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Elas Dominam: Poder feminino na STEAM

Mulheres brasileiras estão conquistando seu espaço em diversas áreas

Escrito por Meon

16 DEZ 2024 - 17H22

Divulgação

No Brasil, as mulheres vêm ocupando mais espaços nas áreas de STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), embora ainda enfrentem desafios que vão desde preconceitos até ambientes pouco acolhedores. Dados do portal GOV mostram avanços significativos, como o país se posicionando como o terceiro no ranking global de participação feminina na ciência, mas a realidade revela que a equidade plena ainda é um sonho distante.

Qual é a importância do STEAM em nossas vidas? STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática) é crucial para o desenvolvimento global, pois essas áreas impulsionam inovação, competitividade econômica e soluções para desafios complexos. Além disso, integrar mais mulheres em STEAM promove maior diversidade e perspectivas criativas, resultando em melhores decisões e avanços tecnológicos.

Essas áreas ainda são amplamente dominadas por homens. De acordo com o relatório da UNESCO, apenas 33% dos pesquisadores no mundo são mulheres, com números ainda mais baixos em áreas como engenharia e tecnologia, onde elas representam cerca de 28% dos profissionais globalmente. No Brasil, essa realidade é refletida no mercado de trabalho, com mulheres ocupando menos de 25% das vagas em engenharia e apenas 20% no setor de TI, segundo levantamento da Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Essa disparidade histórica é resultado de barreiras culturais, estereótipos de gênero e falta de incentivos para meninas ingressarem em carreiras técnicas desde cedo.

Em um mundo cheio de obstáculos, histórias como as de Carolina Martins, Lavínia Gehrke e Amanda Wilmsen destacam não apenas as dificuldades enfrentadas por mulheres no campo, mas também sua resiliência e contribuição para transformar o setor, inspirando outras mulheres e até mesmo a próxima geração.

A caminhada de uma mulher na STEAM, especialmente no Brasil, muitas vezes começa com o rompimento de barreiras culturais. Muitas meninas crescem ouvindo que profissões científicas ou tecnológicas não são para elas, algo com presença majoritariamente de homens. O resultado? Uma sub-representação que se torna evidente em áreas como engenharia e tecnologia, em que mulheres representam menos de um quarto dos profissionais.

Essa realidade é reforçada por Carolina Martins, 20 anos, estudante e educadora social de São Paulo, que atualmente divide seu tempo sendo educadora social e coordenadora de sua equipe de robótica. Ela compartilhou que seu primeiro contato com a programação ficou marcado em sua vida. “Era um ambiente muito masculino e nada acolhedor. Esse processo fez com que eu me sentisse inferior e me paralisou na busca por conhecimento”, relembra. Apesar disso, Carolina persistiu, conectando sua paixão por trabalhar com pessoas e tecnologia, demonstrando que sua atuação vai além da curiosidade, sendo um pilar de sua trajetória profissional e pessoal.

A dificuldade de conquistar espaço também aparece nas experiências de Lavínia Gehrke, jovem de 19 anos, natural de Blumenau, Santa Catarina, que iniciou sua jornada como a única programadora de sua escola. Hoje, Lavínia é mentora de equipes de robótica e fundadora da comunidade FIRST Robotics Girls. Dedicada à inclusão feminina na tecnologia, ela vive da área, atuando em projetos educacionais e como voluntária em competições. Apesar de suas conquistas, enfrentou dúvidas constantes sobre sua capacidade, sentindo-se isolada em um ambiente predominantemente masculino, o que quase a fez desistir.

Porém, com o tempo, Lavínia percebeu que sua presença na robótica não era apenas uma conquista pessoal, mas uma forma de inspirar outras garotas a acreditarem em seu potencial. “O lado bom de estar nesse mundo sendo mulher é saber que você pode inspirar e incentivar garotas ao redor da sua comunidade local e nacional”, afirma. Hoje, Lavínia é mentora de equipes, fundadora da comunidade FIRST Robotics Girls e voluntária em competições, dedicando-se a abrir portas para que outras jovens não precisem passar pelos mesmos desafios.

