Por Meon Em RMVale

Trabalhadores da Embraer aguardam informações sobre fusão com Boeing

Empresários de São José esperam impacto positivo na cidade

Herbert Claros, vice-presidente do SindMetal de São José dos Campos- Foto Pedro Ivo

Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos durante ato na Embraer

Pedro Ivo Prates

A notícia de uma eventual compra da Embraer pela Boeing pegou de surpresa os trabalhadores da empresa brasileira, que tem sede em São José dos Campos. Os funcionários alegam falta de informação para avaliarem o impacto das negociações no futuro da fábrica.

A Embraer emprega cerca de 16 mil trabalhadores no Brasil. Em São José, são cerca de 12 mil. "Não tenho como falar nada. Ninguém dentro da fábrica tem informação sobre essa fusão", disse um trabalhador, que preferiu não se identificar.

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Outro metalúrgico, que também não quis que o nome fosse divulgado, disse que a negociação entre as duas empresas não afetou o clima de confraternização dentro fábrica. "Hoje estamos todos comemorando. É o último dia de trabalho e ninguém está preocupado com isso. A direção da Embraer deve se pronunciar e explicar tudo quando voltarmos, no dia 3", disse.

Empresários do setor aeronáutico acreditam que uma fusão entre a Embraer e a Boeing reverteria em benefícios para toda a cadeia produtiva.

“Essa história que a Boeing pode acabar com as fábricas da Embraer no Brasil não tem sentido. Qualquer que seja a negociação com a Boeing, toda a cadeia produtiva só tem a ganhar”, disse Francílio Graciano, presidente do grupo Troya e representante do cluster aero no Conselho do Parque Tecnológico São José dos Campos. O cluster reúne cerca de 100 empresas e emprega cerca de 6.000 trabalhadores.

A Prefeitura de São José dos Campos informou, por meio de sua assessoria de Imprensa, que não iria se manifestar sobre o assunto.

Impacto na cidade

Para o presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos), Humberto Dutra, é preciso acompanhar a evolução das negociações entre Embraer e Boeing para avaliar os impactos.

Caso a negociação evolua sem a perda de soberania nem de postos de trabalho, será um período de mudanças, que, acredito, possam ser benéficas para a empresa e para a economia da cidade"

Humberto Dutra Pres. ACI de SJC

“Caso a negociação evolua sem a perda de soberania nem de postos de trabalho, será um período de mudanças, que, acredito, possam ser benéficas para a empresa e para a economia da cidade" disse Dutra.

Ele ressaltou ainda que, no campo militar, os laços com a Boeing podem favorecer a Embraer no mercado norte-americano, o maior do mundo.

O empresário acredita que, como portador de ações de ouro, as chamadas “golden shares”, o governo tem não apenas o dever, mas também o interesse e o poder de acompanhar as negociações. “A preocupação do Sindicato dos Metalúrgicos com a manutenção dos empregos é legítima, desde que ela seja em defesa dos interesses dos trabalhadores”, disse Dutra.

Para o empresário Alfredo Freitas, diretor da Nova Freitas Imóveis, de São José dos Campos, as consequências de uma fusão vai depender do modelo a ser adotado pelas duas fabricantes de avião. Ele ressalta que, se confirmado o interesse da Boeing no segmento de avião de médio e pequeno porte, o impacto será benéfico.

“Olhando por esse prisma mais otimista, sem considerar itens que desconhecemos, a expectativa do imercado mobiliário é positiva, até porque isso pode implicar novos investimentos, novas tecnologias”, disse Freitas.

Ele lembrou que houve também um grande sentimento de preocupação e desconfiança quando a privatização foi anunciada.  “Hoje quando olhamos para trás percebemos o quão benéfica foi a privatização. Para a cidade foi excepcional, a Embraer se revitalizou, se reinventou e se consolidou em terceiro lugar na aviação mundial”, disse.

Freitas discorda do Sindicato dos Metalúrgicos, que aponta como consequência da fusão um possível sucateamento da Embraer.  “Acho difícil isso acontecer. A Boeing está de olho no mercado, nos grandes players que também estão se fortalecendo, e ela entendeu que deveria ter na Embraer o seu parceiro.”


Ato do Sindicato

No início da manhã desta sexta-feira, o Sindicato dos Metalúrgicos realizou um ato em frente à Embraer.  Com caminhão de som, o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros, e mais dois diretores sindicais ressaltaram aos trabalhadores que a fusão coloca em risco os empregos e o próprio futuro da Embraer.

Segundo Herbert, o sindicato iria elaborar ainda nesta sexta-feira uma carta para direção da Embraer, solicitando informações sobre as negociações com a Boeing e exigindo transparência.

“A venda da Embraer coloca em risco não só o emprego mas a própria soberania do país”, disse o vice-presidente do sindicato, Herbert Claros.




 

 

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