Por Renan Simão Em Cultura

Conheça as histórias do fotógrafo de natureza Ricardo Martins

Foi na Mata Atlântica, na porção próxima à Praia Grande, em Ubatuba, que um menino avistou uma cobra cipó. Ele saca a câmera Olympus Pen do pai, tira a foto do animal e sai correndo pela rua rindo de alegria. Essa foi a primeira foto de Ricardo Martins, fotógrafo joseense colaborador da revista National Geographic e premiado com o Jabuti de 2012.

Martins é um fotógrafo de natureza. Em livros, registrou aves no Litoral Norte de São Paulo, comunidades do Jalapão, no leste do Tocantins, animais urbanos em São José dos Campos e paisagens improváveis do Vale do Paraíba.

Neste último exemplo encontrado no livro "A Riqueza de Um Vale" (KONGO/2012) e vencedor do Jabuti, encontra-se a perspectiva da Basílica de Aparecida, mostrando os rastros de luz dos romeiros caminhando em direção à igreja, em fluxo quase que intermitente.

"O livro foi se revelando para mim durante a viagem e o nosso Vale do Paraíba se mostrou muito mais rico do que eu imaginava", afirma Martins. "Me emocionei muito em fotografar algumas senzalas de fazendas na cidade de Bananal, em especial da fazenda Coqueiros. A foto da Basílica de Aparecida, que ocupa página dupla do livro, me fez pensar muito na vida também", diz.

Fauna
Além de pessoas, os animais fotografados por Martins impressionam. O boto alaranjado, o tucano olhando para a lente da câmera, os quatis brincando ao sol e o gato maracajá, que é capa do livro "O Mosaico" (FM/KONGO/2013), são alguns exemplos de como o seu "espírito explorador" está presente em seus registros.

"As condições da fotografia de natureza são bem complicadas: calor, frio, insetos, animais perigosos e solidão fazem parte da profissão, então você precisa ter encravado na sua alma o amor pela natureza e o espírito de um explorador. Fotografar animais é sempre um desafio, pois são eles quem ditam as regras, com pessoas você tem a chance de uma aproximação", conta Martins.

Em "O Mosaico", a ideia foi mostrar uma fauna escondida pelo desenvolvimento urbano da cidade de São José dos Campos e chamar a atenção pela necessidade de preservação das matas e desses animais.

Segundo Ricardo, é preciso um maior entendimento do tema para evitar os conflitos de cenário que são mostrados no livro. Como exemplo, lembra da capa de seu livro, uma imagem de filhote de gato maracajá que teve a mãe atropelada por uma moto e que também morreu dez dias depois das fotografias.

Gente
No livro "Jalapão, história e cultura - unidades de conservação do estado do Tocantins" (2012) capta-se, em 45 dias de viagem e mais de 5 mil quilômetros percorridos, o leste do Tocantins, desde a terra batida às florestas -mas sobretudo retrata as pessoas do Parque Estadual do Jalapão.

Conta Martins "da dona Erminda montada em seu burrinho cheio de paracangalhos que balançavam durante cavalgada pelas estradas de terra da região ou crianças jogando bola no meio do coração do Brasil". "Queria trazer essas emoções das pessoas para o meu livro, pessoas que moram e sentem aquela terra, queria levar o leitor para o mundo daquele Brasil", explica.

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Por Renan Simão, em Cultura

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