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Polícia Federal desarticula rede de tráfico de mulheres

Falsas promessas de trabalho como modelos em Dubai

Escrito por Meon

22 DEZ 2024 - 08H50 (Atualizada em 22 DEZ 2024 - 09H31)

Policia Federal

A Polícia Federal (PF) desmantelou uma rede criminosa internacional de tráfico de mulheres, responsável por recrutar jovens brasileiras para exploração sexual em diversos países. A operação, denominada "Catwalk", foi deflagrada nesta quarta-feira (18) e seguiu uma denúncia de uma mãe de São José dos Campos, que alertou sobre o envolvimento de sua filha em um possível golpe de aliciamento.

Segundo as investigações, o esquema funcionava por meio de uma falsa agência de modelos, com base no Rio de Janeiro, que atraía mulheres jovens com promessas de trabalho como modelos no exterior. Entretanto, o objetivo real da organização era forçar as vítimas a se prostituírem em destinos como Dubai, nações europeias, Arábia Saudita e Estados Unidos. As garotas eram inicialmente enviadas para Dubai, onde ficavam até passar por uma nova seleção. As aprovadas eram então enviadas para outros países, onde poderiam permanecer por até seis meses.

Durante a operação, foram cumpridos mandados de busca e apreensão em vários estados, como São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Paraná. Além disso, a PF executou medidas cautelares, incluindo a apreensão de passaportes, bloqueio de contas bancárias e a proibição de novas emissões de documentos de viagem.

A investigação revelou que, ao serem recrutadas, as jovens tinham seus passaportes retidos pelas aliciadoras e eram forçadas a assinar contratos com cláusulas abusivas, como multas altas e exames obrigatórios de DSTs. Esses contratos visavam garantir que as vítimas permanecessem no esquema de exploração sexual, desestimulando qualquer tentativa de desistência. Em alguns casos, as garotas eram ameaçadas e agredidas fisicamente para garantir o cumprimento das exigências do grupo criminoso.

A rede também usava as redes sociais para promover a imagem de uma "vida de luxo" para as vítimas, incentivando-as a postar fotos e vídeos de suas experiências enquanto omitiam a realidade da exploração sexual. Esse conteúdo era utilizado para atrair novas mulheres para o esquema.

Até o momento, 10 vítimas foram identificadas e a investigação indicou que dezenas de mulheres eram enviadas para o exterior a cada mês. Os agenciadores do esquema utilizavam criptomoedas para esconder os pagamentos pelas atividades sexuais, dificultando o rastreamento financeiro das transações.

A PF ainda investiga o envolvimento de outras pessoas e continua a coleta de provas sobre a atuação da falsa agência de modelos, que na realidade não existia como uma empresa legítima. As suspeitas são de que os responsáveis pela organização já operavam com o tráfico de mulheres para exploração sexual dentro do Brasil e em outros países.

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