Nessa quarta-feira, (27), é o Dia Nacional de Combate ao Câncer.
O câncer é uma doença multifatorial e, além do envelhecimento populacional, fatores de risco, como o aumento global da obesidade e o crescimento do uso de cigarros eletrônicos, precisam ser considerados.
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Um novo estudo publicado na revista científica JAMA Network revelou um cenário ainda mais desafiador no combate ao câncer para as próximas décadas. A pesquisa, conduzida por cientistas da Universidade de Queensland, na Austrália, indica que as mortes pela doença devem aumentar em cerca de 90% até 2050, quase dobrando os números atuais. Em termos absolutos, isso significa um acréscimo de 8,8 milhões de óbitos aos 9,7 milhões registrados em 2022.
O levantamento, que analisou dados de 36 tipos de câncer em 185 países, projeta ainda um crescimento de aproximadamente 77% no número total de casos em 2050, o que representará um salto para 35,3 milhões de novos diagnósticos esperados - 15,3 milhões a mais que os 20 milhões registrados em 2022.
Segundo especialistas, estes números refletem uma combinação complexa de fatores. "O câncer é uma doença multifatorial e, além do envelhecimento populacional, que está diretamente associado a diversos tipos de tumores, observamos hoje novos fatores de risco emergentes que precisam ser considerados, como o aumento global da obesidade e o crescimento do uso de cigarros eletrônicos", explica.
Países em desenvolvimento enfrentarão maior impacto
Um dos aspectos mais preocupantes revelados pela pesquisa é a disparidade no impacto da doença entre países com diferentes níveis de desenvolvimento. Nações com baixa classificação no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), como Níger e Afeganistão, devem ver os números de casos e mortes por câncer quase triplicar até 2050. No Brasil e outros países de IDH médio, a projeção de aumento permanece em cerca de 70%.
"O que observamos é um círculo vicioso nos países em desenvolvimento, onde os serviços podem ser insuficientes ou, em casos de países muito pobres, até mesmo inexistentes. Assim, as pessoas acabam sendo diagnosticadas, muitas vezes, de forma tardia, o que afeta diretamente nas chances de cura e diminui em muito a qualidade de vida", sintetiza o médico.
Panorama atual e tipos mais frequentes
O estudo da JAMA Network confirma a tendência já apontada pelo GLOBOCAN 2022 - relatório produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e divulgado no início de 2024 -, que mostrou o câncer de pulmão liderando o ranking global. As novas projeções indicam que este tipo de tumor continuará ocupando o primeiro lugar, correspondendo a 13,1% dos novos casos e 19,2% das mortes.
Prevenção e diagnóstico precoce como prioridades
Diante deste cenário desafiador, o especialista ressalta a importância de fortalecer as medidas preventivas e de detecção precoce. "Os avanços em tratamentos e inovações acontecem o tempo todo e hoje temos muito mais opções de drogas e procedimentos menos invasivos, que melhoram a qualidade de vida dos pacientes. Porém, medidas de prevenção precisam ser reforçadas e elas incluem os fatores ambientais, como sedentarismo, redução de tabagismo, obesidade, alimentação e prática de exercícios físicos, e também rastreamento genético", explica.
Tipo mais comum
Os dados mostram que o câncer de pulmão foi o mais diagnosticado em todo o mundo em 2022, com quase 2,5 milhões de novos casos e mais 1,8 milhão de mortes.
No geral, os 10 tipos de câncer mais comuns tanto em homens quanto em mulheres representaram mais de 60% dos casos de câncer recém diagnosticados e das mortes por câncer, de acordo com o relatório.
Os tipos de câncer mais comuns são pulmão, mama em mulheres, colorretal, próstata, estômago, fígado, tireoide, cervical, bexiga e linfoma não-Hodgkin, de acordo com o relatório. O câncer de pulmão também foi a principal causa de morte por câncer, seguido por colorretal, fígado, mama em mulheres, estômago, pâncreas, esôfago, próstata, cervical e leucemia.
Números principais:
Projeções globais para 2050:
- Aumento de 77% no número total de casos
- Crescimento de 90% nas mortes pela doença
- 15,3 milhões de casos adicionais previstos
Dados Brasil (Globocan 2022):
- 627.193 novos casos de câncer
- 278.835 mortes
- 1.634.441 casos em prevalência (5 anos)
- Principais tipos por incidência: Próstata, Mama e Colorretal
- Principais tipos por letalidade: Pulmão, Colorretal e Mama
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