O ministro do STF (Superior Tribunal Federal) Luis Roberto Barroso foi um dos convidados do "Fórum de Democracia" organizado pelo jornal OVALE nesta quarta-feira (23) no Teatro Univap, em São José dos Campos.
Em sua fala, Barroso criticou quem desconfia da segurança das urnas eletrônicas nas eleições e afirmou que “quem desconfia das urnas eletrônicas duvida da democracia”.
“Devemos resistir a qualquer alternativa que não seja a manutenção da democracia”, destacou.
Barroso ainda falou sobre o que chamou de “rótulos”, onde conservadores seriam “grossos” e progressistas seriam “contrários aos valores morais”. O magistrado rechaçou as afirmações e destacou acreditar que a democracia é para todos.
“Essa ideia de que quem é conservador é quem xinga as pessoas, quem é negacionista, quem é grosso. Isso está errado. Não é isso que é ser conservador”, afirmou.
Em outra parte de sua fala, Barroso enfatizou as necessidades de se resguardar a democracia brasileira que, segundo o ministro, foi “conquistada de forma dura”.
Com isso, o magistrado lembrou o fato da Constituição Federal de 1988, a última depois da redemocratização, completar 34 anos em 2022 e significar, segundo ele, “o maior período de estabilidade política da história do Brasil”.
“Esse ano completamos 34 anos de nossa constituição federal de 1988. É o maior período de estabilidade política. Não é pouca coisa para se comemorar em um continente com golpes de estado e períodos graves de exceção durante a história”, disse.
Ele ainda criticou de forma dura os “negacionistas históricos”, que se recusam a admitir o período de 1964 a 1985 como uma ditadura.
“Só pode achar que não teve ditadura no Brasil quem não tenha conhecido algum colega torturado, algum jornalista censurado, algum professor calado”, destacou.
Criticando a profundidade negativa que as redes sociais trouxeram, o ministro terminou sua palestra falando sobre suas preocupações com a “falsa liberdade de expressão”, que, segundo ele, é utilizada por muitos grupos para realizar ataques e destruir reputações.
“Essa democratização dos meios de comunicação, das mídias sociais, trouxe avanços, mas trouxe problemas claros também. Hoje, o que vemos é que em muitos dessas redes, em lugares obscuros dela, circula o ódio, os projetos de destruição de reputações, da desinformação e das teorias de conspiração”, falou.
Segundo Barroso, as redes sociais são perigosas em certos momentos por “dividir as pessoas em mundos ideais paralelos”.
“Elas [as mídias] fizeram com que as pessoas falem apenas e diretamente para suas bolhas. Elas têm o poder de se comunicar agora com o mundo todo, pelo grande alcance da internet, mas as mensagens são divulgadas em tribos. Essas redes dividiram e dividem as pessoas entre mundos paralelos”, disse.
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