Os consumidores brasileiros devem sentir no bolso o impacto da alta histórica no preço do cacau nesta Páscoa de 2025. A valorização do insumo nos últimos anos, impulsionada por problemas climáticos e queda na produção global, encareceu significativamente os produtos à base de chocolate.
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Desde março de 2023, o preço do cacau no mercado internacional subiu cerca de 180%, passando de US$ 2,9 mil para mais de US$ 8 mil por tonelada. O motivo principal é a queda na colheita em países como Gana e Costa do Marfim, que juntos são responsáveis por 70% da produção mundial.
O Brasil também sente os reflexos dessa crise. Apesar de produzir entre 190 mil e 200 mil toneladas de cacau por ano, a demanda da indústria nacional é superior a 230 mil toneladas, obrigando o país a importar o fruto. Para Anna Paula Losi, presidente da Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), a situação pode não melhorar a curto prazo, já que o cacau é uma cultura sensível e as lavouras africanas enfrentam dificuldades para se renovar diante das mudanças climáticas.
Além da escassez, a alta no preço do cacau pode comprometer a qualidade do chocolate. Segundo Valter Palmieri Júnior, doutor em economia e professor da Strong Business School, com a matéria-prima mais cara, muitas indústrias tendem a reduzir a proporção de cacau nas fórmulas e recorrer a ingredientes alternativos.
Menos ovos de Páscoa e preços mais altos
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab), a produção de ovos de chocolate caiu 22,4% este ano, totalizando 45 milhões de unidades. Com a oferta reduzida e o aumento do custo do cacau, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) estima que os chocolates ficaram, em média, 27% mais caros. Bombons registraram um aumento de 13,5%, enquanto os ovos de Páscoa subiram 9,5%.
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Apesar do cenário desafiador, especialistas acreditam que o Brasil pode enxergar uma oportunidade de crescimento na produção nacional de cacau. A expectativa é que o país aumente sua colheita de 170 mil toneladas em 2024 para 200 mil toneladas em 2025, embora a demanda ainda supere a oferta.
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