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Especial ESG: Entenda o conceito e a importância

Termo envolve futuro das empresas sustentáveis

Escrito por Meon

02 JUL 2024 - 17H08 (Atualizada em 02 JUL 2024 - 17H18)

Reprodução

O conceito de Ambiental, Social e Governança (ESG) tornou-se crucial para mercados financeiros e estratégias empresariais, impulsionado pela demanda dos consumidores e pela atitude das empresas frente às mudanças climáticas e seus efeitos. Dentre os exemplos recentes no país estão a tragédia no Rio Grande do Sul e a seca que atingiu Mato Grosso na safra 2023/2024, trazendo quebra na produção de grãos.

Uma pesquisa realizada pela Bloomberg Intelligence em novembro de 2023 com 250 executivos de alto escalão e 250 investidores seniores de todo o mundo apontou que 85% deles planejam aumentar o investimento ESG nos próximos cinco anos. Além disso, 84% dos executivos dizem que ESG ajuda a fornecer uma estratégia corporativa mais robusta e 85% dos investidores relataram que ESG leva a melhores retornos, carteiras resilientes e análise fundamental aprimorada.

Para a advogada Luize Menegassi, do escritório Oliveira e Castro Advogados, o conceito ESG tem relação direta com a sucessão familiar em empresas, pois representa um conjunto de práticas e princípios que podem contribuir para a perpetuação do negócio e a construção de um legado positivo para as futuras gerações. Porém, ainda há um grande desconhecimento sobre a sigla.

Um exemplo disso é uma pesquisa realizada pelo Sebrae que entrevistou 3.623 micros e pequenos empresários de todas as regiões do país e 86% dos ouvidos revelaram ter pouco ou nenhum conhecimento sobre a sigla ESG.

O que é ESG

É uma sigla, em inglês, que significa environmental, social and governance, e corresponde às práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi cunhado em 2004 em uma publicação do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial, chamada Who Cares Wins. Os critérios ESG estão totalmente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo Pacto Global, iniciativa mundial que envolve a ONU e várias entidades internacionais.

Primeiros passos

As ideias que sustentam os investimentos ESG são antigas. Os principais pensadores e economistas alertaram sobre os perigos dos danos ambientais ou os males sociais causados por certos produtos ou práticas de negócios por muitos séculos. A fundação da rede interdisciplinar do Clube de Roma, em 1968, e seu relatório inaugural (The Limits to Growth, 1972) foi um passo fundamental para mudar o paradigma de como nossas atividades econômicas interagem com o mundo natural. Na década de 1990, a ideia de que empresas, organizações e investidores deveriam levar em conta os custos ambientais e sociais tornou-se mais amplamente reconhecida, com o surgimento do primeiro índice de ações socialmente responsável, o índice Domini 400 Social, e o “triple bottom” (também conhecida como TBL e 3BL) ou “pessoas, planeta e lucros”.

A formalização do ESG começou em 2004, como citado no início do texto, e dois anos depois, a ONU lançou seus Princípios para o Investimento Responsável, uma estrutura para incorporar questões ESG ao investimento. Isso começou com 63 signatários, supervisionando US$ 6,5 trilhões em ativos, e cresceu para mais de 3 mil signatários, com mais de 100 trilhões de dólares em ativos até 2020. O apoio multinacional aos objetivos ESG deu um grande passo em 2015, quando os 193 países da Assembléia Geral da ONU adotaram os 17 objetivos globais interligados (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/ODS) da ONU, com a meta de colocar o mundo em um caminho em direção a um futuro mais sustentável e igualitário.

Importância do ESG nos negócios

Além dos motivos óbvios, o ESG também tem um impacto para as companhias. O conceito não é apenas uma estrutura que as instituições financeiras e investidores devem relatar. Ele está no radar de funcionários, reguladores e todos os envolvidos no ecossistema. Por quê? Simplesmente porque fenômenos como o surto de coronavírus e as mudanças climáticas nos fazem perceber que não somos os donos do nosso planeta, mas sim os administradores da natureza.

