Monique Salles (de óculos de sol) entre as mulheres que prepararam o ato em Caçapava
Marcus Alvarenga/Meon
Na semana anterior aos 10 anos da Lei Maria da Penha, Monique Salles, uma educadora física de 35 anos, foi agredida física e verbalmente por seu marido, na frente da filha de seis anos, em Caçapava. A violência, ao invés de ter sido escondida pela vítima, foi denunciada e junto trouxe uma força que a está ajudando a se manter firme e a lutar por outras mulheres também vítimas de agressão.
O caso foi divulgado por ela no Facebook e já alcança mais de 600 compartilhamentos e três mil curtidas/reações, além dos comentários fortalecedores de amigos, colegas e pessoas desconhecidas pela vítima que também buscaram encontrá-la pessoalmente para oferecer o conforto de um abraço. A força e o apoio através das redes sociais se fortaleceram ainda mais na manhã deste sábado (6), que antecede os 10 anos da lei de proteção à mulher, completados no domingo (7), reunindo pessoas que apoiam a luta contra a violência à mulher e levando o tema para quem passava na praça da Bandeira, em Caçapava.
“Meu sentimento agora é de esperança para que a Lei Maria da Penha, que ainda é um plantinha, cresça e dê frutos muito maiores. Não podemos deixar uma pessoa como a que me agrediu andando por aí e a vítima ainda correndo risco”, diz Monique.
Rosto da vítima após a agressão
Arquivo Pessoal
O caso dela e de muitas se repetem diariamente pelo país. A educadora física vinha há alguns anos sofrendo agressões calada, pois acreditava que poderia mudar o seu companheiro. “Pela minha filosofia de vida, sempre acredito que haja transformação e foram várias tentativas para ajudá-lo. Foram muitas agressões verbais e quando começaram as físicas ainda eram leves e sem marcas. Agora chegou em um ponto que ele fraturou o meu rosto. A próxima coisa era me matar. Não dá!”, continua a vítima.
Monique teve uma fratura em dois pontos da face, teve hematomas no pescoço e em outras partes do corpo e está passando por uma recuperação um pouco complicada. “Ele me pegou no pescoço, bateu minha cabeça na parede e deu um soco no meu rosto que causou fraturas em dois lugares”, conta a vítima.
Entre os comentários, os relatos desconhecidos foram surgindo. Para uma cidade pequena como Caçapava, essas histórias são assustadoras, pois na cidade as pessoas não tinham conhecimento ou solução de casos como esse. Por essa razão, Monique e outras mulheres se uniram para criar uma fundação de apoio à mulher na cidade.
Umas das incentivadoras é Janaína Castro, administradora de 38 anos que passou por uma situação de violência doméstica com o ex-companheiro e quer ajudar as mulheres que estão nessa situação. “Em Caçapava não existe algum apoio no sentido contra a violência. O que existe é uma vulnerabilidade. E nisso pensei justamente em montar um grupo que pudesse apoiar as vítimas, com apoio psicológico, assistência social, jurídica e outras formas. Para que as mulheres se sintam acolhidas e seguras”, explicou.
Janaína ficou com os olhos embargados ao relembrar a sua história e relatar o que sentiu quando viu a declaração da Monique. “É dor! Nós somos mulheres e você passar por um tipo de violência é horrível. Seja ela de qual tipo for, psicológica, emocional, física ou sexual. Isso tudo precisa acabar. Precisamos de mulheres com coragem pra se expor e lutar para que isso acabe. Eu não fui a única”, declara emocionada.
A história da administradora é uma de muitas que eram divididas entre as pessoas que passavam pela praça da Bandeira e paravam para afirmar o seu apoio à criação de um grupo de apoio a mulheres vítimas de violência em Caçapava. O abaixo assinado aberto, recolheu cerca de 300 assinaturas, mas o importante foi a disseminação da violência contra a mulher entre os que passavam pelo centro.
O crime
O caso de agressão contra a Monique foi registrado na delegacia de Caçapava e a vítima já passou por exames clínicos no IML (Instituto Médico Legal). A Polícia Civil segue investigando o caso e deve ouvir o suspeito de agressão na próxima segunda-feira (8).
O advogado do investigado foi procurado, mas não retornou o contato feito pela reportagem do Meon. No mesmo dia que o caso tomou conhecimento pela internet, o suspeito apagou as suas fotos de perfil e capa em sua página na rede social e publicou a seguinte frase "Nem tudo que se vê é realmente o que acontece!".
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.