Árvores? Sim, árvores. Mas há tantos assuntos candentes e críticos hoje em dia para serem tratados! A questão política no Brasil e no mundo, a corrupção, a polarização de grupos rivais, a falta de respeito, a questão da Educação, a situação da Saúde... Sim, todos eles muito sérios, muito graves, temas que demandam urgentes, constantes e necessárias discussões, mas as árvores, meus amigos, representam a base sem a qual nenhum deles tem condições de estar em pauta.
Metaforicamente, elas representam a sustentação e a proteção para o desenvolvimento das nossas atividades tão demasiadamente humanas. Para começar, não necessariamente numa ordem de importância, sinto muito quanto aos vendedores de ar condicionado e às empresas que os fabricam, mas a sombra das árvores é infinitamente mais refrescante e não traz consequências ruins. Como exemplo, dor de cabeça e problemas respiratórios que a refrigeração artificial causa em muitas pessoas. E a beleza das árvores? Ah! Elas são lindas! Esplendorosas. Cores variadas com diversos matizes de verde, com flores que enchem de cor a alma e alegram a vida. Cada uma é única, como nós, seres humanos. E assim como nossos organismos, os delas também são perfeitos.
Mas não se enganem, esse texto é não é somente um louvor às árvores, pois encerra um protesto. Para mim, não importa se é apenas uma árvore que é cortada ou mutilada, ou se são muitas. Seja qual for o caso, é sempre uma perda muito grande. Há muito tempo vimos assistindo à devastação da Mata Atlântica e da Amazônia, só para citar casos mais conhecidos e mais impactantes, mas também sofremos a perda das árvores nas cidades.
É possível conciliar desenvolvimento e preservação ambiental? Sim, claro que é, se houver um bom planejamento e ações de integração entre urbanização e ambientalismo. Para isso é necessário vontade política e ações de gestores capacitados. Aliás, atualmente a noção de qualidade de vida envolve, entre outros aspectos relevantes, diretamente o contato com áreas arborizadas.
Qual a vacina para isso? Qual a solução? É possível reverter essa situação de alguma forma? Eu ainda acredito que sim. Quero crer que ainda não é tarde demais. Sensibilização, mudança de mentalidade, ações políticas efetivas, educação, manifestações e ações populares.
E o que as árvores têm a ver com cultura? Tudo. E de diversas formas. O IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - e a UNESCO reconhecem o patrimônio ambiental como um bem. Além disso, diversos órgãos ligados à cultura e ao patrimônio promovem ações de reconhecimento, registro e preservação de bens ambientais e das chamadas paisagens culturais, ou seja, a composição entre aspectos naturais e as intervenções humanas.
E, sim, as árvores são uma parte fundamental dessas paisagens. Além disso, são elementos presentes em pinturas e em outras artes plásticas e são cantadas em prosa e em verso em textos literários e em músicas da nossa cultura caipira, mas também em outros estilos e momentos históricos. Têm presença constante em nossas vidas e só nos trazem benefícios. Por isso devemos falar delas, devemos lutar por elas.
O que me qualifica para falar de árvores? Eu não sou bióloga, nem especializada em ecologia... mas sou um ser humano e habito o Planeta Terra, o que constitui qualificação suficiente.
Algumas questões deveriam mesmo ter respostas óbvias e imediatas. Para mim, uma dessas questões é: por que é necessário falar de árvores? A resposta parece óbvia, mas hoje em dia o óbvio precisa ser dito muitas vezes, repetido constantemente, para que em algum momento questões de imprescindível atenção dos humanos venham a ser discutidas com seriedade.
É preciso falar, sem dúvida, mas também, e principalmente, é preciso agir. Assim, vamos plantar árvores? Vamos lutar por elas e, consequentemente, por nós mesmos?
Rachel Abdala é historiadora e colunista do Meon
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