Ibama de Lorena recebe cerca de 100 animais silvestres por semana
Divulgação
Desde o início do ano, a dona de casa Maria Aparecida Toledo Costa, de São José dos Campos, sente como se lhe faltasse um membro da família. No dia 21 de janeiro, a Polícia Ambiental levou de sua casa o papagaio que vivia, de acordo com ela, há 30 anos na casa.
Desde então, de acordo com a dona casa, não houve mais contato da família com a ave. A moradora de São José nunca teve a licença ambiental para manter o animal em casa.
Uma audiência com a família e a Polícia Ambiental está marcada para esta quinta-feira (12). Na ocasião, os familiares vão apresentar fotos e vídeos provando que o animal foi criado em casa desde que era um filhote.
“Ele sempre foi criado solto, a gente sempre o tratou como se fosse um membro da família. Minha mãe, que já tem mais de 90 anos, está agoniada, assim como todo mundo aqui em casa. Não sabemos direito onde ele está, se está sofrendo ou abandonado. É como um filho que foi tirado da gente”, comenta.
Ibama
De acordo com a Polícia Ambiental, o animal foi encaminhado para o Ibama de Lorena, que abriga a fauna silvestre apreendida em casos como o de Maria Aparecida.
Para o analista ambiental do Ibama, Daniel Porto de Nogueira, o Ibama da região recebe cerca de 100 animais silvestres por ano.
“A lei proíbe as pessoas de terem animais silvestres que não sejam autorizados. É preciso que o dono tenha comprado este animal de um criadouro legalizado. Trata-se de um crime ambiental”, afirma.
Ainda de acordo com o analista ambiental, o fato do papagaio estar há três décadas na família não é um atenuante para o caso.
“Ao contrário. As pessoas pensam que é um atenuante, mas, na verdade é um agravante, já que o crime é cometido há mais tempo”, afirma.
Nesses casos, mesmo quando o animal é criado em um cativeiro, o Ibama realiza um processo de reabilitação, que leva em consideração um recondicionamento físico, de ambiente e psicológico. O processo varia de acordo com o caso do animal em questão.
Precedentes
Mesmo assim, casos parecidos com o da dona de casa de São José mostram que é sim possível que o Loro volte para casa. Em abril de 2014, um caso parecido aconteceu em Porto Alegre.
Na ocasião, uma idosa de 82 anos conseguiu impedir que o Ibama recolhesse uma ave que convivia com ela há mais de 40 anos. A idosa ajuizou ação com pedido de tutela antecipara para ter o direito da posse doméstica.
Na liminar, o desembargador afirmou que a idosa tem forte vínculo com o animal e que o afastamento poderia causar danos à saúde física e psicológica da mulher. No Estado da Paraíba, ação igual teve o mesmo fim, em junho de 2017.
Entretanto, Maria Aparecida continua aflita sem saber se vai voltar a ver o animal. “Minha mãe está de cama. Tenho medo de ela piorar pela falta do bichinho. Pra gente é muito complicado. Não consigo nem pensar que não vou ver de novo o nosso papagaio”, afirma.
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