Entre 80 e 100 pessoas se revezam nas buscas ao francês Gilbert Eric Welterlin, que desapareceu no dia 16 de abril na região do Pico dos Marins, na divisa de São Paulo e Minas Gerais. Participam equipes de resgate dos dois estados, além de dezenas de voluntários.
Helicópteros, drones e rapel são utilizados pelos agentes e por montanhistas que conhecem a área na tentativa de alcançar os lugares de difícil acesso. Os trabalhos começam logo no início da manhã, por volta das 5h e só terminam por volta das 17h.
Após 15 dias sem sinais do atleta francês, o caso começa a ser comparado ao desaparecimento do escoteiro Marco Aurélio, também no Pico dos Marins, em 1985. As buscas ao adolescentes duraram 30 dias ininterruptos mas, até hoje, nenhum vestígio do escoteiro foi encontrado (leia texto abaixo).
O empresário Djalma Raimundo Ramos, dono de uma pousada em Marmelópolis (MG), está entre os voluntários que auxiliam nas buscas ao francês e também participou das buscas ao jovem escoteiro.
Muitos estranharam o sumiço de Marco Aurélio, pois ele era considerado um garoto esperto, preparado e como escoteiro conhecia bem as técnicas de sobrevivência em mata.
“Está muito complicada essa situação. Muitas pessoas participando das buscas e nada, nenhum sinal do francês. Lembra mesmo o caso do escoteiro, eu também dei apoio ao pessoal que fazia as buscas naquela época, vinha muita gente. Foram vários dias procurando e nada”, disse Djalma.
Segundo ele, as equipes de rapel descem por fendas e lugares mais profundos, pois o francês pode ter sofrido uma queda e estar incomunicável. Segundo os bombeiros, a cada dia que passa, menores são as chances de sobrevivência no Pico dos Marins, considerado que o atleta não tinha muitos suprimentos para se manter por muito tempo.
Mas Djalma lembra que ainda existe a possibilidade de o francês não ter subido o Marins. “Ninguém viu o Eric, só viram o carro dele na base. Não é possível saber se ele iniciou a trilha ou não. Ninguém achou nada dele pelo caminho”, disse.
A área é muito íngreme, formada por rochas e, apesar de não ter muita mata fechada, em muitos pontos o terreno é coberto por uma mata que ultrapassa a altura de uma pessoa --sem aparelho, uma pessoa que não conhece a região pode se perder.
A ocorrência repentina de nevoeiro ou neblina, muito comum no local, também dificulta a localização e até mesmo a visibilidade a curta distância --o que pode levar a uma queda em uma fenda ou rocha.
Apesar de não exigir equipamento de escalada, a subida é difícil. São cerca de quatro horas para chegar da base ao cume. Por conta disso, os helicópteros levam equipes até o topo para que possam descer fazendo a varredura. Equipes com drones e rapel também são deixadas pelas aeronaves em pontos estratégicos.
O atleta francês Eric Weterlin deixou seu carro em uma base do Pico dos Marins no dia 16 de abril
Reprodução/Facebook
Desaparecimento
O francês Eric Weterlin é corredor de montanha experiente e considerado um homem preparado, já participou de competições em vários países. Ele vive no Brasil há três anos e é casado com a juíza do Trabalho de Itajubá, Cláudia Rocha Welterlin.
No dia 16 de abril, o carro do francês foi encontrado no estacionamento de uma das bases de acesso ao Pico dos Marins. Ninguém viu Eric, pois a base estava fechada quando ele chegou.
O responsável pelo local, quando chegou para trabalhar, não estranhou pois é normal os praticantes de montanhismo deixarem o carro ali e buscar no final do dia ou no dia seguinte -já que muitos passam a noite acampados no pico.
Para a mulher, a saída de Eric seria mais um dia de treino. No entanto, de acordo com o boletim de ocorrência registrado em Itajubá, como Eric não retornou e estava incomunicável, Cláudia registrou um boletim de desaparecimento na manhã de quarta-feira (18) na Delegacia de Itajubá (MG), onde moram.
No mesmo dia, foram concentrados esforços para localização do atleta, como tudo indicava que ele havia partido da base dos Marins para percorrer uma das trilhas, foram mobilizadas equipes de resgate dos dois estados, que começaram a vasculhar toda a área.
Nesta quarta-feira (2), as equipes de resgate paulistas se reúnem para avaliar a situação e definir novas estratégias de buscas ou mesmo a possibilidade de suspensão dos trabalhos.
Marco Aurélio, em 1985
Reprodução
Caso Marco Aurélio
O escoteiro Marco Aurelio Simon tinha 15 anos quando desapareceu no Pico dos Marins. Ele morava em São Paulo e viajou com outros escoteiros e o chefe do grupo para fazer a trilha até o topo do pico.
O grupo, considerado experie, partiu da base no dia 8 de junho, às 8h, e caminhou por seis horas. Por volta das 14h30, um dos escoteiros torceu o joelho. Impossibilitados de prosseguirem a trilha, o grupo decidiu regressar à base. Decidiram improvisa um maca, enquanto isso, Marco Aurélio decidiu ir na frente para abrir caminho para a passagem da maca e pedir ajuda o mais rápido possível ao escoteiro ferido.
Ele foi com um apito, uma faca e um giz. Com o giz, marcava o número 240 (identificação do grupo) em pedras que encontrava pelo caminho.
O grupo, que havia desistido de construir a maca e decidiram carregar o garoto ferido, começaram a seguir as marcações feitas por Marco Aurelio. Após passarem por três pedras com a marcação do número 240, o caminho se bifurcava. Os rastros indicavam que Marco Aurelio teria tomado o caminho da esquerda, que seria o mais curto porém com mais obstáculos, então o grupo decidiu seguir pelo outro e chegou à base cerca de 15 horas depopis.
Porém, para surpresa de todos, Marco Aurélio ainda nao tinha aparecido por lá. No dia seguinte, começaram as buscas pelo garoto. O caso ganhou repercussão na imprensa nacional. Os brasileiros acompanhavam os trabalhos pelos jornais e pela TV. Foram 30 dias de buscas ininterruptas, com apoio de policiais, bombeiros e voluntários. Nenhum sinal do escoteiro Marco Aurélio foi encontrado até hoje.
"Ninguém esquece esse caso, eu ajudei o pessoal na época. O garoto sumir sem deixar nenhum sinal, nada pelo caminho. O desaparecimento do francês também está esquisito, mas esperamos que ele ainda seja encontrado", disse Djalma.
Boleto
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