Breve biografia
Nascido no dia 18 de abril de 1882, José Bento Monteiro Lobato morou até os 13 anos na cidade de Taubaté (SP), onde nasceu, e depois se mudou para São Paulo, e lá cursou faculdade de Direito. Por um tempo, escreveu para jornais do Rio de Janeiro e São Paulo, até decidir se dedicar inteiramente à literatura.
Monteiro Lobato é um autor do pré-modernismo, um período da literatura caracterizado por um caráter nacionalista e, também, pela diversidade de estilos em função de ser uma transição entre o simbolismo e o modernismo.
Livros e contos
Em suas obras, Lobato representa o contexto socioeconômico da época ao descrever o abandono das cidades vale-paraibanas diante da crise do plantio de café, o que pode ser exemplificado em seu romance “Cidades Mortas”.
Além disso, ele foi o criador do célebre “Jeca Tatu”, um reflexo das mazelas sofridas pelas classes inferiores. Essa personagem foi retratada em duas de suas coletâneas de contos: “Urupês” e “Ideias de Jeca Tatu”.
No entanto, o autor é ainda mais reconhecido por ser o “pai da literatura infantil”, pois com a criação do Sítio do Picapau Amarelo inaugurou-se esse universo da literatura no Brasil.
Nos seus livros infantis, a famosa personagem “Emília”, a boneca de pano falante, assume voz crítica, funcionando como manifestação implícita dos pensamentos do escritor. O conhecimento é personificado nas personagens “Visconde de Sabugosa” e “Dona Benta”, figuras ligadas à ciência e “amantes” dos livros. A “Tia Nastácia”, a empregada do sítio, causa discussões acerca do pensamento racista de Monteiro Lobato, já que a personagem era vítima de apelidos como “negra beiçuda” ou “preta velha”, expressões que, se perpassadas pelos atuais avanços no debate sobre o racismo estrutural, seriam consideradas carregadas de preconceito.
Influência na região vale-paraibana
Suas análises provocam reflexões críticas e atemporais sobre a realidade cultural, social e econômica da região do Vale do Paraíba, na medida em que povoa o imaginário infantil e desconstrói ao mesmo tempo em que molda a identidade do tradicional “caipira”.
Crescer ouvindo as histórias narradas em livros como “Reinações de Narizinho” ou “Caçadas de Pedrinho” é parte da cultura da região. Os livros de Lobato, com as lendas folclóricas e cenários fantasiosos, criam nas crianças suas primeiras “memórias” literárias.
No conto “Urupês”, frases como “Jeca Tatu não é assim, ele está assim” e "O fato mais importante da sua vida é votar no governo. (...) Vota. Não sabe em quem, mas vota. Esfrega a pena no livro eleitoral, arabescando o aranhol de gatafunhos e que chama 'sua graça'', demonstram críticas sobre o governo e o descaso diante da população.
Ademais, o linguajar “jeca”, “caipira”, “caboclo” foi extremamente empregado em seus livros e, hoje, é nítido no vocabulário da região vale-paraibana.
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