O primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba, propôs medidas para acelerar a abertura do mercado japonês à carne bovina do Brasil. A iniciativa foi debatida durante um encontro entre Ishiba e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que está em visita oficial a Tóquio.
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Entre as ações sugeridas, está a criação de um grupo de monitoramento do setor e o envio de especialistas sanitários ao Brasil para coletar informações e agilizar as próximas etapas do processo. Um dos principais objetivos da viagem de Lula ao Japão era justamente garantir um compromisso político para a realização dessa missão técnica, essencial para a exportação do produto.
Histórico das negociações
O Japão importa cerca de 70% da carne bovina que consome, movimentando aproximadamente US$ 4 bilhões ao ano. A maior parte dessas importações vem dos Estados Unidos e da Austrália. O Brasil busca há mais de duas décadas conquistar esse mercado, mas o processo de negociação tem avançado lentamente. O último protocolo já está em discussão há cinco anos.
Em maio de 2024, o Brasil foi reconhecido como livre de febre aftosa sem vacinação animal, um requisito fundamental para exportação a mercados exigentes como o japonês e o sul-coreano. No entanto, essa nova classificação sanitária também demanda um controle rigoroso por parte dos estados brasileiros para garantir a segurança do rebanho. A homologação oficial desse status deve ocorrer em maio deste ano, durante a assembleia-geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA).
Atualmente, apenas Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia, além de partes do Amazonas e Mato Grosso, possuem certificação internacional como zonas livres da febre aftosa sem vacinação.
Compromissos bilaterais e investimentos
Durante a visita ao Japão, Lula também participou de uma série de encontros estratégicos. Além de discutir a abertura do mercado de carne bovina, o presidente brasileiro se reuniu com empresários do setor agropecuário e de outros segmentos econômicos. No Fórum Empresarial Brasil-Japão, Lula convidou investidores japoneses a expandirem seus negócios no Brasil, destacando oportunidades nas áreas de alimentos, energia, logística e tecnologia aeroespacial.
Um dos anúncios mais significativos da viagem foi o acordo entre a Embraer e a ANA, maior companhia aérea do Japão, para a compra de 20 jatos E-190.
Ao longo da agenda, Lula também reforçou a importância da cooperação internacional na luta contra as mudanças climáticas e pediu maior engajamento do Japão na COP30, que será realizada em novembro de 2025, em Belém (PA).
Nesta quarta-feira (26), Lula e Shigeru Ishiba assinaram dez acordos de cooperação nas áreas de comércio, indústria e meio ambiente, além de 80 instrumentos firmados entre empresas, universidades, bancos e centros de pesquisa dos dois países. A parceria entre Brasil e Japão foi elevada ao nível de Parceria Estratégica Global, um marco nas relações diplomáticas iniciadas em 2014.
A visita oficial ao Japão segue até esta quinta-feira (27), quando Lula embarca para Hanói, no Vietnã, dando continuidade à agenda internacional pela Ásia.
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