Ataques a escolas e creches mobilizam a sociedade em geral como uma resposta de proteção a crianças e sua condição de vulnerabilidade. Vemos como as emoções estão à flor da pele, pais, educadores, professores todos estão ainda elaborando os últimos acontecimentos. Alguns defendem a presença de mais agentes de segurança como formas de conter a violência (como se está só existisse de forma externa).
Mas, é preciso repensar a forma como lidamos com os medos e outras angústias. Se imediatamente nos recolhemos e buscamos a repreensão, vinganças ou até expressões de intolerâncias e discriminações, o que de fato estamos aprendendo diante do contexto para que o mesmo não se repita futuramente? Será que é construindo mais muros, mais diferenciações, mais medo que conseguiremos proteger as nossas crianças? Elas estarão mais aptas a lidar com o mundo e consigo mesmas?
O medo se alimenta de medo, e impossibilita uma ponte para diálogo e construções subjetivas e significativas. Na verdade, ela inibe e isola ainda mais uma sociedade, que em vez de viver em rede, vive em bolhas ou ilhas.
Por mais que seja difícil, é imprescindível que após eventos tão violentos, os adultos possam acolher as emoções de todos os envolvidos, que espaços de diálogos possam ser ferramentas de amparo, acolhimento, empatia e elaborações – e possam ajudar as crianças a explorarem os próprios sentimentos e emoções.
A educação emocional é um ponto de partida. Você já parou para pensar que as emoções estão presentes em tudo o que pensamos, sentimos e fazemos? O nosso paladar, por exemplo, é afetado pelo humor e a forma como escutamos certas frases ou comentários também está relacionado à nossa bagagem emocional.
Apesar das emoções estarem em tudo e a todo momento, investimos muito pouco em compreender o seu funcionamento e formas de lidar de uma forma saudável. Achamos que não precisamos “aprender” de fato, já sabemos. Mas, percebam quantas discussões são iniciadas por falhas de comunicação e interpretação emocional; quantas conclusões e decisões precipitadas tomamos por confusão emocional.
Nomear o que sentimos, reconhecer a presença de emoções diversas e complexas, compreensão de suas influências no dia a dia das relações interpessoais (desde a forma de pensar, interpretar e se comportar). Como formas de “retardar o impulso reativo” é mais saudável, e menos doloroso, do que nomear perdas e dores que poderiam ter sido remediadas.
A maior transformação é começando com a mudança de mindset diante de situações difíceis e desconfortáveis: ao invés de evitar o problema, devemos nos esforçar para escutar o que nos incomoda, desenvolver mais tolerância e resiliência de forma intencional.
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