Pré-candidatos à Prefeitura de São José dos Campos discursam no primeiro debate
Eduardo Pandeló/Montagem Giluliano Siqueira/Meon
A novidade nesse ano eleitoral é que o jogo político ficaria muito desigual e sem graça, se os pretensos candidatos a prefeito e vereadores só pudessem fazer os atos políticos a partir de 16 de agosto. Para isso, criou-se o período chamado de “pré-campanha”. O eleitor menos atento talvez não tenha percebido, mas partidos e pré-candidatos já ocupam as redes sociais, promovem reuniões, concedem entrevistas, fazem palestras e debatem as questões de interesse da comunidade.
A pré-campanha está a todo o vapor e é onde o eleitor poderá conhecer um pouco mais sobre os possíveis candidatos. Essa novidade também está sendo enriquecedora para os pré-candidatos, pois tendo que ir onde o povo está e gastar mais sola de sapatos, estão tête-à-tête com o eleitor, descobrindo que nem tudo é o que parece ser.
Em São José dos Campos a pré-campanha começou cedo e os partidos que definiram e lançaram pré-candidatos trataram de buscar seu espaço.
O prefeito Carlinhos Almeida (PT) está na mídia desde sempre, como atual mandatário, tem o benefício de utilizar todos os meios disponíveis para divulgar suas ações como prefeito e utilizar verba da comunicação da prefeitura.
Pré-candidato natural à reeleição, Carlinhos intensificou o uso das redes sociais, mas alega estar concentrado em seu trabalho à frente do executivo, “Não estamos na pauta eleitoral. Sigo concentrado no trabalho administrativo da cidade, com o objetivo de conquistar mais benefícios para população” disse.
O fato é que nos últimos meses, Carlinhos vem postando em sua página no Facebook uma série de vídeos em que aparece visitando ou anunciando obras de seu governo, mesmo assim o prefeito trata o assunto como uma forma de comunicação direta com a população, "As redes sociais se transformaram em uma importante ferramenta de trabalho. Por meio dela, os munícipes podem ter um contato direto comigo, enviando sugestões e colaborando com a fiscalização dos serviços públicos" declarou.
Selfie com militantes
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Provavelmente a maior dificuldade nessa fase seja conciliar os interesses de diferentes grupos de eleitores com os do próprio pré-candidato. Primeiro porque atualmente há uma descrença na política.
Mas desde já a internet é um campo vasto para iniciar o processo de cativar a atenção do eleitor. Desde que não haja pedido de voto, nem menção à número de candidatura, é possível utilizar as redes sociais, para criar oportunidades de alcançar pessoas e mostrar posicionamento político, econômico e social. Mas os partidos também têm apostado muito no contato pessoal do candidato com o eleitor.
Felício Ramuth (PSDB) também está usando as redes sociais, mas mesmo para isso é necessário dinheiro. Hoje a pré-campanha depende única e exclusivamente do trabalho de voluntários e verbas do partido, "Sola de sapatos, redes sociais e entrevistas nos meios de comunicação são nossos principais instrumentos. O partido pode imprimir material, mas há limitação de verbas. Então as principais ferramentas são essas e assim estamos fazendo".
A tiracolo de Emanuel Fernandes e Eduardo Cury, Ramuth vem participando de reuniões, indo a feiras livres, eventos e encontros, sempre se apresentando e aproveitando a oportunidade para conhecer os eleitores. “As reuniões nos bairros são importantes para mim nesse período, não só para me tornar mais conhecido, mas para que eu possa olhar nos olhos das pessoas e sentir as necessidades de cada região, firmando um compromisso através desse olhar".
Reuniões acontecem nas casas dos eleitores
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Claude Mary de Moura (PV) não perdeu tempo. Uma das primeiras a assumir a pré-candidatura, tratou de buscar formas para usar as redes e se aproximar do eleitor: "O período de pré-campanha é um momento de aproximação com a população, momento de ouvir para formular propostas que venham ao encontro do que as pessoas desejam de um novo governo municipal. Na pré-campanha, as principais ferramentas são realmente as mídias sociais e reuniões com população de um modo geral", disse
Para Sebastião Cavalli (PMDB), o período de pré-campanha trouxe uma nova percepção sobre a cidade. “Tem sido uma oportunidade impar estabelecer um contato franco e direto com as pessoas, do tipo olho no olho, para percepção de suas necessidadese da degradação da qualidade dos serviços públicos. Ótima oportunidade para perceber quais investimentos precisam serem feitos nos bairros de São José", disse.
