Os valores servem como uma bússola interna que nos guia e influência todas as nossas decisões, a gente estando consciente ou não disso. Valor… uma palavra tão comum, que remete a algo importante para nós, está relacionado a nossas crenças. Mas no dia a dia falar dos nossos valores parece um pouco piegas porque é algo que a maioria das pessoas fala da boca para fora, mas na prática, não vive de acordo com seus valores. Pessoas que dizem que a saúde é um valor, mas não dedicam tempo para atividade física ou lazer… ou a ética está em primeiro lugar, mas não perde a oportunidade de obter vantagem. Neste caso falar sobre valores perde a credibilidade.
E porque é tão difícil viver de acordo com os valores? Acreditamos que seja inicialmente por que os nossos valores não são claros… nem para que servem, ou como eles nos influenciam. Ao olharmos a lista de valores (adoro a lista da Brene Brown), tenho certeza que gostaríamos da grande maioria e “ter” todos seria uma virtude. Então se fossemos listar nossos valores e pudéssemos colocar 10, 15, 20 não seria difícil. Porém ter valores é parecido com ter prioridades, se você tem muitos, não tem nenhum. É necessário eleger poucos valores que irão pautar suas decisões e comportamentos, em todas as esferas da sua vida, porque os valores são do indivíduo e não do contexto.
São pelos nossos valores que decidimos passar por desconfortos, ou situações constrangedoras ou até mesmo nos colocarmos de pé para continuar a lutar após uma queda. Os valores são estabelecidos ao longo dos anos, vão determinar nossas decisões de forma consciente ou inconsciente. Isto acontece porque os valores geralmente estão tão cristalizados em nós que não segui-los não é uma opção.
É interessante pensar como se formam os valores. O processo de aprendizagem acontece pela repetição que formam padrões de ativações neurais. Isto vale para um conhecimento de história, para um movimento novo, e forma de ver a vida. Uma forma de pensar. Então na maioria das vezes nossas crenças e valores vão sendo formados e cristalizados pela repetição, pela validação. Aparentemente eles são rígidos, pois o cérebro já se moldou para formá-los. Isto é bom ou ruim? Na verdade, depende, porque a existência dos valores, neurologicamente falando, acaba ajustando o filtro das informações que deixamos entrar. Passamos a olhar os acontecimentos ao nosso redor, pelo filtro criado pelo nosso valor. Um exemplo para quem tem a espiritualidade como valor, enxerga no voo da borboleta um milagre divino.
Repito, nesta situação a maioria dos pensamentos e comportamentos acontecem de forma inconsciente. Mas o nosso convite é trazer estes conceitos para o nível da consciência para conseguirmos colocar mais intencionalidade nas nossas decisões e comportamentos a fim de vivermos de acordo com nossos valores. Imagine que poder que teremos ao ter claro na nossa cabeça nossos valores e isto servir de norte para nossas decisões, desde as coisas mais simples, ou que exigem mais coragem. Lembro do dia que despretensiosamente eu mostrei a lista para meu filho, um dos valores que ele escolheu foi alegria, por que para ele o bom humor, o fazer as pessoas sorrirem é algo importante (lembrando que ele tinha 12 anos). Foi tão interessante perceber que o fato dele ter lido a lista e ter escolhido este valor fez com que ele intencionalmente percebesse os momentos que ele estava sendo “chato” e acabava se afastando dos valores. É isto que pode acontecer quando somos intencionais!
Se afastar dos valores, conscientemente ou não, é algo desregulador emocionalmente. Às vezes conseguimos perceber um valor importante para nós pelo número de vezes que nos irritamos com um fato. Por exemplo: uma pessoa que sempre fica muito desconfortável na presença de discriminações, a ponto de se posicionar contra este tipo de atitude, possivelmente tenha a igualdade como valor, mesmo que não seja intencional. Agora imaginem o poder das ações se for intencional!!!
Nós convidamos você a refletir sobre os valores, da longa lista da Brene, escolher 10, para depois chegar só em 2 valores, estes dois que acabam abarcando muitos outros dentro da sua visão. Após está difícil decisão, olhar para suas atitudes e ver o que você faz para se manter dentro ou próximo dos seus valores. E o que acontece que faz você se afastar dos valores. Você percebe quando está se afastando deles? Quais as consequências? Esta reflexão está diretamente relacionada ao seu bem-estar, além de te ajudar na regulação emocional.
Um valor importante para mim é ser acolhedora com meus filhos, mas nem sempre estou no clima e consigo agir de acordo com meus valores. Quando dou uma resposta atravessada, eu imediatamente sinto culpa e com ela vem uma avalanche de emoções que me desequilibra. É claro que eu sabendo deste valor, eu posso tentar ser mais tolerante (eu sei que nem sempre vou conseguir), mas se eu nem identifico este valor, eu me sentiria mal e nem saberia que é porque estou me afastando dos meus princípios.
Parece algo pequeno, mas reconhecer os valores que guiam a nossa vida é uma base fundamental para o desenvolvimento de autoestima, autopercepção e autonomia. Quando os valores são intencionalmente cultivados e reconhecidos, eles não permitem que a pessoa se afunde em dúvidas, incertezas e indiferença. Os valores mostram que ela se importa com algo/alguém, que ela se importa consigo mesma e com as suas atitudes e suas consequências.
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Por Redação, em Saúde Mental
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