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Visão divina afastou Papa Francisco do casamento

Pontífice quase casou antes de virar religioso

Escrito por Meon

21 ABR 2025 - 17H00

Reprodução

Antes de se tornar líder da Igreja Católica, Jorge Mario Bergoglio quase seguiu outro caminho – o do matrimônio. Uma experiência mística aos 17 anos foi decisiva para o jovem argentino abandonar um namoro promissor e escolher a vida religiosa. Francisco morreu nesta segunda-feira (21), aos 88 anos.

Muito antes de se tornar o Papa Francisco, Jorge Mario Bergoglio pensou em se casar. Aos 17 anos, enquanto se preparava para celebrar o 'Dia da Primavera' com amigos no bairro de Flores, em Buenos Aires, sua trajetória tomou um rumo inesperado ao passar pela igreja de San José de Flores. Ao ver uma luz acesa no confessionário, decidiu entrar — e essa visita, mantida em silêncio por um ano, marcou o início de sua vocação religiosa.

O episódio o levou a romper com um namoro que, segundo o jornal argentino La Nación, já caminhava para o casamento. A namorada de infância, identificada como Amalia, relatou à imprensa em 2013 uma frase dita por Bergoglio quando ambos tinham apenas 12 anos: "Se eu não me casar com você, vou virar padre." Além do chamado espiritual, a oposição dos pais da jovem ao relacionamento também contribuiu para o fim do romance.

Tempos depois, em um baile realizado numa casa antiga do bairro, Bergoglio revelou aos amigos sua decisão de seguir o sacerdócio. O anúncio causou surpresa, especialmente entre as mulheres presentes, segundo relatos. A partir de então, o jovem argentino foi se afastando das festas e encontros sociais, mergulhando em sua formação espiritual.

Apesar da mudança de rumo, sua ligação com Buenos Aires jamais se rompeu. Filho do bairro de Flores, cresceu na rua Membrillar 531 com os quatro irmãos. Amante do futebol, jogava bola em uma pequena praça de terra batida. Mesmo após se tornar arcebispo, mantinha hábitos simples: usava transporte público, caminhava sozinho pelas ruas e visitava regularmente comunidades carentes.

— “Gosto de estar entre as pessoas, sentir o calor humano e as preocupações delas”, explicou em entrevista, justificando sua preferência pelos ônibus e metrôs.

Bergoglio tornou-se uma figura presente nos bairros populares da capital argentina, onde era conhecido apenas como “padre Jorge”. Participava de festas religiosas, almoçava com moradores de vilas como Barracas, Lugano e Flores, e denunciava injustiças sociais — como as oficinas clandestinas que colocavam vidas em risco. Certa vez, ao ser alertado por sindicalistas sobre os perigos de andar sozinho pelas ruas, respondeu com firmeza: “A rua, eu não deixo. Preciso estar com o povo. Senão, viro uma rata de sacristia.”

Sua projeção internacional começou a tomar forma em 2001, durante o Sínodo dos Bispos, após os atentados de 11 de setembro. Com a ausência do cardeal de Nova York, coube a ele assumir o papel de relator principal, destacando-se como uma liderança em ascensão na Igreja.

Eleito Papa em 2013, Francisco nunca escondeu a saudade da cidade natal. — “Fora de Buenos Aires, não sirvo para nada”, afirmou emocionado certa vez. A capital argentina, onde tudo começou, permaneceu como um dos pilares de sua identidade até o fim.

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