Nesta sexta-feira (11) é o Dia Mundial de Conscientização da Doença de Parkinson.
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa crônica que afeta principalmente os movimentos automáticos, como: andar, falar, escrever. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que aproximadamente 1% da população mundial com idade superior a 55 anos tem a Doença de Parkinson. No Brasil, estima-se mais de 200 mil pessoas.
O Parkinson é amplamente associado ao tremor, mas há outros sintomas que ultrapassam os distúrbios motores e impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes: fadiga intensa, dores crônicas, alterações cognitivas, dificuldades emocionais e alterações autonômicas podem estar associadas à doença, mas são frequentemente subestimadas pelos profissionais da saúde e pela sociedade, embora representem um comprometimento na autoestima e autonomia dos pacientes.
O Dr. Marcelo Valadares, neurocirurgião funcional e pesquisador da Disciplina de Neurocirurgia na Unicamp, alerta que sintomas como constipação intestinal, quedas de pressão, dificuldades de fala e problemas posturais muitas vezes passam despercebidos ou são confundidos com outras condições, retardando um diagnóstico preciso.
A progressão da doença varia de paciente para paciente. Enquanto alguns permanecem estáveis por décadas, outros podem experimentar uma evolução acelerada. "Pacientes mais jovens, na faixa dos 50 anos, costumam sofrer mais impacto na rotina, pois ainda estão no mercado de trabalho e enfrentam desafios como tremores em situações profissionais", explica o Dr. Valadares.
A perda da independência, a dificuldade em planejar viagens e a impossibilidade de realizar tarefas cotidianas podem gerar um forte impacto emocional. Não por acaso, depressão e ansiedade são frequentes entre os pacientes. "Estima-se que cerca de 50% dos pacientes apresentem quadros de depressão3 e até 20%4 desenvolvam depressão severa", aponta o médico.
Para garantir um atendimento eficaz, profissionais de múltiplas áreas da saúde devem adotar uma escuta ativa e promover um espaço onde os pacientes se sintam confortáveis para relatar as dificuldades. Segundo o neurocirurgião, a empatia aliada a uma anamnese detalhada, permite compreender melhor os impactos subjetivos da doença. “Muitas vezes, o que mais aflige o paciente não é o tremor ou a rigidez, mas sim as limitações que afetam sua independência e bem-estar emocional. Compreender essa dimensão exige tempo e um acompanhamento mais próximo”, destaca. Ele ressalta, ainda, que um tratamento eficiente deve ser multidisciplinar incluindo apoio psicológico, fisioterapia e fonoaudiologia (quando necessário).
O desafio estrutural e a necessidade de políticas públicas eficazes
A falta de infraestrutura disponível para o tratamento é um dos grandes desafios no Brasil. “Nos grandes centros urbanos, há hospitais de referência do SUS que oferecem com excelência o suporte necessário, mas, nas cidades menores, o acesso a profissionais capacitados e a terapias complementares, ou até mesmo cirurgias que poderiam beneficiar o indivíduo ainda é extremamente limitado”, alerta o Dr. Valadares.
Além desta carência, a distribuição irregular de medicamentos prejudica consideravelmente o tratamento. “O desabastecimento de medicamentos é um problema recorrente. Uma fiscalização mais rigorosa e um planejamento mais eficiente ajudariam a garantir a continuidade do tratamento”, esclarece.
A acessibilidade também representa um grande obstáculo. “As leis sobre o tema ainda são falhas e, muitas vezes, não aplicadas. O simples ato de caminhar pelas ruas pode ser uma experiência desagradável para quem tem limitações motoras, devido às barreiras urbanísticas”, observa o médico.
Por outro lado, há avanços, como a isenção do imposto de renda para aposentados e pensionistas diagnosticados com Parkinson5 - embora essa medida não contempla aqueles que ainda estão em atividade profissional.
Necessidade de inclusão e suporte
Os impactos menos evidentes do Parkinson nem sempre são reconhecidos, tornando o diagnóstico e o tratamento mais complexos. Muitos pacientes enfrentam dificuldades para manter suas atividades laborais, seja por preconceito ou pela necessidade de adaptação às novas condições impostas pela doença. As famílias também sentem os reflexos da doença, e muitas vezes assumem o papel de cuidadoras sem o suporte adequado, o que gera sobrecarga emocional e financeira.
"Se quisermos melhorar o suporte aos pacientes com Parkinson, precisamos ampliar nossa compreensão sobre a doença e reconhecer suas múltiplas dimensões. O manejo deve ir além do controle dos sintomas motores, promovendo o bem-estar geral do paciente e permitindo que ele continue participando ativamente da sociedade", reflete o neurocirurgião. Para ele, uma abordagem integrada e humanizada, políticas públicas abrangentes, ambientes de trabalho acessíveis e fomento às iniciativas que permitam a inclusão dos pacientes na vida social e profissional são fundamentais para essa doença.
Alimentação adequada é fundamental
A Associação Brasil Parkinson lança o Manual de Alimentação, Nutrição e Suplementação na Doença de Parkinson, um guia essencial para auxiliar pessoas diagnosticadas com a doença a adotarem hábitos alimentares mais saudáveis e adequados às suas necessidades específicas. O material, desenvolvido pelas especialistas em nutrição – Maura Corá, Mariana Burmeister e Maria de Fátima Nunes Marucci - traz orientações detalhadas sobre os melhores alimentos para promover o bem-estar e minimizar os impactos da condição no dia a dia.
O manual aborda desde a importância da hidratação até a escolha de alimentos ricos em nutrientes essenciais, priorizando uma alimentação balanceada e livre de ultraprocessados. Entre as recomendações, destaca-se o consumo de frutas, legumes, cereais integrais e proteínas magras, além da sugestão de preparações mais saudáveis, como assados e grelhados. Outro ponto fundamental é a relação entre a alimentação e o uso de medicamentos, como a levodopa, para otimizar a absorção e os efeitos do tratamento.
“Dificuldades para comer e beber e o risco de asfixia também podem levar a problemas de engajamento, o paciente pode preferir realizar as refeições apenas com pessoas conhecidas, evitando eventos sociais ou festas. Todos esses aspectos reunidos aumentam a vulnerabilidade do ponto de vista nutricional, levando a perda de peso devido ao desequilíbrio entre a ingestão feita pelo paciente e seu consumo energético continuado ao longo do tempo”, explica Dra Erica Tardelli, presidente da ABP.
A alimentação é importante na qualidade de vida dos pacientes com Parkinson, auxiliando na regulação da energia, controle de sintomas gastrointestinais e melhora da mobilidade. O manual também apresenta informações sobre o impacto dos alimentos no funcionamento do organismo e como pequenas mudanças na rotina alimentar podem trazer benefícios significativos ao bem-estar geral dos pacientes.
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