Momento em que Ricardo Salles anunciava medidas para combater o desmatamento
O desmatamento da Amazônia cresceu 29,53% entre agosto de 2018 e julho de 2019, com total de 9.762 km² de área devastada. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira (18) com base em informações do Prodes (Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite).
Os números foram apresentados pelos ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos.
Entre agosto de 2017 a julho de 2018 foram registrados 7.536 km². Dentre os estados, Pará teve a área mais desmatada, com 3.862 km², seguido por Mato Grosso, com 1.685 km² do seu território atingido. O balanço revela ainda que esta é a mais alta taxa desde 2008, quando foi identificado 12.911 km² de desmatamento.
O ministro de Meio Ambiente, Ricardo Salles, reconheceu que medidas precisam ser adotadas para reverter o quadro. "Esse trabalho, apresentado com dados e informações demonstra, da parte do governo federal junto com governos estaduais, que nós temos que abordar estratégia diferente para contenção do aumento do desmatamento", disse.
Com a mesma linha de raciocínio, o ministro Marcos Pontes defendeu o monitoramento feito pelo Inpe. "É um trabalho difícil, que leva bastante tempo. Como todo sistema, nós temos planos para melhoria e o Inpe faz um bom trabalho e vai continuar fazendo cada vez melhor. Esse trabalho [monitoramento do Prodes] é feito com a finalidade de ajudar a reduzir [o desmatamento]", ministro Marcos Pontes.
O Prodes faz um levantamento anual da taxa de desmatamento na Amazônia Legal, que engloba, nove estados, e o monitoramento utiliza imagens do satélite Landsat. Os dados divulgados nesta segunda-feira foram antecipados e deverão ser consolidados em maio de 2020.
Desconfiança
A divulgação dos índices era esperada, principalmente, após o presidente Jair Bolsonaro colocar em dúvida as informações registradas pelo Deter (Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real). A plataforma, que indica áreas a serem monitoradas com mais exatidão pelo Prodes, aponta que no acumulado de 1.º de janeiro até 31 de outubro, o desmatamento já chegou a 8.409 km² - alta de 83% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve uma perda de 4.602 km².
Os números do Deter estavam sendo desacreditados também pelo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, desde o início do ano e desencadearam uma crise no governo no fim de julho, quando Bolsonaro disse que os dados eram mentirosos e sugeriu que o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, estaria "a serviço de alguma ONG". O desgaste levou à exoneração de Galvão e a um clima de desconfiança de que os dados poderiam sofrer algum tipo de censura.
O monitoramento teve início em 1988, com 21.050 km² de área devastada, depois em 1995 (29.059 km²); 2004 (27.772 km²); 2008 (12.911 km²); 2012 (4.571 km²); e em 2019 (9.762 km²), sendo estes os maiores índices de desmatamento desde o início da observação.
Causas e medidas
Ricardo Salles atrelou o aumento de quase 30% de território desmatado à práticas econômicas ilegais, como garimpo. "Os motivos são conhecidos a pressão das atividades econômicas, de grande parte ilegal, como garimpos, atividades de extração de madeira e ocupação de solo que acontecem há muitos anos", afirmou.
O ministro do Meio Ambiente disse ainda fará uma reunião nesta quarta-feira (20) para discutir com governadores medidas que poderão ser tomadas para reverter o cenário, como investimentos e execução de atividades em locais altamente atingidos. Na pauta serão abordados pontos de divergências para redução do desmatamento de maneira sustentável.
O roll de medidas que serão anunciadas envolvem utilização de ferramentas tecnológicas, com tratativas com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e da PRF (Polícia Rodoviária Federal). O governo não informou o valor orçamentário que será aplicado nesse investimento.
"O anúncio que vem na quarta-feira abordará a criação de medidas para reduzir os índices. A razão que envolve os estados é que eles têm papel fundamental no combate. Embora já haja fiscalização do Ibama e ICMBio, a maioria das áreas precisam ter ajuda financeira e alinhamento do governo", acrescentou.
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