Língua Brasileira de Sinais é a linguagem de modalidade gestual-visual que possibilita a comunicação com e entre surdos por meio de gestos, expressões faciais e corporais.
É legalmente reconhecida como meio de comunicação e expressão desde 24 de abril de 2002, pela Lei nº 10.436, sendo, portanto, uma importante ferramenta de inclusão social.
O pioneiro no uso da língua de sinais na educação de surdos foi o clérigo francês Charles Michel de l’Epée, em meados do século XVIII. l’Épée criou um método de ensino para pessoas surdas e um alfabeto manual, que deu o nome de Língua de Sinais Francesa. Fundou também o Instituto Nacional de Surdos-Mudos, em Paris, a primeira escola de surdos do mundo. Aqui no Brasil temos o Instituto Nacional de Educação de Surdos, conhecido como INES.
A libras é utilizada e reconhecida em seu país de origem como um idioma de mesma importância, comparado com o inglês, espanhol, francês ou qualquer outro idioma.
Em todas as línguas de sinais do mundo todo, inclusive na Libras, que é exclusiva do Brasil, cada palavra é representada por um sinal.
Por esse motivo, é errado caracterizar os sinais da Libras como meros gestos ou mímica, já que se diferem por regras gramaticais específicas. A Libras é composta por gestos visuais, que são responsáveis em reproduzir a comunicação: as mãos por meio dos sinais, os receptores são os olhos. Essas línguas são diferentes das oral-auditivas (que os ouvintes utilizam) em que o emissor é a voz e, o receptor, os ouvidos.
Diferente do que muitos pensam, a língua de sinais não é universal. É preciso compreender que a linguagem é materna dos surdos, por ser aprendida antes mesmo do idioma da região em que vive, e possui características próprias muito interessantes. De acordo com o site Ethnologue: Languages of the World, há 144 línguas de sinais no mundo.
Em países que falam a língua portuguesa, por exemplo, temos diferentes variações da língua de sinais: no Brasil existe a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e a Língua de Sinais Kaapor Brasileira, em Portugal, a Língua Gestual Portuguesa (LGP), em Angola, a Língua Angolana de Sinais (LAS), e em Moçambique, a Língua Moçambicana de Sinais (LMS).
Além dessa variação, em uma única língua de sinais, há variações regionais ou sotaques, como acontece nas línguas faladas. Essas variações têm relação com características culturais, geográficas, históricas ou mesmo didáticas, e pode variar também de acordo com o método adotado por cada instituição de ensino.
QUAL A IMPORTÂNCIA DA LINGUAGEM DE SINAIS?
É por meio da Libras que as pessoas surdas, ou com deficiência auditiva, se comunicam entre si e com o mundo. A comunicação através da Libras propicia uma melhor compreensão entre surdos e ouvintes, uma vez que já está previsto em lei a presença de intérpretes de Libras em diferentes instituições públicas, como escolas, universidades, congressos, seminários, programas de televisão, entre outros.
Aprender a se comunicar com deficientes auditivos através da libras é contribuir no processo de eliminação das barreiras de comunicação entre as pessoas, papel de grande importância, além de permitir um melhor conhecimento para a comunidade surda.
A Língua Brasileira é um instrumento eficaz na facilitação da comunicação e, consequentemente, no processo ensino-aprendizagem. Conhecer esta língua é fundamental para atender com responsabilidade às reais necessidades deste público e favorecer sua inclusão no âmbito escolar, profissional e no dia a dia como um todo, Por meio dela é possível propiciar o desenvolvimento linguístico e cognitivo, facilitando assim o processo de aprendizagem, servindo de apoio para a leitura e compreensão do mundo pelo próprio surdo e para o intérprete.
Conversamos com duas intérpretes de libras, moradoras de São José dos Campos, e fizemos o seguinte questionamento:
Para vocês, qual a importância da libras? Comente um pouco sobre a inclusão que essa educação gera na comunidade, na região em que essa pessoa deficiente auditiva vive.
Julia Marin, estudante e intérprete de libras na igreja que frequenta:
“A libras desde 2002 foi considerada uma das línguas oficiais do Brasil, e é através dela que grande parte da comunidade surda se comunica. Porém, se essa comunicação for limitada apenas de surdo com surdo, limita a capacidade da comunidade de se relacionar com o resto do mundo, que são a maioria das pessoas. Às vezes damos tanta preferência para estudar línguas estrangeiras como o inglês, apenas para ter um diferencial no currículo. Porém no Brasil vai ser mais fácil encontrar um surdo com dificuldade de se comunicar com os próprios brasileiros, do que um estrangeiro. Então nós, ouvintes, devemos olhar para o nosso país e ver a necessidade da inclusão dessas pessoas, que convivem conosco e estão mais perto do que imaginamos."
Aletéia Kyriacopoulos atua em diversos ambientes como intérprete profissional de libras:
“Libras é uma expressão de amor, é empatia em ver a dificuldade do indivíduo surdo e você ser porta voz, ser ponte. Uma experiência que tive foi traduzir uma aula de Tango para uma surda, e ver ela aprender melhor que os ouvintes. Mediar um surdo no médico porque receitaram um remédio errado."
Ela ressalta:
“Nesses e em tantos outros casos, aprender libras é necessário. É uma forma de amar o próximo.”
“A inclusão acontece quando se aprende com as diferenças e não com as igualdades”
Paulo Freire
"A voz dos surdos são as mãos e os corpos que pensam, sonham e expressam. Permita-se "ouvir" estas mãos, somente assim será possível mostrar aos surdos como eles podem "ouvir" o silêncio da palavra escrita.”
Ronice Miller de Quadros
Com supervisão de Léo Lenzi, jornalista do Meon Jovem.
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