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Show gratuito nesta quinta (18), em São José

Noite será de celebração aos mestres da cultura da cidade

Escrito por Meon

18 JUL 2024 - 09H55

Divulgação

O grupo Dua, formado pelas musicistas Bruna Prado e Maria Luana, apresenta o espetáculo “Todas as vozes: um rito musical para a terra” com show gratuito a partir das 20h, no Cine Teatro Benedito Alves.

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Elas recebem os convidados Quinzinho Viola, Deo Lopes, Jongo Mistura da Raça e Adriana Mudat, em apresentação que marca o encerramento do projeto que celebra as raízes da música da região rural de São José.

O Dua fez quatro shows desde abril, nos quais recebeu Ana Maria Carvalho, Quinzinho Viola, Jongo Mistura da Raça e Deo Lopes, além de fazer homenagens a outros artistas influentes na região.

Bruna Prado compartilhou um pouco da experiência do “Todas as Vozes”: “Fazer música com outras pessoas é delicioso demais, e esse projeto deu pra gente essa oportunidade. Ao longo da minha trajetória como musicista, fui aprendendo a me desapegar das pessoas e me obrigando a criar uma autonomia – poder fazer show sozinha ou com no máximo mais uma pessoa – pra poder fazer o trabalho rolar, uma vez que está cada dia mais difícil conseguir circular com banda. E aí, quando a gente consegue um financiamento que permite fazer algo grande, é bom demais, porque quanto mais gente a música agrega, mais bonito e forte fica o trabalho”, destaca.

Para Bruna, a melhor parte do projeto foi ter a oportunidade de dividir o palco e fazer música com os mestres. “Até pouco tempo atrás, achava que nunca seria capaz de tocar com músicos que admiro e que são bem mais experientes que eu; que nunca ficaria tranquila ou teria maturidade musical suficiente. E, de repente, você se vê diante de pessoas extremamente humilde e generosas, que possuem as mesmas fragilidades que você, e descobre que estamos todos no mesmo barco. É muito reconfortante”.

Os homenageados

Quinzinho Viola é poeta e violeiro. Criado em Caçapava, sempre procurou estar em contato com a sua identidade caipira, a natureza e as coisas simples. Foi professor de viola caipira na Casa de Cultura Júlio Neme, em São Francisco Xavier, e é integrante do grupo de catira. Tem suas composições gravadas no álbum “Caipira de Verdade, de Nascente e Fonte Nova”, com seu parceiro Ciro Leonardo da Silva, o sanfoneiro Waldeci da Silva, sua esposa e parceira Cidinha, e o guitarrista Michel Leme.

O músico paulista Deo Lopes começou a ganhar destaque com seu primeiro disco, “Voar”, lançado em 1980. Mudou-se para o Vale do Paraíba em 1994, e daí para cá não mais parou de criar e desenvolver projetos culturais. Em 1998, criou, juntamente com outros parceiros, o Trem da Viração, um grupo de musica regional brasileira com quem se apresentou em várias partes do país, gravou CDs e participou de programas de TV. Seu mais recente trabalho é o álbum “Concerto Sentido”, com o parceiro Victor Mendes.

O Jongo Mistura da Raça tem como missão manter viva a tradição da manifestação popular afro-brasileira com identidade marcada pelos cantos, danças, toques de tambor e saberes orais. O grupo atua na afirmação e valorização da identidade negra e no despertar da igualdade racial. Laudení de Souza foi influenciado pelo pai, mestre Dorvalino, em Barra do Piraí (RJ), nas rodas de jongo, e passou a tradição para sua família, com quem se apresenta e divulga o jongo desde 2002. No ano passado, o grupo recebeu a medalha Cassiano Ricardo, concedida pela Câmara de São José dos Campos.

A maranhense Ana Maria Carvalho é cantora e arte educadora. Premiada como Mestre de Cultura Popular em 2018 pelo Ministério da Cultura. Trouxe para o Vale do Paraíba uma rica bagagem que inclui ritmos tradicionais como o Bumba Meu Boi, Cacuriá, Ladainhas do Divino Espírito Santo, cirandas, acalantos e cantigas de roda, mostrando os símbolos e saberes tradicionais contidos nessas manifestações. O disco “Por Mim e Pelo Meu Povo” é um marco em sua carreira.

Adriana Mudat é percussionista e cantora da Banda por um Fio, com show autoral de Cauique Bonsucesso há mais de 20 anos. A cultura popular mora em seu coração. As cores, fitas, música e dança estão presentes em seu trabalho com as artes populares do Maranhão, onde conduz vivências transmitidas por sua mestra Ana Maria Carvalho. É também parceira da artista plástica Ana Sales com os grandes Bonecões da Mantiqueira, se apresentando como cantora, percussionista e mestra de cerimônias em festejos juninos, Folia de Reis e carnavalescos. Foi integrante das bandas Folia Brasileira e Pé no Brejo.

O projeto

Realizado com recursos do Fundo Municipal de Cultura, da Prefeitura de São José dos Campos, e apoio da FCCR (Fundação Cultural Cassiano Ricardo), “Todas as vozes: um rito musical para a terra” tece diálogos entre o Vale do Paraíba, a Serra da Mantiqueira e outras culturas musicais latino-americanas, como a das tonadas venezuelanas, zambas e chacareiras argentinas, cumbias colombianas e o folclore negro do Peru.

