O dirigente sindical Jair Francisco dos Santos na entrada principal da Fibria, em Jacareí
Arquivo/Divulgação
Os trabalhadores da Fibria, em Jacareí, aguardam apreensivos o final da disputa entre a Paper Excellence e a Suzano pela aquisição da empresa, que é controlada pela Grupo Votorantim e pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). As negociações começaram no final de janeiro e estão na reta final.
A fábrica da Fibria em Jacareí tem 1.216 empregados diretos e 2.257 terceirizados, segundo a assessoria de imprensa da empresa. A companhia confirmou que mantém negociações com as duas concorrentes, mas ressaltou que não há garantias de que qualquer acordo venha a se concretizar (leia abaixo a íntegra da nota enviada pela empresa).
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias do Papel, Papelão e Celulose de Jacareí ainda não foi comunicado formalmente sobre a possibilidade de venda da Fibria. Em reunião realizada no dia 20 de fevereiro para discutir a PLR (Participação nos Lucros e Resultados), a entidade pediu informações sobre as negociações, mas a empresa só informou que ainda não havia nada de concreto.
"O sindicato torce para quem fizer a aquisição venha manter e ampliar os postos de trabalho e trazer mais investimentos, a unidade fabril de Jacareí carece", disse o dirigente sindical Jair Francisco dos Santos, que funcionários da Fibria. Ele ressaltou ainda que espera que a compradora, mantenha um diálogo aberto e transparente com os representantes dos trabalhadores.
A empresa também distribuiu três comunicados internos, com respostas a questionamentos feitos pela CVM (Comissão de Valores Imobiliários) e pelo B3 (Brasil, Bolsa e Balcão), a respeito de notícias publicadas pela imprensa sobre a possível venda. Os comunidados circularam nos dias 13 de março, no dia 9 de março e no dia 19 de fevereiro. Nas três circulares, a companhia ressalta que as negociações estão em andamento.
Negociações
A multinacional Paper Excellence apresentou no último fim de semana uma oferta de R$ 40 bilhões para a aquisição da Fibria, embolando as negociações que estão em andamento com a Suzano há quase um mês.
A corrida da Suzano em negociar uma fusão com a sua concorrente foi motivada exatamente pelo apetite já demonstrado da Paper Excellence no negócio. Depois de fazer uma oferta agressiva e desbancar concorrentes para a aquisição da Eldorado, da J&F Investimentos, no ano passado, a empresa já havia sondado a Fibria.
A Paper Excellence tem bala na agulha para comprar a Fibria e se consolidar no Brasil, tudo o que a Suzano quer evitar. Já a união da Fibria com Suzano torna a companhia uma gigante mundial.
Fábrica da Fibria, em Jacareí, que poderá ser vendida para a Suzanou ou para a Paper Excellence
Arquivo/Divulgação
Dona de um conglomerado, que atua em cimento, siderurgia, suco de laranja e dona de um banco, a família Ermírio de Moraes deverá decidir nos próximos dias qual destino dar à Fibria, maior produtora global de celulose. Entre segunda e terça-feira, os acionistas do grupo se reuniram com o BNDES, principal sócio da companhia e que também faz parte do bloco de acionistas.
O banco de fomento detém 29,08% da Fibria e é sócio minoritário da Suzano, com 6,9%. Fontes a par das negociações afirmaram que o BNDES tem sido consultado pelos dois potenciais investidores, mas que uma decisão a favor da empresa nacional faria mais sentido, já que fortaleceria a indústria de celulose no país frente aos rivais globais.
A PE avaliou a Fibria em R$ 40 bilhões e se propôs a pagar uma multa de R$ 4 bilhões ("breakup fee"), se as negociações não forem adiante. Já a Suzano tem bancos que devem ajudar a família Feffer a bancar o financiamento para o grupo ter o controle da companhia.
Diante da perspectiva de uma consolidação, com maior probabilidade de fusão entre Suzano e Fibria, o Credit Suisse estimou um potencial de alta de até 17% no valor de mercado combinado das companhias em relação ao atual. O banco diz que desde 17 de dezembro o valor de mercado das duas companhias acumula um ganho de R$ 15 bilhões. Hoje, juntas, as duas empresas valem R$ 63 bilhões.
Com produção de cerca de 2,5 milhões de toneladas de papel e celulose no Canadá e França, a Paper Excellence busca expandir seus negócios, por meio de aquisições, na América Latina. Em setembro de 2017, o grupo comprou a Eldorado em uma transação avaliada em R$ 15 bilhões. Essa aquisição, contudo, está sendo feita por etapas e será concluída até setembro.
Embora analistas de mercado vejam maior sinergia entre a combinação de ativos entre Fibria e Suzano, olham a proposta da Paper Excellence como ameaça real à família Feffer.
Veja a nota da Fibria
"A Fibria informa que seu acionista BNDESPAR recebeu manifestação de interesse não solicitada da Paper Excellence, por meio da CA Investment (Brazil) S.A., para aquisição de sua participação na Fibria Celulose S.A.
A manifestação é condicionada à implementação de diversos eventos futuros, acerca dos quais não é possível prever qualquer conclusão neste momento.
Desde então, a BNDESPAR vem solicitando uma série de esclarecimentos à CA Investment para compreensão da referida manifestação, a qual é extensível à Votorantim por meio do direito de venda conjunta (tag along) previsto no Acordo de Acionistas celebrado entre BNDESPAR e Votorantim, e considera também a consequente necessidade de realização de oferta pública de aquisição da totalidade das ações em circulação da Fibria, nos termos do Artigo 254-A da Lei 6.404/76. Termos e condições da referida manifestação de interesse permanecem confidenciais. Adicionalmente, Votorantim e BNDESPAR informam que as negociações com a Suzano Papel e Celulose S.A. continuam em andamento.
Reiteramos que, não obstante tais negociações, não há garantia de que qualquer negócio venha a se concretizar. Cientes da nossa responsabilidade frente à legislação e regulamentação aplicável, reafirmamos nosso compromisso de comunicar, tempestivamente, se houver, eventuais desdobramentos relevantes do assunto em questão.”
Com informações da Redação e da Agência Estadão.
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