Essa determinação em transformar experiências pessoais em oportunidades coletivas é também evidente na trajetória de Amanda Wilmsen. Durante seus anos na FIRST, Amanda liderou projetos sociais que ampliaram a participação feminina em sua equipe de 15% para 46%, sendo 50% das posições de liderança ocupadas por mulheres, além de implementar a robótica em escolas públicas no Brasil e até mesmo na Nigéria. Ainda assim, Amanda precisou lidar com um questionamento constante de suas capacidades, simplesmente por ser mulher. “Minhas habilidades eram frequentemente postas em dúvida, não pela minha competência, mas por quem eu sou”, relata.

Amanda, formada em Engenharia de Software, hoje vive de seu trabalho, dedicando-se tanto à carreira quanto a projetos sociais voltados para a inclusão de mulheres e jovens na área de tecnologia.

Apesar disso, ela utilizou esses desafios como combustível para se especializar ainda mais, criando soluções inovadoras, como um software de inspeção de robôs, e se tornando uma referência em sua área.

As histórias dessas mulheres revelam como a sub-representação feminina em STEAM não é apenas um reflexo de preconceitos, mas também de oportunidades limitadas. Elas apontam que o ambiente, muitas vezes, não foi feito para acolher a diversidade. Carolina ressalta que criar espaços inclusivos é fundamental para que mais mulheres sintam-se encorajadas a ingressar na área. “Ao proporcionar oportunidades e trazer referências de mulheres na tecnologia, de forma natural, criamos um ambiente mais inclusivo e acolhedor”, explica. Para Amanda, a chave está na mentoria e no respeito. Para ela, “ter uma rede de apoio e garantir que todas as vozes sejam ouvidas fazem toda a diferença”.

Mas como tornar o ambiente de STEAM mais inclusivo? Uma das estratégias mencionadas pelas entrevistadas é a criação de referências femininas. Mostrar que mulheres podem e devem ocupar cargos de liderança em tecnologia é um passo essencial. Além disso, iniciativas como a FIRST Robotics Girls e programas educacionais voltados para meninas ajudam a derrubar estereótipos desde cedo, oferecendo às jovens a oportunidade de experimentar áreas técnicas em ambientes acolhedores. Lavínia ressalta que, embora o caminho não seja fácil, é necessário que garotas se permitam tentar. “A robótica abre muitas oportunidades. Nós temos umas às outras para nos apoiarmos”, afirma.

Outro ponto crucial é o investimento em políticas públicas e privadas que incentivem a presença feminina na ciência e tecnologia. O Brasil, apesar de sua posição no ranking global, ainda carece de medidas mais robustas para garantir que mulheres não apenas entrem em STEAM, mas avancem em suas carreiras. Isso inclui desde iniciativas educacionais até mudanças na cultura organizacional de empresas e instituições acadêmicas, promovendo equidade de oportunidades e respeito mútuo.

O aumento da participação feminina em STEAM é um processo lento, mas que tem apresentado resultados promissores. Segundo estudos, equipes diversas tomam melhores decisões e apresentam maior inovação, reforçando que a inclusão não é apenas uma questão social, mas também estratégica. No entanto, as barreiras culturais e estruturais ainda estão longe de serem superadas.

Muitas mulheres em STEAM, como Carolina, Lavínia e Amanda, enfrentaram preconceitos e discriminação, mas escolheram transformar essas experiências em inspiração para outras. Como Amanda afirma: “Cada conquista é uma maneira de mostrar a outras jovens que elas também são capazes de ocupar o espaço que quiserem”.

A verdade é que o futuro do STEAM no Brasil depende diretamente da capacidade do setor de acolher a diversidade. E, como mostram as histórias dessas mulheres, o primeiro passo para essa transformação já está sendo dado. Resta agora à sociedade como um todo garantir que elas não caminhem sozinhas.

Giulia Beatriz da Silva Oliveira

1ºano do ensino médio.

Instituto Alpha Lumen


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