Aos 45 anos, Karina Silva é exemplo de força e superação. Uma transformação inesperada em sua vida colocou à prova sua resistência. Em 2018, tornou-se empresária no ramo de dança e atividades físicas, mas teve que parar com os negócios após sofrer uma lesão na coluna lombar, em dezembro de 2020. Formada em Educação Física, procurou focar seu trabalho nas mulheres, ajudando-as a enfrentar os problemas do dia a dia. "As mulheres se espelhavam muito em mim porque sempre pratiquei atividade física e elas admiravam meu biotipo. Eu fazia questão de mostrar que elas eram bonitas do jeito que elas eram. Sempre tive uma relação muito boa com minhas alunas, relação de amizade e carinho, e mantenho contato com elas até hoje", conta.
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Com três filhos e quatro netos, Karina, que mora em Pindamonhangaba, foi obrigada a mudar totalmente sua rotina por causa da lesão, a síndrome da cauda equina, que é um conjunto de nervos que se estende da medula espinhal até os ossos da base da coluna. A síndrome é uma condição que ocorre quando esses nervos são comprimidos ou danificados. "Eu fui amarrar o tênis e senti a dor, uma dor que sinto praticamente todos dias. Já fui seis vezes para o centro cirúrgico, fiz duas artrodeses, coloquei implante de eletroestimulador. Estou num processo de reabilitação com fisioterapia, pilates, musculação, psicólogo, terapia holística e medicina alternativa. É a Fé que mantém a gente em pé", revela.
Depois de muitos anos convivendo com as atividades físicas e dando aulas de dança, mantendo-se muito ativa, Karina se depara com outra realidade, como a perda da sensibilidade da cintura pra baixo, menos força na perna direita, problemas renais e intestinais, além de ter o psicológico afetado. "Foram quatro anos difíceis, cada dia é uma briga constante com a própria cabeça, porque é ela quem diz se terei um dia melhor ou pior", confessa.
Em 2022, distante da prática de algum esporte, Karina decidiu buscar algo diferente do que fazia antes. "Sou uma pessoa competitiva e fui procurar uma nova atividade. Entrei para a natação mesmo sem saber nadar. Fui motivada pelas histórias das pessoas que conheci, muitas delas tinham mais dificuldades do que eu e superaram. Essa foi a grande motivação para entrar para a natação e competir. Em poucos meses eu já estava ganhando medalhas e em 2024 passei para a equipe Athlon de São José dos Campos, que me recebeu de braços abertos, É uma equipe muito forte no cenário nacional, de onde saem grandes atletas paralímpicos. Hoje sou uma atleta ACD (Atleta com Deficiência) federada em uma equipe de alta relevância", comemora.
Karina agora tem uma rotina de treinamentos, fisioterapia, dieta, acompanhamento médico, o que, segundo ela, melhorou sua qualidade de vida. E mais, está na faculdade de Direito e, em breve, realizará o sonho de advogar. "Sempre procurei ter meus direitos respeitados. Sou uma pessoa justa. Preciso ajudar outras pessoas a se defender. O Direito pra mim é sinônimo de justiça. Já estou estagiando na área criminal e me tornar advogada é meu foco de vida, junto com a natação", garante.
Diante de tudo o que aconteceu na vida de Karina, a família é a grande sustentação, uma base da qual ela não abre mão. "Fui criada somente pela minha mãe, e como ela trabalhava, também tive uma criação juntos aos meus avós. Tenho um irmão, três filhos e quatro netos. Ser filha é bom porque tem quem faça por nós, ser mãe é ter muita responsabilidade e ser avó é uma delícia, porque você pega a parte melhor do seu filho. Tenho muito orgulho dos filhos que eu tenho e do exemplo que passo aos meus netos", conclui.
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Karina ressalta ainda que teve uma rede de apoio para enfrentar essa nova realidade. "Minhas verdadeiras amigas me ajudaram muito. Meu filho, na época com 13 anos, dormia no chão ao meu lado, e fazia tudo por mim, dava comida na boca, colocava o celular pra despertar para dar os remédios. Sem eles eu não conseguiria", agradece.
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