Pouco depois de a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) confirmar oficialmente nesta quarta-feira que negou o pedido feito pelo ministro de Esporte da Rússia, Vitaly Mutko, para que a entidade reconsiderasse a decisão de excluir os atletas do país na modalidade dos Jogos Olímpicos do Rio, o presidente Vladimir Putin afirmou que essa decisão derradeira significa uma "discriminação" contra os competidores russos.
Em cerimônia realizada no Kremlin, no qual os atletas da delegação russa se despediram do país antes da viagem ao Rio, Mutko reclamou do fato de que a IAAF estará punindo atletas limpos que não fazem parte do esquema de doping sistemático que provocou, em novembro, a suspensão da participação da Rússia de todas as competições internacionais de atletismo.
A Federação de Esgrima da Rússia foi a última cujos atletas foram liberados para competir na Olimpíada antes da realização desta cerimônia em Moscou, mas a IAAF se negou a atender ao apelo final com o pedido de permissão da participação de competidores do atletismo. Por causa do escândalo de doping, mais de 100 dos 387 atletas da delegação total da Rússia anunciada para a Olimpíada foram banidos da competição.
"Não podemos aceitar indiscriminada desqualificação de nossos atletas com uma história absolutamente limpa de doping", reclamou Putin, que depois reforçou: "Não podemos e não iremos aceitar o que, de fato, é pura discriminação".
Entre as estrelas russas que não poderão vir ao Rio, a principal delas será Yelena Isinbayeva, bicampeã olímpica do salto com vara, que falou durante o evento desta quarta e se emocionou ao se despedir dos seus compatriotas que poderão competir na Olimpíada em outras modalidades.
"Mostrem a eles do que vocês são capazes _ para vocês mesmos e para nós também", afirmou, sofrendo para conter as lágrimas, assim como enfatizou que a exclusão dela e de outros atletas banidos dos Jogos aconteceu "de forma rude e sem nos dar a chance de nos defender".
O atletismo é a única modalidade da Olimpíada em que a Rússia sofreu uma proibição conjunta de participação de seus atletas, sendo que a única do país que conseguiu se tornar elegível para competir neste esporte nos Jogos foi a saltadora Karya Klishina.
"A situação foi além do campo jurídico, bem como do senso comum", disse Putin ao discursar para os atletas, muitos deles banidos da Olimpíada. "É uma campanha bem planejada que visava os nossos atletas, que incluiu duplos padrões e o conceito de punição coletiva que não tem nada a ver com a justiça ou normas legais, mesmo as básicas", completou.
O presidente russo ainda qualificou a decisão da IAAF como um "golpe global para todo o esporte e para os Jogos Olímpicos". "Claramente, a ausência de atletas russos que eram líderes em alguns dos esportes afetará a competição", ressaltou.
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