Tucano em árvore do Bosque da Tívoli, área que poderá ser desmatada para virar estacionamento
Colaboração/Nelben Azevedo
Muitas aves que vivem no Bosque da Tívoli, na região central de São José dos Campos, correm risco de morrer caso a área seja desmatada sem a realização de um trabalho para afugentamento e captura dos animais. A opinião é do veterinário Carlos Rodrigo Moraes, especializado em animais silvestres.
A área verde tem 8,4 mil metros quadrados e pertence ao Grupo Marcondes Cesar, que pretende cortar 430 árvores para construir um estacionamento no local. O corte foi suspenso pela Justiça.
Moradores vizinhos ao bosque afirmam que a área verde abriga diversas espécies de aves, como tucano, jacu, cambacica, bem-te-vi, sanhaço, sabiás (laranjeira do campo e do peito branco), fim-fim, suiriri, saíra amarela, gavião e beija-flor, entre outras.
“Antes da supressão das árvores, um biólogo precisa fazer o levantamento de todas as espécies que vivem naquela região e quais são as áreas mais próximas onde essas aves e os outros animais poderiam se estabelecer”, disse o especialista. Ele ressalta que além das aves, o bosque pode abrigar outros animais, como cobras e sapos, que também devem ser transportados para outra área com características semelhantes.
Moraes explica que a retirada das aves deve ser feita por meio de afugentamento alguns dias antes do início do corte. “Sabendo quais as espécies que vivem no local, é possível fazer o afugentamento reproduzindo sons de predadores, assim as aves saem espontaneamente. Depois deve ser feita a captura dos animais que ficarem.”
Segundo ele, um veterinário também deve acompanhar o corte das árvores para garantir a retirada de ninhos, a captura e a assistência a animais que porventura continuarem na área verde.
Área verde ocupa uma faixa de 8,4 mil m² entre a avenida Tívoli e o Anel Viário
Colaboração
Outro lado
A Cetesb, órgão que autorizou o corte das árvores, informou que o laudo de fauna só é exigido no caso de imóveis urbanos para supressão de vegetação nativa de Mata Atlântica de área igual ou superior a 0,2 hectares de estágio médio de regeneração, ou 1,0 hectare para estágio inicial de regeneração. Porém, o órgão salienta que um estudo pode ser solicitado se for constatado qualquer indício relevante neste aspecto.
O Bosque da Tívoli tem 0,84 ha, mas o órgão não informou em que grau de regeneração encontra-se a vegetação local.
Moradores afirmam que área verde abriga tucano, jacu, cambacica, bem-te-vi, sanhaço, sabiás (laranjeira do campo e do peito branco), fim-fim, suiriri, saíra amarela, gavião e beija-flor.
“Por se tratar de lote em zona urbana consolidada, ou seja, com elevado grau de antropização [ação do ser humano sobre o meio ambiente], não foi identificado habitat de fauna no local, sendo constatado somente espécies da avifauna de cunho geral, sendo dispensado a apresentação de estudo correspondente”, informa nota enviada pela assessoria de imprensa da Cetesb.
A Prefeitura de São José também não solicitou nenhum estudo sobre a fauna ou impacto ambiental antes de emitir declaração favorável à supressão das árvores do Bosque da Tívoli para construção de um estacionamento. Segundo a Secretaria de Urbanismo e Sustentabilidade, a competência para solicitar os estudos é da Cetesb.
O empresário Frederico Marcondes Cesar, um dos proprietários da construtora, disse em entrevista ao Meon, no dia 8 de março, que a supressão das árvores terá o acompanhamento de um especialista para evitar problemas aos animais.
Movimento contra
Moradores da Vila Betânia, onde fica o bosque, entidades e ambientalistas lançaram um movimento contra o desmatamento da área verde. Já foram realizadas duas caminhadas e um abaixo-assinado circula para angariar apoio ao movimento.
O assunto será debatido pelo Comam (Conselho Municipal de Meio Ambiente) no próximo dia 4. O encontro deverá ser aberto à participação popular.
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