Por Meon Em RMVale

Declaração da GM é ‘jogada’ para redução de salários, direitos e impostos, diz especialista

Montadora é líder de vendas do mercado automotivo

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O Onix, um dos carros da montadora, foi o automóvel mais vendido de 2018

JeffersonSantos/Meon


O presidente da General Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, afirmou nesta semana que a empresa cogitaria encerrar as operações no Brasil caso não voltasse a lucrar. A notícia impactou todo o país. Contudo, para diversos especialistas, a declaração não passa de uma jogada da GM para conseguir incentivos fiscais e reduzir os benefícios dos trabalhadores.

Para Joel Leite, especialista em mercado automotivo e presidente da agência Auto Informe, as afirmações da GM não coincidem com os dados. “Em função dos dados não da pra entender a declaração da GM, não faz sentido. Fica claro que é uma conversa mole”, comenta Joel.

Segundo dados da Federação Nacional Distribuição Veículos Automotores (Fenabrave), em 2018 a GM fechou o ano com 17,5% de participação no mercado de automóveis e comerciais levez. O Onix, um dos carros fabricados pela GM, foi o automóvel mais vendido de 2018 - mais de 210 mil unidades. O Prisma, outro modelo da montadora, é o quinto no ranking.

A postura da GM demonstraria então uma articulação para pressionar o Governo a reduzir impostos, conceder incentivos fiscais e reduzir os benefícios de funcionários. “Essa atitude da GM é uma forma de reclamar pra obter benefícios. Outras montadoras já fizeram a mesma coisa. Faz parte da pressão que o setor coloca sobre os governos”, afirma o especialista Joel.

Veja os 28 itens propostos pela GM para reduzir custos no Brasil

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José e região, Weller Gonçalves, contesta o fechamento da planta joseense e também acredita que a declaração da GM não tem fundamento.

“Na nossa opinião, a GM é líder de vendas no mercado, aumentou sua lucratividade em 2018 em relação a 2017. Então não tem motivo nenhum para fechar nenhuma planta, para fechar nenhum posto de trabalho. Não adianta a GM vir com ‘choradeira’ de falar que não tem lucro, porque sabemos que não é a realidade”, afirmou.

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Nesta quarta-feira(23), em reunião com o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, a montadora divulgou uma lista com 28 propostas para reduzir custos, entre eles, redução de salário, aumento de jornada de trabalho e liberação da terceirização nas fábricas do Brasil.

“O sindicato é contra a retirada de direitos e continuará com o processo de negociação, mas a decisão final caberá aos trabalhadores. Queremos tratar do assunto com total transparência e dando continuidade à luta por empregos e direitos”, afirmou o vice-presidente da entidade, Renato Almeida.

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