O ESG está assumindo uma importância ainda maior à luz dos eventos recentes: as empresas têm a responsabilidade e os recursos para realizar ações climáticas positivas, construindo um futuro mais sustentável e resiliente.

Meio Ambiente

A letra E, da sigla, representa o impacto que uma empresa causa no ambiente natural. Isso inclui questões como poluição (emissões de carbono, produtos químicos e metais tóxicos, embalagens e outros resíduos), o uso de recursos naturais (água, terra, árvores) e as consequências para a biodiversidade (a variedade de vida na Terra. A relação entre o ESG e o meio ambiente é umbilical, como pontuou o site Um Só Planeta recentemente. Ao acompanhar uma tendência que se desenvolveu ao longo de décadas, o fortalecimento da sigla no mundo dos negócios mostra como o valor de uma empresa está atrelado não somente a resultados financeiros, mas também a conquistas não materiais que refletem a missão e os propósitos de uma marca e a contribuição dela para a sociedade.

Comprometimento

A letra S, de responsabilidade social, da sigla, indica os fatores que afetam as pessoas sejam funcionários, clientes ou a sociedade em geral. Dar especial atenção ao S é consonante ao que o mercado tem observado, O S também cobre questões como saúde e segurança para funcionários ou padrões de trabalho e bem-estar para outros trabalhadores da cadeia de suprimentos das empresas. A letra também envolve segurança de produtos para consumidores ou privacidade e segurança de dados para seus usuários.

Governança

Os fatores de governança estão relacionados ao fato de uma empresa administrar seus negócios de maneira responsável. Isso leva em consideração os requisitos éticos de ser um bom cidadão corporativo, como políticas anticorrupção e transparência tributária, bem como preocupações tradicionais de governança corporativa, caso do gerenciamento de conflitos de interesse, diversidade e independência do conselho, qualidade das divulgações financeiras e avaliação sobre se os acionistas minoritários são tratados de forma justa pelos acionistas controladores. Os dados de governança, ao contrário dos dados ambientais ou sociais, têm sido compilados há mais tempo e os critérios para o que compreende a boa governança e sua classificação têm sido mais amplamente discutidos e aceitos. Há, inclusive, metodologias como a criada pela Universidade de Harvard, para avaliar o nível de governança nas corporações. O ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Marcos Jorge, assina a adesão do ministério à Rede Brasil do Pacto Global da Organização das Nações Unidas (ONU).

Brasil

Nos últimos anos, o conceito de ESG (Environmental, Social, and Governance) ganhou significativa relevância no Brasil, refletindo uma crescente mobilização do mercado em torno de práticas sustentáveis e responsáveis. Um levantamento recente da Rede Brasil do Pacto Global confirma essa tendência, utilizando uma análise integrada de dados coletados via Social Listening pela plataforma Stilingue. Este estudo abrangeu mais de 35 milhões de publicações no ambiente digital entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, complementado por pesquisas quantitativas e qualitativas realizadas em fevereiro e março de 2021 com 308 membros da Rede Brasil do Pacto Global.

Carlo Pereira, diretor-executivo da Rede Brasil do Pacto Global, destaca que a ascensão do conceito ESG no país foi impulsionada, em parte, pela pandemia da Covid-19, que provocou uma reflexão profunda sobre práticas empresariais e sua sustentabilidade a longo prazo. "O país está vivenciando uma intensa mobilização do mercado em torno do ESG. A pandemia atuou como um catalisador, incentivando as empresas a repensarem suas estratégias e a buscarem soluções que impactem positivamente nos critérios ambientais, sociais e de governança", afirma Pereira.

Os resultados da pesquisa indicam que, em 2021, a maioria das empresas entrevistadas relatou uma alta frequência de estímulo para repensar e criar soluções alinhadas aos critérios ESG. Isso reflete uma mudança significativa na percepção e nas ações práticas dentro das empresas mais atuantes no setor no Brasil.

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