Apartamentos do Edifício Monte Alegre, localizado na Vila Cristina, zona norte de São José dos Campos, que pegou fogo na manhã desta quinta-feira (10), foi ocupado por moradores de rua e usuários de droga, apesar de estar interditado pela Defesa Civil há cinco anos, por problemas na infraestrutura.
Em 2013, os dois prédios tiveram que ser evacuados por determinação da Defesa Civil e desde então o condomínio está abandonado. O empreendimento é da Zanini Engenharia.
O Meon esteve no prédio nesta quinta-feira. Não há qualquer tipo de sinalização que alerte sobre os riscos ou que a entrada é proibida.
Vários apartamentos estão com rachaduras, cheio de lixo e entulho, paredes pichadas, janelas quebradas e grades danificadas. Muitos também apresentam paredes manchadas por fumaça e sinais de incêndio.
Em um dos apartamentos, o Meon encontrou a sem-teto V.A.S, de 39 anos, que mora no edifício abandonado há dois anos.
“Agora sou só eu e mais um senhor que moramos aqui, mas já sou moradora há dois anos. Moro nas ruas desde os 12 anos, e aqui é minha casa e sempre chega gente nova e fica fazendo ‘zona' e vendendo droga. O perigo maior, que eu tenho medo, são esses incêndios que acontecem. Tenho medo que o prédio desmorone, mas é aqui que vivo e queria cuidar melhor, mas não tenho como” , diz a moradora de rua.
Vizinhança
Além do risco às pessoas que dormem e circulam no interior dos edifícios, moradores vizinhos ao local reclamam do acúmulo de lixo, proliferação de ratos e escorpiões nos arredores dos prédios. Muitos usam o condomínio como um corrredor de passagem para a rua paralela.
Os moradores afirmam que o local virou ponto de usuários de drogas e são frequentes as brigas e discussões durante a noite, o que deixa a vizinhança assustada.
“Eu moro aqui desde que nasci e é triste ver o que está acontecendo. O prédio está em situação de calamidade, está tudo imundo, acumulando lixo e virou um ponto de tráfico. O pessoal de rua mora lá há um tempo, mas sempre tem gente nova. Dá medo porque somos assaltados e muita gente tem filho pequeno, eu tenho uma filha de um ano e morro de medo que aconteça algo”, afirmou uma dona de casa de 35 anos, que preferiu não se identificar.
A sem-teto V.A.S que mora no prédio abandonado
Pedro Ivo Prates/Meon
Uma outra moradora que vive há 12 anos na rua sem saída paralela ao prédio, que também não quer se identificar por medo, conta que o muro do condomínio foi quebrado e pedestres, inclusive muitas crianças que saem da escola próxima, passam por dentro do terreno abandonado para cortar caminho. A moradora conta também que os incêndios na propriedade são recorrentes e que diversas vezes já tiveram que acionar o Corpo de Bombeiros, mas o que mais incomoda a vizinhança é a quantidade de lixo presente no local.
“A Prefeitura deveria fechar esse terreno, eles quebraram o muro e agora esse lugar serve como uma passagem para cortar caminho, crianças que saem da escola aqui perto, passam por alí todos os dias, vendo todo o lixo e descaso.
Prefeitura
Em nota, a prefeitura informou que o edifício é uma propriedade particular e foi interditada pela Defesa Civil da cidade em 2013. O imóvel foi notificado e autuado pelo órgão em mais de R$ 10 mil por falta de limpeza, higiene e ausência de tapume para isolar o local.
A Prefeitura, afirma que o prédio ainda está interditado pela Defesa Civil e que caso haja necessidade de quaisquer outras providências, não serão da competência do órgão, informou também,por meio da Secretaria de Assuntos Jurídicos, que não existe nenhuma ação na secretaria envolvendo o Edifício Pouso Alegre.
O Meon tentou entrar em contato com a construtora Zanini Engenharia, mas até as 15h não teve retorno.
Confira abaixo o vídeo do momento do incêndio.
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