Por Meon Em Opinião

O outro Barbosa, não o Rui

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Joaquim Barbosa é pré-candidato a presidente pelo PSB

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Desta vez o Barbosa que pode concorrer ao cargo de presidente da República é outro Barbosa, não o Rui Barbosa de Oliveira,de 1915, que, dizem foi um dos maiores injustiçados da história republicana brasileira, pois tinha todos os predicados para ser um grande presidente, pela capacidade demonstrada nos vários cargos que exerceu no próprio governo e acima de tudo pelo maior patrimônio que possui: o moral.

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Mas o povo não o conduziu ao cargo em duas oportunidades: Perdeu em 1910 para Hermes da Fonseca e em 1919 para Epitácio Pessoa. O povo ignorou a capacidade intelectual de um dos mais respeitados cidadãos de todos os tempos. Rui Barbosa foi mais que grande, foi um diferencial que até hoje é lembrado pelo todo de sua obra, um advogado, diplomata, filósofo, deputado, senador, tradutor, jornalista, economista, um dos mais brilhantes intelectuais, orador nato que via e olhava longe, previa insucessos de políticos incapazes e denunciava corrupção e mau uso dos recursos públicos, além de ter lutado até as últimas conseqüências por eleições diretas e pela abolição da escravatura. Isso tudo, entretanto, não foi o suficiente para o povo acreditar nele e nos planos de um Brasil bem diferente do que temos hoje.

Citamos o exemplo de Rui Barbosa por uma questão de justiça, de reconhecimento porque mesmo depois de tantos anos, 95, da morte dele -  1º de março de 1923, em Petrópolis, RJ, nos vemos diante de outro Barbosa, quem sabe também postulante a cadeira a ser deixada por Michel Temer em menos de um ano.

Ex-ministro do STF é

pré-candidato a presidente pelo PSB

Trata-se de Joaquim Barbosa, advogado, ex- ministro do Supremo Tribunal Federal que aposentou-se recentemente por imposição da Lei, completou os 70 anos, limite máximo para continuar ministro e parece disposto a aceitar as dezenas de convites para se filiar a um partido político e assim candidatar-se  Presidente da República. O assédio ao ex-ministro é quase total e pelo jeito, qualquer partido dos chamados nanicos está disposto a recebê-lo de braços abertos e dar-lhe a necessário legenda.

Não queremos em nenhum momento comparar os dois” barbosas”, apesar de respeitar  biografia do ex-ministro até dias atrás. Seria leviandade colocar na balança os dois e chegar a alguma conclusão. Viveram em épocas diferentes, situações diferentes, em um país muito desigual, cuja prática política chegou a uma situação deplorável, com a baixa qualidade dos debates de temas nacionais e falta de uma política partidária ideológica.

Uma pergunta fica no ar e a nossa contribuição que esse artigo, creio seja a ida à ação de uma pesquisa sobre os dois “barbosas”, antes de apertarmos o dedinho na cabine de votação.  A pergunta é: Teria condições o Barbosa de hoje invocar a obra, as realizações e a forma ética de encarar e respeitar o eleitor como o Barbosa de ontem, Rui? O eleitor de hoje tem mais capacidade de discernimento? Ou a ocasião faz a diferença.

Nivaldo Marangoni

Nivaldo Marangoni é jornalista, professor e colunista do Meon

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