares sobre as necessidades específicas para ajustar expectativas e criar um ambiente de apoio. Oferecer exemplos de como um ambiente confortável pode ser criado facilita o processo para todos, sendo importante também pedir apoio para manter a configuração desse ambiente durante os eventos.

Autocuidado e Tempos de Descanso: Incorporar pausas e momentos de auto distanciamento durante atividades intensas. Praticar técnicas de relaxamento, como exercícios de respiração profunda ou meditação guiada, pode ajudar a manter a calma e a concentração.

Compreender e respeitar as necessidades particulares é fundamental para enriquecer essa experiência e promover o bem-estar. 

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