Por Rodrigo Ribeiro Em RMVale

Revezamento da tocha olímpica atrai moradores de São José dos Campos

Milhares de pessoas acompanharam a chama olímpica em vias da cidade

A passagem da tocha olímpica em São José dos Campos tirou muita gente de casa no fim de tarde para a noite desta terça-feira (26). A cidade foi uma entre as 300 escolhidas para receber a chama olímpica e ainda concluiu um dos dias do revezamento - dádiva de apenas 83 municípios participantes.

Antes de chegar a São José nesta terça-feira, o símbolo que representa a paz e união entre as nações, passou por Suzano, Mogi Mirim e Jacareí. O início do revezamento em solo joseense estava previsto para acontecer às 17h, mas teve cerca de 50 minutos de atraso.

Enquanto a chama olímpica não chegava, milhares de pessoas iam se aglomerando no estacionamento de um supermercado de São José, onde a tocha seria recebida. Entre elas, os ciclistas e moradores da cidade, Renan de Almeida, 22 anos, e Rubens de Almeida, 52 anos, que, apesar do mesmo sobrenome, fizeram amizade ali mesmo.

"Acabamos de nos conhecer [risos]", disse Rubens que pratica esporte desde os 13 anos. "Temo que as Olimpíadas aqui deixem a desejar em infraestrutura. Apesar do momento político e roubalheira, como amante do esporte, fico feliz de ver a tocha aqui", completa.

"Pedalo e corro desde 2010 e independente dos problemas do país, a Olimpíada é o ícone do esporte. Ter a tocha passando aqui é fundamental para a cidade", diz Renan. Ambos conseguiram completar a "missão" do dia: acompanhar todo o trajeto do revezamento. "Acabou criando-se um grupo de ciclistas e ficamos boa parte do tempo próximos à polícia. Foi bacana", conta Rubens.

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Ao todo, 48 condutores carregaram a tocha em São José, entre eles, quatro indicados pela prefeitura. São eles: a skatista Pâmela Rosa, a nadadora Fabíola Molina, a jogadora de futebol Bagé, do São José Feminino, e o jardineiro José Benedicto Lucindo, 83 anos, o Formiguinha, que participa da Casa do Idoso e também atua como palhaço.

Os demais condutores foram selecionados pelo Comitê Organizador e patrocinadores com base em critérios como representatividade esportiva, atuação na comunidade e também por meio de concursos culturais. Foi o caso do joseense Júlio Oliveto Alves, que também teve o gosto de carregar a tocha.

O engenheiro mecatrônico criou um produto que transforma uma cadeira de rodas convencional em um triciclo motorizado. "O tema do concurso era "Quem se atreve". Fiz um vídeo e participei do processo. A primeira seleção foi em novembro e há uns dois meses me avisaram que iria participar. Desde o início do projeto, foquei em 2016, ver um atleta dentro da olimpíada usando o kit. Conseguimos", comemora Alves.

O equipamento produzido pelo joseense já foi usado no revezamento por paratletas e estará presente na Vila Olímpica. "É uma satisfação pessoal e profissional por estar representando uma parcela da população", diz Alves.

Além do revezamento em si, a cidade esteve representada em outras partes do evento. Os anfitriões, por exemplo, que passaram a chama olímpica para o primeiro condutor, foram três estudantes de São José, dois do ensino municipal e um da Etec (Escola Técnica Estadual).

Ambos foram selecionados após tiraram as melhores notas em uma redação sobre os jogos olímpicos. O concurso foi realizado pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e teve cerca de sete mil participantes.

"Fiquei sabendo que participaria há uns três meses, foi bem legal quando recebi a notícia", conta Pedro Emmanuel Ribeiro, que está no nono ano, na EMEF Prof. Mercedes Carnevalli Klein. "Não é uma oportunidade que temos todo dia. Na redação, escrevi sobre os valores olímpicos e que a paraolimpíada é um método de inclusão social", diz Henrique Sander Lourenço, da Etec.

"Falei sobre a paz nos jogos olímpicos. Que desde antigamente foi criada pelos gregos uma lei que falava que as olimpíadas viriam pra causar a paz entre os países. Acreditei em mim e acabei conseguindo", diz José Fagundes Neto, também do nono ano na Mercedes Carnevalli Klein.

Protesto e mais atraso
Representantes do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região e da CSP-Conlutas realizaram uma manifestação durante a passagem da tocha na Praça Afonso Pena, região central da cidade. O protesto, contra gastos excessivos dos Jogos Olímpicos, segundo as entidades, atrasou ainda mais o revezamento.

A chama olímpica estava prevista para chegar às 19h no Parque da Cidade, mas chegou ao local com uma hora de atraso. A última condutora e que acendeu a pira olímpica foi a paratleta Verônica Hipólito, natural de São Bernardo do Campo (SP).

A nadadora Fabíola Molina foi a penúltima condutora e, emocionada, destacou no palco montado no Parque da Cidade a relação da família com o esporte. "São as coisas mais importantes na nossa vida. Se não fossem meus familiares, que me apoiaram, não estaria aqui. Valorizem isso", disse.

Grata coincidência
A passagem da tocha em São José ocorre em meio às comemorações do aniversário da cidade, que nesta quarta-feira (27), completa 249 anos. O evento mobilizou mais de mil pessoas, entre voluntários, policiais militares, rodoviários e federais, bombeiros, Força Nacional de Segurança, agentes de trânsito, guardas civis municipais e funcionários da prefeitura.

A tocha percorreu cerca de 10 quilômetros de ruas e avenidas de São José, com destaque para as passagens pelo Parque Vicentina Aranha, trevo do DCTA (Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial) e Parque da Cidade, local da celebração que encerrou o tour diário da tocha olímpica.

O símbolo dos jogos irá passar pelas mãos de 12 mil condutores em 95 dias e em mais de 300 cidades das cinco regiões do país. A tocha segue rumo ao Rio de Janeiro, onde a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos será realizada no Estádio do Maracanã em 5 de agosto.

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