Por Meon Em Cruzeiro Atualizada em 08 AGO 2020 - 14H05

Complexo Ferroviário de Cruzeiro vai ser restaurado com repasse do Ministério do Turismo

Projeto prevê recuperação de parte do patrimônio do município, resgatando a história local e contribuindo com infraestrutura turística

Divulgação/ MTur
Divulgação/ MTur
Estação ferroviária tem grande importância histórica para a cidade


A cidade de Cruzeiro vai receber cerca de R$ 2,2 milhões do Ministério do Turismo para obras no Complexo Ferroviário da cidade. As intervenções buscam revitalizar parte da história ferroviária local e contribuir para a melhoria da infraestrutura turística. O projeto já foi aprovado pela Caixa Econômica Federal, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo.

As obras, apoiadas com recursos do Governo Federal, devem ser concluídas no primeiro semestre de 2021 e preveem a recuperação de parte do patrimônio remanescente da extinta Rede Ferroviária Federal S/A, como a Estação Ferroviária Central/Pátio, a Oficina Primitiva, a Rotunda, a Estação Rufino de Almeida e a Praça do Cinquentenário.

O secretário de Políticas Públicas de Cruzeiro, Khaled Penna Valle, explica que o município possui uma história diferente das demais cidades da região, que se desenvolveram através dos ciclos do ouro e do café, e cresceram em sociedades rurais. “Cruzeiro desenvolveu-se através do advento da ferrovia e fundamentou-se em uma sociedade urbana. Esse fato fez com que a cidade herdasse um patrimônio cultural ferroviário único”, destacou.

Para Valle, além de inestimável valor histórico e arquitetônico, os marcos ferroviários constituem um poderoso atrativo turístico, com capacidade de propiciar a geração de empregos, renda e a transformação social, proporcionando, assim, o crescimento e desenvolvimento do município. “Nesse sentido, esse projeto poderá trazer diversos benefícios para comunidade como: incremento do turismo, ocupação dos prédios com fomento de atividades econômicas, culturais e turísticas dissipando problemas sociais”, afirmou.

O secretário ressalta, ainda, que o fomento ao turismo também será um dos legados dessa obra. “Além de todos benefícios gerados à comunidade, a reforma será fundamental para o desenvolvimento turístico de Cruzeiro e indispensável para o resgate da memória histórica ferroviária cruzeirense. Em uma cidade considerada predominantemente turística, a infraestrutura passa a ser um fator decisivo do turista”, explicou. “Sendo assim, o incremento desse setor, através da parceria com o Ministério do Turismo, torna-se essencial”, concluiu.

HISTÓRIA

A historiadora Cláudia Ribeiro explica que a estação ferroviária de Cruzeiro marca o início da formação urbana da localidade, que é marcada pela junção de características da modernidade e da tradição. As informações são parte da tese de doutorado da pesquisadora e da dissertação de mestrado “O Momento: um espaço de luta ferroviária na cidade de Cruzeiro em 1933”.

“A cidade surgiu de um entroncamento férreo na época do Ciclo do Café. Eu defendo que Cruzeiro é a 'Cidade do Trem', porque é isso que trouxe as características urbanísticas e o traçado da cidade extremamente moderno que temos”, afirma Ribeiro, se referindo às ruas simétricas do centro histórico, que tem influência dos engenheiros da Estrada de Ferro Minas e Rio.

Cláudia explica ainda que a Estação Ferroviária era uma parada obrigatória para os viajantes, devido a uma necessidade de troca de trem para quem precisava viajar pela região, já que as bitolas (dos trilhos) eram de tamanhos diferentes. “A espera pela nova viagem era em Cruzeiro e, com o passar do tempo, as pessoas passaram a se socializar na estação férrea. Muitos moradores iam ver ‘o movimento’ e, por isso, a estação tinha um fluxo de pessoas o dia todo”, explicou.

A historiadora destacou, ainda, a relevância da iniciativa de restauração para o resgate da história local e para a valorização das origens dos cidadãos cruzeirenses. "Se nós não percebermos o valor da formação da nossa cidade e da constituição do nosso povo, não preservaremos nossa memória e a nossa identidade”, concluiu.

* Por Rafael Brais- Ministério do Turismo

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