Toninho Ferreira (PSTU) acha que o período de pré-campanha sempre existiu, não da forma atual, mas para um partido que sempre foi contra as campanhas milionárias e nunca teve grandes verbas, muda muito pouco. “A população está cansada dos políticos e das campanhas dos marqueteiros. Creio que esse ano será um pouco mais sincero, mais franco, e nesse sentido nós levamos vantagem.
Com comerciantes e populares no calçadão
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O que vimos até agora em São José dos Campos não é muito diferente do que vem acontecendo nas outras cidades da RMVale. Pré-candidatos e partidos intensificando esse corpo a corpo com o eleitor e investindo nas mídias sociais.
Mesmo nas redes sociais, há restrições e tanto o eleitor como os pré-candidatos precisam ficar atentos. Vale frisar: pré-campanha não autoriza que se faça um banner com a afirmação “SOU PRÉ-CANDIDATO” e publique nas redes sociais ou em seus blogs. Pré-candidatura é manifestação de ideias, projetos, opiniões mediante textos, entrevistas e até vídeo-selfies, mas tudo isso de forma cuidadosa.
Sem realizar reuniões com a população, oprefeito Carlinhos Almeida (PT) diz estar atento às possibilidades permitidas com as novas tecnologias,valorizando o diálogo com a população. "Estou em sintonia com um movimento de ampliação do diálogo com a população nas redes, que muitas autoridades, de várias partes do mundo, têm utilizado. As redes possibilitam que do meu celular, de qualquer lugar, entre os deslocamentos, eu consiga mostrar nosso trabalho e interagir com as pessoas".
Sem verbas
Com as novas regras que só permitem doações de pessoas físicas, os partidos estão enfrentando dificuldades e a falta de verba tem sido o discurso até aqui. No PSDB, o pré-candidato Felício Ramuth aposta na infraestrutura partidária."Tudo está sendo feito pela estrutura partidária. As mídias sociais, as reuniões e as despesas estão a cargo do partido e até que não são altas em função das características desta pré-campanha".
No Partido Verde, segundo Claude Mary, o trabalho dos voluntários compensa a falta de verbas. "Estamos contando com o apoio de voluntários na área de comunicação e qualquer material que venha a ser produzido será através de doações legais que podem ser feitas ao partido por seus filiados ou simpatizantes".
Sebastião Cavali, do PMDB, acha excelente que não hajam grandes investimentos nesse período, pois permite ao eleitor escolher o pré-candidato que oferecer as melhores propostas e não naquele que tem mais dinheiro, mas alerta que quem está no governo, tem vantagem. "É lógico que quem está no governo acaba sendo beneficiado, pois se expõe com recursos pagos pelo contribuinte, gerando uma desigualdade entre os pré-candidatos.
No PSTU não há diferença. Acostumados a fazer campanhas com baixo custo, o partido está preparado, mas Toninho Ferreira ainda acredita que haverá desigualdade. "O impacto será pequeno para os grandes partidos, porque mesmo com dificuldades pelas restrições da nova lei, eles vão conseguir arrecadar e fazer caixa. Ainda teremos grandes diferenças entre os candidatos que têm apoio dos grandes empresários e aqueles que não têm".
Todas essas ações devem se intensificar nos próximos meses, com mais reuniões nos bairros e nas casas de correligionários, muito cafezinho, pastel de feira, selfies, vídeos, pose para fotos, entrevistas nas emissoras de rádio e muito mais. Claro, tudo postado nas redes sociais.
O eleitor pode aproveitar todas essas oportunidades para assim escolher seu candidato. Para isso, recomendamos segui-los nas redes sociais, mas principalmente procurar participar das reuniões e conhecê-los pessoalmente.
Durante os últimos seis meses, a Metrópole Magazine contribuiu com o processo eleitoral. De forma isenta entrevistou os principais pré-candidatos de São José dos Campos, Taubaté e Jacareí, dando aos seus leitores a oportunidade de conhecê-los e questioná-los. O portal Meon, também colaborou e em sua página de eleições publicou trechos dessas entrevistas.
As eleições se aproximam e até o próximo dia 2 de outubro os pré-candidatos ainda vão gastar muita sola de sapato, cordas vocais e redes sociais.
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