Cavali: 'PMDB tem que ocupar seu lugar e mostrar sua importância'

Cavali: "PMDB queria se fortalecer e me apresentou um modelo voltado às pessoas"

Pedro Ivo Prates/Meon

Sebastião Cavali (PMDB) mantêm sua pré-candidatura e, às vésperas da convenção do partido, relembrou porque aceitou o desafio lançado pelo próprio PMDB para ser alternativa à polarização PT X PSDB em São José. "O PMDB queria se fortalecer e me apresentou um modelo voltado para as pessoas e não para o poder, saindo do perfil do político profissional. Além disso, depois de 20 anos de polarização PT X PSDB, o PMDB tem que ocupar seu lugar e mostrar sua importância em São José" disse.

A executiva do PMDB deve decidir nesse sábado se mantém a candidatura de Sebastião Cavali ou se apoia o pré-candidato do PSDB Felício Ramuth. Líderes do PMDB e do PSDB já se reuniram e chegaram a um acordo para uma possível coligação.

Sobre a aproximação com o PSDB, Cavali considera normal, mas alerta os membros do partido sobre os reais interesses por trás dessa proposta. "Tem muita gente que acha que já está negociado o vice com o PSDB. Pelo que eu sei, o PSDB quer 1min10s de televisão que é importante para a campanha deles. Todos os partidos que estão apoiando o PSDB querem indicar o vice. Esse vice será escolhido. Estou falando em renovar e fortalecer o PMDB, projetar o partido no Vale. Imagine apoiar o PSDB e não ter o cargo de vice? Me parece ser catastrófico para o partido, pode até ser que atenda interesses pessoais, mas não será bom para o futuro do PMDB."

Cavali (PMDB), Felício (PSDB) e Itamar Coppio

Montagem

O presidente do PMDB Itamar Coppio é o atual vice-prefeito de Carlinhos Almeida (PT), tendo apoiado o Partido dos Trabalhadores nas últimas eleições, mas anunciou o lançamento de uma pré-candidatura própria em março deste ano.

 Ao longo desse período, Itamar manteve conversas com o PRB de Shakespeare Carvalho, o PSD de Jorley do Amaral e com o próprio PT de Carlinhos Almeida, sem deixar de flertar também com o presidente do PSDB, Anderson Ferreira.

 Há pouco mais de uma semana, o partido anunciou o apoio ao PSDB. Para Cavali, isso vai contra todos os princípios definidos pelos membros do partido no início do ano, mas que é uma decisão que cabe ao PMDB.  "Eu não tenho nada contra. Questionei o partido sobre como que o pré-candidato é apenas comunicado e não participa das negociações, mas sei que essa é uma prerrogativa do presidente e tenho certeza que o Dr. Itamar, que é um político de carreira e experiente acha que está fazendo o melhor para o PMDB. "

Para o pré-candidato, essa é uma situação que tem que ser discutida em alto nível com o diretório. "O que está em jogo é a coerência que deu início à candidatura própria, a postura e a atitude do PMDB em lançar meu nome como pré-candidato. O objetivo não era sair da polarização PT X PSDB? A ideia inicial não era fortalecer o partido? Agora é coerente ser vice novamente? E justamente do partido que é oposição ao PT que apoiamos?", declarou.

O processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff no Congresso Nacional separou o PT e o PMDB também nas eleições municipais. Segundo levantamentos internos das legendas, os dois partidos não dividirão a mesma chapa, com candidato a prefeito ou a vice, em nenhuma capital na campanha deste ano, muito menos nas cidades da RMVale.

Já a aliança entre peemedebistas e tucanos, que dá sustentação ao presidente interino Michel Temer, deve se replicar apenas pontualmente nas eleições municipais. Turbinados com a ascensão ao poder em Brasília, PMDB e PSDB estão lançando candidaturas próprias tanto nas capitais, como nas cidades de médio porte. Na região, Taubaté, por exemplo, já tem como pré-candidato o empresário José Saud (PMDB) provavelmente disputando a prefeitura com Ortiz Júnior do PSDB.

Nas grandes cidades, o PSDB nacional quer opinar sobre as possíveis alianças e não haverá negociações com o PMDB para retiradas de candidaturas. Disse o deputado Federal Sérgio Torres (PSDB), em declaração à Folha de São Paulo, "Vamos respeitar o PMDB, assim como queremos ser respeitados". Nas alianças fechadas, até o momento nas capitais, PMDB e PSDB estão juntos apenas em Salvador (BA) e Teresina (PI).

Nas eleições de 2012, quando eram aliados no plano nacional, peemedebistas e petistas estiveram juntos em oito capitais e aqui na RMVale caminharam de mãos dadas em São José e Taubaté. Até agora, as legendas de Dilma e Temer formaram alianças para dividir a chapa em apenas uma cidade com mais de 150 mil habitantes: Marabá, no Pará, considerada uma cidade média. Em maio, a cúpula petista chegou a debater a possibilidade de vetar totalmente alianças com o PMDB e outros partidos que apoiaram o impeachment, mas optou por deixar uma porta aberta para os "dissidentes".

Convenção
Sobre a convenção deste sábado, Sebastião Cavali entende que a decisão é dos membros do partido e demonstrou tranquilidade. Para ele, a candidatura à prefeito de São José não é uma questão de vaidade, mas de valores. "A convenção pode escolher o que quiser, e o PMDB é reconhecido pelo exemplo de democracia. Tudo o que fiz até hoje foi com honestidade e lealdade, coloquei  meu nome à disposição do partido."

"A minha posição é que o PMDB tem que ter coerência com nossos objetivos de fortalecimento. Coerência com os atos dos nossos representantes ao longo do tempo. Porque a população espera dos candidatos atitudes importantes para o futuro da sociedade e não posições importantes para interesses partidários ou interesses pessoais."

Falando como filiado do PMDB, o pré-candidato exaltou os membros do partido para uma reflexão. "Nós temos que decidir isso de forma coerente com a nossa visão, a de que nós queremos o melhor para as pessoas, para a cidade e não só para o partido. Os membros do partido terão que decidir o que eles querem. Estamos na melhor oportunidade para resgatar os valores para a política no Brasil. Se nos sujeitarmos ao caminho mais fácil hoje, isso ficará muito mais difícil para o PMDB depois", conclui.