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Estar desempregado há muito tempo “queima o filme” na hora de buscar emprego?

Conheça mitos e verdades sobre a recolocação no mercado de trabalho e como aumentar as chances de ser contratado

Escrito por Ana Lígia Dal Bello

05 AGO 2021 - 21H14 (Atualizada em 06 AGO 2021 - 15H40)

Reprodução

O país tem quase 15% de desempregados, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O tempo médio de desemprego passou de um ano para dois, segundo dados do SPC (Serviço de Proteção ao Crédito).

Por isso, é essencial estar antenado às melhores estratégias para retornar ao mercado de trabalho. Para desfazer mitos e compartilhar informações úteis, o Portal Meon entrevistou a recrutadora e consultora de carreira Ursula Ferrari.

Afinal, estar desempregado há muito tempo “queima o filme” na hora de buscar emprego?

Mitos

Estar desempregado desde antes da pandemia, por exemplo, não "queima o filme" do candidato, necessariamente.

“O importante é não deixar de se atualizar, fazer cursos na área. Hoje, é ate difícil falar que você não esta fazendo curso nenhum porque a internet nos possibilita um mundo de aprendizado e tem um monte de instituições que oferecem cursos online gratuitos ou por um valor muito acessível”, recomenda a consultora.

“Essa lacuna vai ser questionada, mas o mais importante para o recrutador é saber se a pessoa continuou se desenvolvendo, mesmo fora do mercado, se continuou antenada à área de atuação dela”, continua.

Ter sido demitido depois de pouco tempo na empresa prejudica a imagem do candidato? Deve-se omitir esse período do currículo?

“Não queima o filme, o candidato só precisa estar preparado para responder essa pergunta numa entrevista. Não precisa entrar nos detalhes (...), o recrutador sabe que são vários os motivos que podem desligar uma pessoa”, tranquiliza Ferrari.

A recrutadora também explica que se deve analisar a necessidade de excluir a curta experiência do CV. “Se, nesse pouco tempo, não fez nada relevante para a carreira ou se essa experiência está entre duas outras grandes, não precisa. Se realizou atividades importantes para a carreira, mesmo que em pouco tempo, pode colocar no currículo. Se está há mais de um ano desempregado e conseguiu essa recolocação, mas ficou pouco tempo, mesmo assim é interessante que coloque, porque já tem uma lacuna grande no currículo”.

Ursula Ferrari
Ursula Ferrari
Estar desempregado há muito tempo “queima o filme” na hora de buscar emprego?


E o LinkedIn, será que resulta em alguma coisa?

Ferrari esclarece que não adianta nada ter perfil “parado” e incompleto. Sem foto, então, nem é clicado pelo recrutador!

“É importante criar habito de criar mensagens personalizadas, publicar dicas ou assuntos relevantes da área de atuação para criar autoridade e ajudar o algoritmo a te mostrar na hora que o recrutador coloca as palavras-chave para buscar determinado perfil”, explica.

Sobre o que fazer enquanto busca trabalho, a consultora recomenda ler livros, manter-se conectado a ex-colegas e fazer trabalho voluntário. “Numa entrevista, o recrutador não vai contar só a CLT. Tudo que possa desenvolver uma pessoa é considerado numa entrevista. Há casos em que a pessoa ficou parada para cuidar dos filhos, soube colocar as habilidades comportamentais que desenvolveu nesse período e foi considerada pelo recrutador”.

“Procurar trabalho é um trabalho, então tem que ter rotina diária, todo dia buscar ativamente as vagas (...). (Além de) trabalhar a parte emocional para tentar manter a ansiedade controlada, fazer exercícios físicos...”, complementa.

O que, com certeza, exclui um profissional do processo seletivo?

Mentira e falar mal de experiências anteriores, Ferrari responde sem hesitar. “(...) Você sempre pode ser questionado, e mesmo se for uma ‘mentirinha’, se o recrutador perceber, dificilmente vai manter esse candidato no processo seletivo”.

“Falar mal de ex-chefe ou ex-empresa mostra falta de inteligência emocional, de autorresponsabilidade, e que a pessoa não aprendeu nada com a situação. Outra soft skill (habilidade comportamental) super em alta é a antifragilidade. Mesmo que a pessoa passe por uma situação difícil, é importante que busque se desenvolver”.

E a postura, conta?

Atualmente, as competências comportamentais pesam tanto quanto as técnicas, na entrevista de emprego.

“Às vezes, um candidato é muito bom tecnicamente, mas a postura dele é negativa, sem entusiasmo. É muito importante mostrar interesse pela vaga, energia na hora da entrevista. Tem que se preocupar em perceber qual o perfil da empresa e se vestir de acordo. Má postura pode, sim, tirar um candidato do processo seletivo”, explica.

Evitar erros de português e gírias também é indispensável.

Ursula Ferrari
Ursula Ferrari
Estar desempregado há muito tempo “queima o filme” na hora de buscar emprego?


Confira mais 8 dicas da recrutadora para voltar ao mercado de trabalho:

  • Faça networking, acione a rede de contato, interaja com essas pessoas, afinal, “quem não é visto, não é lembrado”;
  • Desenvolva as habilidades que já tem e aprenda outras;
  • Movimente o LinkedIn – tenha um “perfil campeão”, crie conteúdo sobre sua área de atuação, faça conexões e interaja com elas (não só no momento em que precisar de ajuda, mas rotineiramente). Inclua palavras-chave na descrição do LinkedIn, exemplo: “#professordeingles l #aulasdeingles l #idiomas.
  • Mantenha contato com ex-colegas de trabalho, conhecidos de outras empresas, ex-colegas de classe;
  • Conte às pessoas que você está buscando recolocação;
  • Ajude sempre que puder, isso ativa o gatilho da gatilho da reciprocidade nas outras pessoas;
  • Mantenha a energia alta, apesar da dificuldade;
  • Não desista!
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