Por Meon Em RMVale

Sindicatos iniciam campanha contra venda da Embraer à Boeing

Para entidades, acordo entre empresas será prejudicial aos trabalhadores

sindicato_metalurgicos_de_sao_jose_c_araraquara_esq_e_botucatu_dir_campanha_nacional_embraer_boeing_16jan18_3

A partir da esq., Paulo Sérgio Frigere, de Araraquara;  Herbert Claros, de São José, e Fabiano Roque, de Botucatu

Meon

Os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos (CSP-Conlutas), Botucatu (Força Sindical) e Araraquara (CUT) lançaram na tarde desta terça-feira (16) uma campanha unificada contra a venda da Embraer para a Boeing e um manifesto pela reestatização da empresa brasileira.

As negociações entre Boeing e Embraer foram reveladas pelo jornal americano The Wall Street Journal no dia 21 de dezembro. No mesmo dia, a empresa brasileira confirmou que estava em 'tratativas' com a norte-americana, mas até o momento não revelou detalhes.

Para os sindicalistas, qualquer transação entre as duas empresas seria prejudicial aos trabalhadores. "Uma gigante como a Boeing não vai entrar numa transação comercial se não for para ganhar. Já a Embraer e o Brasil só têm a perder com a entrega de conhecimento", diz trecho do manifesto.

Leia Mais'País deveria manter o controle da Embraer', diz economistaNegociações com Boeing envolvem todas as empresas do Grupo EmbraerGoverno cria comitê para avaliar caso Boeing/Embraer

A partir desta quarta-feira, os três sindicatos iniciam uma série de ações contra o acordo entre as duas fabricantes de avião. Entre as iniciativas previstas na campanha estão assembleias, audiências públicas nas Câmaras Municipais e no Congresso e ações para mobilização da sociedade, principalmente nas cidades onde a Embraer tem fábricas --São José dos Campos (sede), Gavião Peixoto, Botucatu, Taubaté e Sorocaba. 

A Embraer emprega cerca de 16 mil trabalhadores e tem cerca de 5.000 terceirizados no país. Mas, segundo o sindicato, o impacto de uma eventual venda da Embraer à Boeing coloca em risco o emprego em todo o setor aeronáutico. "Vamos fazer um estudo para saber de fato qual o número de trabalhadores da cadeia produtiva da Embraer", disse Herbert Claros, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, que trabalha na Embraer.

O diretor do sindicato de Botucau, Fabiano Roque, disse que o primeiro passo para mobilização contra a venda da empresa brasileira será conseguir o apoio dos trabalhadores e da população, que ainda estariam divididos por falta de informação.

"Temos que conscientizar os metalúrgicos e toda a cidade sobre as consequências da transferência da Embraer para a Boeing. A empresa diz que não, mas a longo prazo vai ter fechamento de postos de trabalho", disse o sindicalista. Segundo ele, a fábrica da Embraer em Botucatu tem 1.482 trabalhadores diretos e 150 terceirizados.

No manifesto, os sindicatos afirmam que o presidente Michel Temer deve vetar a negociação entre as duas empresas.  O governo  já se manifestou favorável ao acordo Boeing-Embraer, desde que o controle acionário seja mantido para preservação da soberania nacional.

Em dezembro, o sindicato de São José encaminhou uma carta ao governo federal solicitando informações e agendamento de uma reunião para discutir o eventual acordo entre Boeing e Embraer, mas ainda aguarda retorno.

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Meon, em RMVale

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.