A partir da esq., Paulo Sérgio Frigere, de Araraquara; Herbert Claros, de São José, e Fabiano Roque, de Botucatu
Meon
Os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos (CSP-Conlutas), Botucatu (Força Sindical) e Araraquara (CUT) lançaram na tarde desta terça-feira (16) uma campanha unificada contra a venda da Embraer para a Boeing e um manifesto pela reestatização da empresa brasileira.
As negociações entre Boeing e Embraer foram reveladas pelo jornal americano The Wall Street Journal no dia 21 de dezembro. No mesmo dia, a empresa brasileira confirmou que estava em 'tratativas' com a norte-americana, mas até o momento não revelou detalhes.
Para os sindicalistas, qualquer transação entre as duas empresas seria prejudicial aos trabalhadores. "Uma gigante como a Boeing não vai entrar numa transação comercial se não for para ganhar. Já a Embraer e o Brasil só têm a perder com a entrega de conhecimento", diz trecho do manifesto.
A partir desta quarta-feira, os três sindicatos iniciam uma série de ações contra o acordo entre as duas fabricantes de avião. Entre as iniciativas previstas na campanha estão assembleias, audiências públicas nas Câmaras Municipais e no Congresso e ações para mobilização da sociedade, principalmente nas cidades onde a Embraer tem fábricas --São José dos Campos (sede), Gavião Peixoto, Botucatu, Taubaté e Sorocaba.
A Embraer emprega cerca de 16 mil trabalhadores e tem cerca de 5.000 terceirizados no país. Mas, segundo o sindicato, o impacto de uma eventual venda da Embraer à Boeing coloca em risco o emprego em todo o setor aeronáutico. "Vamos fazer um estudo para saber de fato qual o número de trabalhadores da cadeia produtiva da Embraer", disse Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que trabalha na Embraer.
O diretor do sindicato de Botucau, Fabiano Roque, disse que o primeiro passo para mobilização contra a venda da empresa brasileira será conseguir o apoio dos trabalhadores e da população, que ainda estariam divididos por falta de informação.
"Temos que conscientizar os metalúrgicos e toda a cidade sobre as consequências da transferência da Embraer para a Boeing. A empresa diz que não, mas a longo prazo vai ter fechamento de postos de trabalho", disse o sindicalista. Segundo ele, a fábrica da Embraer em Botucatu tem 1.482 trabalhadores diretos e 150 terceirizados.
No manifesto, os sindicatos afirmam que o presidente Michel Temer deve vetar a negociação entre as duas empresas. O governo já se manifestou favorável ao acordo Boeing-Embraer, desde que o controle acionário seja mantido para preservação da soberania nacional.
Em dezembro, o sindicato de São José encaminhou uma carta ao governo federal solicitando informações e agendamento de uma reunião para discutir o eventual acordo entre Boeing e Embraer, mas ainda aguarda retorno.
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