Nascido no distrito joseense de São Francisco Xavier, Dua é o encontro entre Maria Luana (Uruguai) e Bruna Prado (Brasil), musicistas dedicadas à pesquisa do folclore latino-americano. Juntas, elas exploram as vocalidades presentes em diversos gêneros de canção de origem rural, suas estruturas rítmicas e o canto a duas vozes, em um formato com violão e percussão, com letras que priorizam a temática da terra, seus ciclos e os ritos que envolvem a relação entre a coletividade humana e os ciclos da natureza.

O espetáculo conta com cenário e figurino criados pela artista plástica Juliana Strzygowski, inspirados em elementos do artesanato local, como cestos de taboa e redes de pesca, e no imaginário que permeia as canções.

Pesquisa

Para a construção do repertório, a dupla trabalhou em cima de pesquisa musical preliminar feita pela produtora Patricia Ioco, que atua no Vale do Paraíba há 25 anos. Depois, partiram a campo em trabalho de escuta e consulta a mestres locais de cultura popular – cancioneiros, violeiros, mestres de jongo e artesãos –, além de casas de cultura e documentos no Museu do Folclore de São José dos Campos.

Os shows destacam canções de Mirian Cris, Rialcim, Deo Lopes, Nilton Blau, Ana Maria Carvalho, Trem da Viração, Ari Pereira, Quinzinho Viola e Adriana Mudat, além de músicas em espanhol de Atahualpa Yupanqui, Jorge Fandermole e Armando Tejada Gomez.

Todas as apresentações em São José são gratuitas, com indicação livre e têm tradução em Libras. Estão sendo registradas em fotos e vídeos, que servirão de material para um minidocumentário sobre a pesquisa e a turnê, que ficará disponível para acesso livre e gratuito em canal do YouTube e páginas do projeto.

Espetáculo “Todas as vozes: um rito musical para a terra”

18 de julho, às 20h

No Cine Teatro Benedito Alves (Rua Rui Dória, 935, Centro – São José dos Campos)

Confira mais detalhes na página do projeto no Instagram: @todasasvozes_dua

Sobre o Dua

O Dua nasceu em 2022, no encontro de Bruna Prado e Maria Luana.

Bruna Prado é cantora, compositora, pesquisadora e condutora de processos criativos e educacionais envolvendo voz, corpo e canção. Doutora em Música, Mestra em Antropologia Social e Bacharel em Música Popular pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Formada, ainda, pelo Método Bertazzo de educação do corpo e do movimento. Tem dois álbuns-solo, além de participação em discos de outros artistas. Trabalhou durante dez anos no “Canto do Brasil: atividade e ensino musical” (São Paulo), espaço coordenado pela cantora e profa. Dra. Regina Machado. Foi professora do curso de música da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA), em Foz do Iguaçu (PR). Vive atualmente no distrito de São Francisco Xavier (SP), onde dá aulas de canto no Projeto Colibri, do Núcleo Educatho; conduz de maneira autônoma o projeto Oficina de (en)cantos e atua artisticamente com o grupo Dua, além de integrar o GT Mulheres da Cultura de São José dos Campos. Produziu, em 2021, ao lado de Helô Ferreira, o “Festival Cancioneiras”, financiado pelo Fundo Municipal de Cultura de São José dos Campos. Em 2022, circulou com o espetáculo “Quatro Estados para a Solidão”, contemplado pelo edital “Música ao Pôr-do-Sol”, da Fundação Cultural Cassiano Ricardo (FCCR).

Maria Luana é cantora, compositora e terapeuta sonora. Nasceu em Montevidéu e cresceu entre Costa Rica e Brasil. Desde 2014, se dedica a pesquisar diferentes linguagens de improvisação, música vocal e cantos ancestrais da América Latina e do mundo, assim como diferentes caminhos para o uso da voz e o corpo como instrumento musical e de expressão criativa e artística. Já se apresentou em vários países e festivais internacionais na Costa Rica, Argentina, Brasil e Uruguai, e tem dois discos lançados. Participou de projetos artísticos como o Coro Juvenil do Estado de São Paulo e o grupo vocal Nômade, liderado pela moçambicana Lenna Bahule. Faz parte da banda do compositor Luiz Tatit e da Orquestra do Corpo (projeto dirigido por Fernando Barba de Barbatuques), entre outros. Desenvolveu os seus estudos de canto com Wagner Barbosa, Anais Maviel, Lívia Nestrovski, Renata Rosa, Lucia Spivak, entre outros, e de improvisação vocal e música corporal com pioneiros da técnica como Fernando Barba, Stenio Mendes, Keith Terry, Joey Blake, Roger Treece e Rhiannon. Vem transitando uma jornada para relembrar e expressar em liberdade a sua voz e expressão criativa e atualmente facilita vivências, retiros e workshops de voz e criação com a intenção de relembrar e potencializar a voz autêntica e despertar a música e criatividade que habita em todo ser. 

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