Por Henrique Macedo Em RMVale

Comerciantes alegam que não foram consultados sobre projeto em avenida

Obras de revitalização da Nove de Julho têm gerado reclamação

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Comerciantes e moradores temem perder vagas de estacionamento na via

Meon


As obras de revitalização da avenida Nove de Julho, no centro de São José dos Campos, têm repercutido na cidade e nas redes sociais. Moradores e comerciantes pró e contra as mudanças têm colocado seus argumentos em grupos na internet.

Pelo projeto inicial, a via terá uma ciclovia com largura de 2,8 metros e realocação do canteiro central, preservando as árvores do local. No trecho ao lado do Parque Vicentina Aranha será instalado um deck de madeira, com equipamentos de apoio como bancos, bebedouro e bicicletário.

O temor de moradores e comerciantes da avenida é que as alterações comprometam as vagas de estacionamento no local e gerem engarrafamentos no trânsito.

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O farmacêutico Ivan da Gama Teixeira tem um comércio na avenida há 30 anos. Ele acha que o impacto maior para os comerciantes será no lado esquerdo da via. "Acredito que as três pistas que vão ficar para o fluxo de carros comportam o trânsito atual da avenida. Porém, em alguns anos acho que a via poderá ficar subdimensionada. Não houve planejamento para um aumento no fluxo de trânsito, só pensaram no agora”.

Ele disse que não foi procurado pela prefeitura para discutir e opinar sobre as obras que estão sendo feitas na avenida. "Eu não fui convidado para nada, não recebi nenhuma comunicação da prefeitura, não houve uma única reunião para ouvir os comerciantes da região. Eu ouvi sobre esse projeto na imprensa há uns dois anos”, reclama.

O presidente da ACI (Associação Comercial e Industrial) de São José dos Campos, Felipe Cury, é cauteloso ao analisar as obras. “A proposta me pareceu encantadora. Agora, entre a proposta e a prática houve mudanças. O meu temor é o seguinte: enquanto há uma tendência em todo mundo de alargar as avenidas, nós vamos estreitar a nossa, se é que isso vai acontecer. Nós temos que esperar terminar a obra para ver como será o fluxo de carros e se vai ficar plena de embelezamento ou se vai atravancar o trânsito.”

Cury alerta para a alta densidade de comércios na via e o que as alterações poderão impactar no cotidiano dos moradores da cidade. “O comércio não pode ser prejudicado, principalmente quanto à acessibilidade. A Nove de Julho tem inúmeras clínicas, laboratórios, com alta rotatividade de entrada e saída de veículos, hospital, farmácias, bancos, então tem que avaliar muito bem. Vamos aguardar, porque tem que ser uma mudança funcional. Guardadas as proporções, a Nove de Julho é a nossa avenida Paulista, com prédios comerciais, é uma artéria muito importante”, observou.

Árvores
Pelo projeto, o canteiro central em toda a via será retirado. Apenas no trecho em frente ao Parque Vicentina Aranha é que dois jacarandás mimosos foram mantidos, situação que pode confundir os motoristas.

"Sob o aspecto viário, teria que retirar. É um tipo de árvore que tem um porte e que nunca deveria ter sido plantada no local. A prefeitura foi omissa em deixar essa árvore naquele lugar. Não pode colocar as pessoas em risco por causa disso, nem comprometer o projeto que, a princípio, tem uma proposta de melhorar a avenida", analisa Flávio Mourão, arquiteto e urbanista.

Em nota, a Secretaria de Transportes informou que as árvores não resistiriam à mudança de local e que a solução adotada considerou esse aspecto ambiental, mas também a segurança e ordenação de trânsito. Já a SSM (Secretaria de Serviços Municipais) informou por meio de nota que as espécies compõem o projeto em execução na avenida. Não foi cogitado em nenhum momento a supressão ou transplante.

O farmacêutico Ivan Teixeira apoia a manutenção das espécies no local, com ressalvas.
“Eu acho bonito a árvore ali, ficaria triste se retirassem mas acho que isso só vai ocorrer quando houver algum acidente no local”.

De acordo com Teixeira, alguns clientes dele têm reclamado do projeto. “O sentimento de grande parte da minha clientela é de revolta em relação a essa obra, as pessoas estão indignadas com as mudanças na avenida. Eu acho que existe uma chance muito grande de ficar ruim, mas pode ser que fique razoável. A minha expectativa é que dificulte muito, principalmente na questão da relação de educação do trânsito. O brasileiro não tem educação no trânsito e essas modificações podem ser um complicador a mais nessa relação”, finaliza.

O empresário Humberto Dutra tem uma operadora de saúde odontológica na Nove de Julho. Apesar de não ter sido consultado sobre as alterações que estão sendo implantadas na avenida, ele têm esperança que o projeto deixe a via mais bonita.

“Do ponto de vista paisagístico, de iluminação, pela forma como os postes estão sendo colocados, os canteiros, parece que vai ficar muito bom. Agora, o problema é que eu conversei com seis pessoas que têm escritórios e estabelecimentos comerciais na avenida e ninguém foi consultado sobre o projeto, as mudanças”.

Dutra também acha que os comerciantes do lado esquerdo da via serão prejudicados. “Tenho conversado com outros comerciantes da avenida e a opinião unânime é que aqueles que estão localizados no lado esquerdo da avenida serão prejudicados. A ciclovia entre o canteiro e o estacionamento é um ponto que preocupa porque deve causar confusão quando os carros forem chegar ou sair das vagas na frente dos comércios. Se acontecer um acidente ali, a responsabilidade é de quem? Pública, do motorista, do dono do estabelecimento?”.

Outro lado
A Prefeitura de São José dos Campos rebateu por meio de nota. "A Prefeitura realizou em 2014 reunião com os moradores e comerciantes da região da Nove Julho para apresentar o projeto do Novo Centro. Em fevereiro de 2015 o assunto voltou a ser tratado com os moradores e comerciantes durante as oficinas para elaboração do Plano de Mobilidade Urbana. No dia 9 dezembro de 2015 as melhorias previstas também foram apresentadas oficialmente em cerimônia aberta para todo a população. No dia 2 de março de 2016, a Prefeitura apresentou e discutiu novamente o projeto do Novo Centro. Desta vez a reunião foi realizada na sede da ACI (Associação Industrial e Comercial), entidade civil que representa cerca de 1.800 empresas comerciais e industriais da cidade."

Obras
As obras do Novo Centro, orçadas inicialmente em R$ 8.626,849,49, tiveram acréscimo de R$ 2.156.603,46. O aditamento aumentou o custo total da obra para R$ 10.783.452,95. Segundo a prefeitura, o aditamento foi feito para "atender adequações nas redes de iluminação pública, água e esgoto da Avenida São José, entre outros itens".

As obras estão sendo feitas pela Stemmi Engenharia e Construções Ltda, que venceu a licitação para o projeto.

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