Um dia antes da entrada em vigor de novas tarifas comerciais, o ex-presidente dos Estados Unidos e candidato à reeleição, Donald Trump, voltou a ameaçar o bloco dos Brics. O republicano reafirmou que, caso os países emergentes, sob liderança brasileira em 2025, avancem na substituição do dólar em suas transações comerciais, enfrentarão tarifas de 100% sobre suas exportações para os EUA.
A declaração foi feita nas redes sociais de Trump, onde ele destacou sua oposição a qualquer movimento que ameace a posição dominante da moeda norte-americana. “Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda do Brics, nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, ou enfrentarão 100% de tarifas”, afirmou.
A ameaça repete declarações feitas por Trump no final de novembro, mas a nova publicação intensificou o alerta dentro do bloco. Diplomatas de ao menos dois governos do Brics indicaram que monitoram a situação e avaliam os possíveis impactos para suas economias.
Brasil promete reciprocidade
No início da semana, Trump também mencionou o Brasil como um país que impõe barreiras aos produtos norte-americanos. Em resposta, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, caso o Brasil seja alvo de restrições comerciais, responderá com medidas equivalentes. Segundo Lula, o governo brasileiro buscará garantir que o avanço no uso de moedas nacionais nas transações do bloco seja tratado como uma estratégia econômica, e não como um desafio ao dólar.
O uso do dólar nas reservas globais caiu de 85% em 1970 para 58% atualmente, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Mesmo com a resistência dos EUA, os países do Brics devem continuar os trabalhos para fortalecer suas moedas nacionais no comércio internacional.
A primeira reunião sob a presidência brasileira do bloco está marcada para fevereiro e deve definir prioridades para o ano. O governo brasileiro reforça que a discussão sobre moedas locais deve ter um enfoque técnico, sendo conduzida pelos bancos centrais e pelos ministérios das Finanças, e não como uma posição ideológica contra os EUA.
Dados recentes apontam que o Brasil já exporta mais para os países do Brics do que para os EUA e a União Europeia juntos. Em 2023, as vendas brasileiras para as economias emergentes somaram US$ 120 bilhões, enquanto as exportações para os mercados europeu e norte-americano foram de US$ 83 bilhões.
O governo brasileiro enfatiza que a ampliação do uso de moedas locais busca tornar o comércio entre os países emergentes mais eficiente e seguro, reduzindo a dependência do dólar sem confrontar diretamente os interesses dos Estados Unidos.
Boleto
Reportar erro!
Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:
Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.