As noites na capital da Índia, Nova Délhi, estão se tornando cada vez mais quentes nos últimos dias. O norte da Índia tem enfrentado um verão escaldante. Nova Délhi registrou a temperatura mais alta do país: 49,9°C, no início deste mês.
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Apesar do pôr do sol, o calor sufocante persiste. A cidade tem esfriado apenas 8,5°C à noite, em comparação com 12,2°C nas áreas urbanas periféricas, segundo um relatório do Centro de Ciência e Meio Ambiente (CSE) que monitora o estresse térmico urbano em Délhi.
As noites mais quentes privam as pessoas do descanso necessário após longas horas de exposição ao calor excessivo, especialmente aquelas sem acesso a ar condicionado. Cientistas alertam que as noites mais quentes são uma consequência da crise climática, aumentando os riscos à saúde causados pelo estresse térmico.
Estudos demonstram que temperaturas noturnas mais altas dificultam o sono e reduzem as fases de sono profundo e REM, ambas essenciais para a recuperação do corpo durante a noite. Nos Estados Unidos, por exemplo, as noites estão esquentando mais rápido do que os dias em grande parte do país, conforme a Avaliação Climática Nacional de 2018.
De acordo com um estudo de 2019, a exposição a ondas de calor durante a gravidez pode estar associada a resultados adversos, como parto prematuro. Adultos mais velhos podem apresentar frequências cardíacas mais altas e maior estresse fisiológico ao dormir em temperaturas mais elevadas. Um estudo australiano de 2008 encontrou um aumento nas mortes por transtornos mentais e comportamentais durante ondas de calor, especialmente entre adultos mais velhos.
O aumento das temperaturas noturnas é mais comum em cidades como Délhi devido ao efeito de ilha de calor urbana, onde áreas metropolitanas são significativamente mais quentes do que seus arredores. As áreas com muito asfalto e prédios de concreto denso absorvem mais calor do sol do que áreas com parques, rios e ruas arborizadas.
Esses dias e noites quentes desafiam os limites da rede elétrica e do abastecimento de água do país, deixando a população doente. Um funcionário do Ministério da Saúde informou que pelo menos 40.000 casos de insolação foram registrados na Índia desde março, com pelo menos 110 mortes devido à suspeita de insolação.
O Dr. Ajay Chauhan, responsável pela unidade de tratamento de insolação do hospital Ram Manohar Lohiya (RML) em Délhi, destacou que noites mais quentes aumentam o estresse nos corpos. "Quando uma pessoa sofre um golpe de calor, a situação se agrava rapidamente. Sem intervenção precoce, a taxa de mortalidade é muito alta", disse Chauhan.
Chauhan explicou que as pessoas que trabalham ao ar livre durante o dia precisam de tempo para se refrescar e recuperar, mas admitiu que "isso não tem sido possível". Pelo menos 11 pessoas morreram devido às ondas de calor em seu hospital desde 29 de maio, e mais de 20 pessoas foram admitidas na última quinta-feira com doenças relacionadas ao calor.
Nas últimas cinco décadas, a Índia passou por mais de 700 eventos de ondas de calor que causaram mais de 17.000 mortes, segundo um estudo de 2021 publicado na revista Weather and Climate Extremes. Délhi registrou o maior número de mortes de desabrigados nos últimos cinco anos durante um período de nove dias. Entre 11 e 19 de junho, 192 mortes relacionadas à onda de calor foram registradas entre a população em situação de rua, um recorde em comparação com o mesmo período dos últimos cinco anos, de acordo com um relatório da ONG Centre for Health Development India.
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