Laboratório manipulou testes para lucrar, afirma polícia

As investigações indicam que houve uma ordem expressa para reduzir a frequência dos testes de qualidade dos reagentes utilizados nas análises dos órgãos doados. Essa falha grave nos procedimentos teria permitido que seis pessoas na fila de transplante recebessem órgãos infectados pelo HIV, colocando em risco suas vidas. As vítimas, que antes eram soronegativas, testaram positivo para o vírus após os procedimentos.

O secretário estadual da Polícia Civil do RJ, Felipe Curi, afirmou que “houve uma falha de controle operacional na qualidade dos testes de HIV, tudo isso para obter lucro”. Já o delegado André Neves, titular da Delegacia do Consumidor, destacou a “quebra do controle de qualidade, visando à maximização de lucro e deixando de lado a preservação e a segurança da saúde dos testes”.

Por contrato, o laboratório era responsável por analisar o sangue de todos os candidatos a doadores de órgãos. No entanto, a investigação revelou que a frequência dos testes de qualidade dos reagentes, que deveriam ser realizados diariamente, foi reduzida para uma vez por semana. Essa alteração nos procedimentos, segundo a polícia, aumentou significativamente o risco de que um reagente ineficaz fosse utilizado, comprometendo a precisão dos resultados e colocando em risco a vida dos pacientes.

As autoridades ainda não divulgaram detalhes sobre como o afrouxamento dos controles de qualidade teria aumentado os lucros do laboratório, nem se há a possibilidade de que alguns testes tenham sido completamente omitidos. No entanto, a gravidade das acusações e o impacto na vida das vítimas exigem uma investigação profunda e rigorosa para apurar todas as responsabilidades e garantir que casos como esse não se repitam