A obra "O Dilema das Redes" é um documentário com pitadas de drama que, lançado pela rede de streaming Netflix, tem se popularizado nas últimas semanas pelo Brasil. O longa-metragem trata das principais problemáticas envolvidas no uso de redes e tecnologias atuais, como a divulgação de fake news, a fragilização de democracias e a desumanização, que prejudica as relações sociais contemporâneas. Por tais apontamentos, o fator que mais chama a atenção do público é a associação entre a temática e as crises as quais temos enfrentado recentemente, realidades ainda mais conflitantes quando analisadas sob a ótica da pandemia.
Antes de tudo, precisamos reconhecer os incontáveis benefícios que a internet e mídias sociais trouxeram para o mundo e sua indispensabilidade no contexto atual. Partindo de exemplos trazidos pela própria obra, pode-se citar a conexão entre familiares distantes, a ajuda em encontrar doadores de órgãos, a facilidade em obter informações pela barra de pesquisas e, até mesmo, o pedido de refeições e transportes via on-line.
Em tais aspectos, é fato que as redes on-line são imprescindíveis e cada vez mais intrínsecas ao cotidiano, visto que nos tornamos dependentes dessas tecnologias a partir da chegada do novo coronavírus. É notável, portanto, a forma como o funcionamento de empresas e escolas tem sido possível, apenas pela disponibilidade de recursos online como vídeo-chamadas e materiais virtuais, por exemplo.
Por outro lado, contradições trazidas por "O Dilema das Redes", as quais têm tomado cada vez mais relevância no mundo atual, não devem ser ignoradas. Segundo a obra, os principais objetivos na criação das grandes empresas de tecnologias, como Google, Facebook, Twitter e Instagram, diferem-se muito do que hoje é feito pelo lucro em uma sociedade capitalista. Nesse sentido, os usuários, acreditando contar com “serviços gratuitos”, são manipulados por algoritmos que buscam, somente, a arrecadação de mais e mais capital proveniente de anunciantes. Basicamente, em tudo o que vemos, pesquisamos ou acessamos nas redes sociais, somos induzidos a comprar os produtos nelas anunciados.
Em consequência ao uso indiscriminado de dados de usuários por parte dessas grandes empresas, toda sociedade está, aos poucos, entrando em colapso. No caso da divulgação de fake news, por exemplo, as plataformas não foram projetadas para verificar a veracidade de conteúdo e, em média, espalham seis vezes mais informações falsas do que verdadeiras. Tal onda de desinformação tem polarizado países, motivado pensamentos conspiracionistas, encorajado movimentos extremistas e, por fim, ameaçado democracias ao redor do mundo. Além disso, é claro, podemos analisar o crescimento exorbitante de ansiedades e depressão, o qual provém da alta exposição em mídias sociais e ocasiona, ainda, um aumento no número de suicídios de jovens.
Em suma, o longa-metragem "O Dilema das Redes" traz à tona diversas problemáticas que envolvem as redes sociais e são, por muitas vezes, omitidas. Fazendo relação ao próprio nome, aborda o dilema entre os benefícios e os malefícios de tais tecnologias, contraste crescente em meio à pandemia atual. Desse modo, pode-se resumir o documentário com uma frase de Sófocles: "Nada grandioso entra nas vidas dos mortais sem uma maldição".
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Com supervisão de Nicole Almeida, jornalista do Grupo Meon.
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