Educação Internacional

Por que o ensino superior nos EUA é bem diferente do Brasil?

Uma breve comparação entre o ensino superior nos EUA e no Brasil

Nicolas Van Veen Colunista (Arquivo Pessoal)

Escrito por Nicolas Van Veen

07 JUN 2024 - 16H59 (Atualizada em 07 JUN 2024 - 17H04)

Foto: Universidade de Haward

Não se apegue às pessoas e sim às ideias.

Parece bem nítido a quadro de diferenças entre Brasil e EUA. Eu particularmente gosto de pensar que a história nos ensina sempre. E antes de tentar estabelecer uma comparação breve entre o ensino superior no Brasil e nos EUA, preciso escrever sobre o tempo das coisas na linha da história.

A história dos Estados Unidos e do Brasil apresenta tanto semelhanças quanto diferenças marcantes em termos de colonização, desenvolvimento econômico e evolução política. Os EUA foram colonizados principalmente pelos britânicos a partir do início do século XVII, enquanto o Brasil foi colonizado pelos portugueses a partir de 1500. Ambas as nações experimentaram a exploração e escravidão de povos indígenas e africanos. Os EUA declararam independência em 1776, resultando na formação de uma república federal democrática, enquanto o Brasil permaneceu colônia até 1822, quando se tornou um império sob Dom Pedro I, eventualmente se transformando em república em 1889.

No aspecto econômico e social, os EUA se industrializaram rapidamente durante o século XIX e se tornaram uma potência global, especialmente após as duas Guerras Mundiais. O Brasil, por outro lado, manteve uma economia agrária por um período mais prolongado, começando a se industrializar mais significativamente apenas no século XX. Politicamente, os EUA estabeleceram um sistema democrático com eleições regulares e uma Constituição estável, embora tenham enfrentado desafios como a Guerra Civil. O Brasil, apesar de também ser uma república, passou por períodos de instabilidade, incluindo ditaduras e golpes militares, notavelmente a ditadura militar de 1964 a 1985. Ambos os países hoje são grandes democracias com influências culturais e econômicas globais. E isso, em minha opinião, colabora para o desenrolar da educação superior em ambos os países. Por exemplo, a primeira universidade fundada nos Estados Unidos foi a Universidade de Harvard. Ela foi estabelecida em 1636 em Cambridge, Massachusetts. Originalmente chamada "New College" ou "the college at New Towne," Harvard foi renomeada em 1639 em homenagem a John Harvard, um ministro puritano que legou metade de sua fortuna e sua biblioteca para a instituição.

A primeira universidade fundada no Brasil foi a Universidade do Brasil, criada em 1920. Hoje, ela é conhecida como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Antes da criação da Universidade do Brasil, o ensino superior no país era oferecido por faculdades isoladas, como as faculdades de Direito em Olinda (fundada em 1827) e São Paulo (fundada no mesmo ano). A Universidade do Brasil, hoje conhecida como Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), foi criada por decreto do então presidente da República, Epitácio Pessoa, em 7 de setembro de 1920. A criação da universidade foi uma tentativa de unificar várias escolas superiores independentes.

Depois disso, o resto é história. Mas vamos ao que temos hoje.

Nos Estados Unidos e no Brasil, dois países com sistemas educacionais distintos, a educação superior desempenha um papel crucial na formação de profissionais qualificados e cidadãos conscientes. No entanto, as diferenças entre os sistemas de ensino superior em ambos os países são marcantes e merecem ser examinadas de perto.

Nos Estados Unidos, o sistema de ensino superior é notável por sua diversidade e autonomia institucional. Com uma variedade de instituições, incluindo universidades públicas e privadas, faculdades comunitárias e institutos de tecnologia, os alunos têm uma ampla gama de opções para escolher de acordo com seus interesses e objetivos educacionais. Por outro lado, no Brasil, o sistema de ensino superior tende a ser mais centralizado, com universidades públicas mantidas pelo governo federal ou estadual e instituições privadas administradas por organizações privadas.

O acesso à educação superior nos Estados Unidos é frequentemente caracterizado por processos seletivos altamente competitivos, nos quais os alunos são avaliados com base em uma variedade de critérios, incluindo desempenho acadêmico, testes padronizados e atividades extracurriculares. Enquanto isso, no Brasil, o acesso às universidades públicas é determinado principalmente pelo desempenho no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), juntamente com outros critérios, como notas do ensino médio e cotas para grupos minoritários.

Nos Estados Unidos, o financiamento da educação superior é uma combinação de fontes públicas e privadas, com universidades públicas recebendo apoio do governo estadual e federal, além de mensalidades dos alunos, enquanto as instituições privadas dependem mais de doações e mensalidades. No Brasil, as universidades públicas são predominantemente financiadas pelo governo, enquanto as instituições privadas dependem mais das mensalidades dos alunos.

A cultura acadêmica nos Estados Unidos enfatiza a independência intelectual, a participação ativa dos alunos e uma abordagem interdisciplinar para o ensino e pesquisa. As universidades americanas valorizam a diversidade de perspectivas e incentivam a expressão livre de ideias. Enquanto isso, no Brasil, há uma ênfase na autoridade do professor e na transmissão de conhecimento de forma mais tradicional, embora também valorize a pesquisa e a inovação.

Em última análise, a educação superior nos Estados Unidos e no Brasil enfrenta desafios e oportunidades únicas, refletindo as complexidades de cada sociedade. No entanto, ambos os sistemas compartilham o objetivo comum de fornecer uma educação de qualidade que capacite os indivíduos a alcançarem seu pleno potencial e contribuírem para o desenvolvimento de suas comunidades e nações. É certo, no entanto, pelas faces da história, que nos EUA a educação é mais empreendedora e eficiente no campo da pesquisa. Mais uma vez, trata-se do tipo de gestão que nossos políticos fazem. Precisamos entender o melhor de cada cenário para que nossos acadêmicos possam devolver ao Brasil o melhor dele. A internacionalização é extremamente importante. Ela proporciona isso. Políticas de governo que querem reter talentos não traduzem o mundo moderno. Será preciso um olhar mais desenvolvido e aberto ao mercado para que possamos aprimorar nosso processo no campo da educação.


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Nicolas Van Veen Colunista (Arquivo Pessoal)
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