Uma das mansões mais admiradas do Brasil, recanto de um dos maiores comunicadores da história de nossa moda e televisão, que por anos levou o nome de Ubatuba para os mais distantes rincões do país e para o 'jet set' internacional, está completamente destruída. O "shangri-lá" de Clodovil Hernandes agoniza e parece clamar por um desfecho que permita que o legado do estilista continue permeando a memória das próximas gerações. Uma equipe do Portal Meon foi ao local no dia 4 de fevereiro e registrou o completo abandono da propriedade e as dificuldades de preservação do patrimônio do apresentador, falecido em 2009.
O editor da Metrópole Magazine, Fabrício Correia, que conviveu com o estilista no período em que o mesmo exerceu o mandato de deputado federal, lamentou o estado em que se encontra a residência.
"Com muita tristeza registro o presente momento. Clodovil Hernandes é sem dúvida um dos grandes nomes da moda, comunicação e entretenimento em nosso país e um dos principais embaixadores da cidade de Ubatuba, pela qual tinha grande paixão. Reencontrar esta residência, antes um ancoradouro de luxo e sofisticação neste estado é ter a certeza que sem a mobilização do poder público, este grande legado será relegado ao esquecimento", disse Fabrício.
Nossa reportagem tentou obter acesso ao interior da casa, mas não teve êxito, dependendo da autorização por parte da Dra. Maria Hebe Pereira de Queiroz, que administra o espólio do apresentador. Procurada por nossa equipe, a doutora não se pronunciou até o presente momento.
Segundo fontes locais, o espaço foi bastante depredado, praticamente inutilizado para habitação e com a estrutura restante comprometida. A administração do espólio mantém a contratação de um caseiro para a propriedade e impediu o acesso de turistas e moradores do bairro ao local por meio de cordas nos corredores que dão acesso à propriedade no condomínio próximo à praia do Léo.
RESIDÊNCIA E PROBLEMAS JUDICIAIS
O imóvel, construído em um terreno de 4,375 mil m², tinha nove suítes, piscina, sauna, capela e até um lago. Uma das excentricidades do imóvel era um vaso sanitário ao ar livre, bem no meio de um jardim. A casa foi palco de festas e ensaios fotográficos de Clodovil e após quase 12 anos da morte do estilista ninguém quer saber da casa, nem do terreno. Parte da residência foi demolida por conta de uma ordem judicial, já que era construída em cima de uma reserva ambiental. O imóvel foi à leilão por diversas vezes e em 2019 foi arrematado por cerca de R$ 750 mil. Entretanto, o comprador desistiu da casa e pediu na justiça todo o dinheiro de volta.
EXPECTATIVA PARA O FUTURO
Logo após o falecimento do ex-parlamentar, a advogada Maria Hebe Queiroz, já anunciava por meio de uma entrevista ao G1, que o estilista não tinha recursos financeiros em sua posse. "Ele não tinha nada, estava passando necessidade. Ele nunca foi um deputado de tramoia, pode falar dele o que quiser, menos isso. (...) O Clodovil gastava muito, ele dizia que não tinha juízo. Ele sempre foi descontrolado".
Para Fabrício Correia, que é também ex-gestor cultural de alguns municípios paulistas, a única saída é o poder público se mobilizar e transformar o espaço em um centro cultural, voltado para a preservação da memória do apresentador e com foco em arte, comunicação e moda.
"Tenho convicção que havendo uma movimentação por parte do poder público em sintonia entre os governos, federal e estadual, em ação integrada com o município de Ubatuba, o espaço poderia abrigar um importante centro cultural voltado para a preservação do legado de Clodovil e com novas possibilidades de por meio da arte, comunicação e moda, incentivar a economia criativa local. É preciso mobilização para que o que já está em ruínas não desapareça definitivamente".
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