Por Meon Em Opinião

Coluna da Nikoluk: Jornalismo, Patriotismo e Segurança

imprensa_2_1


Impossível negar que 2019 tem sido um ano marcante.

Primeiro, em razão do turbulento cenário político, marcado por questões como a escolha e o desempenho da nova equipe de governo; as críticas ácidas provocadas por fatos e posicionamentos polêmicos de líderes do Executivo e do Legislativo; e o urgente consenso sobre as necessárias reformas (como a reforma da previdência). Esses fatos políticos, além de afetar o patriotismo, a autoestima dos brasileiros, tem preocupante impacto na economia nacional.

Mas além das questões políticas, 2019 tem sido marcado por tragédias que abalaram o País, como as irreparáveis mortes e prejuízos causados pelo rompimento da barragem em Brumadinho (MG) e, mais recentemente, as perdas de vidas e feridos do atentado à Escola Estadual de Suzano (SP).

Somadas à forte comoção, essas tragédias provocam debate e reflexão sobre várias questões, como medidas preventivas necessárias para que essas tragédias sejam evitadas, as responsabilidades das pessoas envolvidas, formas de minimizar danos e prejuízos, etc.

Mas há uma importante reflexão que não pode ser deixada de lado: qual o papel da imprensa diante desses fatos que afetam a todos nós, brasileiros?

É inegável que o século XXI se caracteriza por uma sociedade sedenta de informação. Uma sociedade que busca cada vez mais a verdade, a informação de qualidade e transparência na publicidade dos atos e fatos. O acesso à internet possibilitou às pessoas “ter o mundo na ponta dos dedos” em um “clique”, mas proporcionalmente, aumentou a importância e a responsabilidade da imprensa em relação ao seu papel fundamental de informar com exatidão, dentro do princípio ético de divulgar a verdade.

Felizmente, vivemos em um País onde a imprensa não enfrenta a censura e, por isso, encontra-se muito fortalecida no papel de contribuir para a defesa da democracia ao produzir conhecimento consciente, gerar informação com credibilidade, divulgar a verdade e provocar o debate sobre temas controversos, o que gera mais conhecimento e contribui, positivamente, para a formação da opinião pública e de uma sociedade mais esclarecida, mais crítica e participativa.

E é claro que esse “olhar mais crítico” contribui para a formação de um “sentimento patriótico” e maior consciência sobre o próprio ambiente e país, afetando a credibilidade e a fé dos brasileiros em seus governantes, em si mesmo, em seu futuro e em seu próprio País... daí a imensa responsabilidade da imprensa em informar com imparcialidade, mostrar “todos os lados da mesma moeda”, promover o debate sobre o que precisa melhorar, sem destruir a esperança e o que é bom.

Para produzir conhecimento consciente, é imprescindível que a imprensa trabalhe com absoluta isenção e equilíbrio no trato das questões que afetam a sociedade (econômicas, sociais raciais, ideológicas, políticas, etc.). Como fomentadora da opinião pública, a imprensa tem altíssima responsabilidade social, portanto, deve trabalhar com transparência, explorar e informar todos os lados ou aspectos de um mesmo fato ou assunto, sem pender para apenas um deles.

A mídia responsável trabalha com isenção e equilíbrio no trato das notícias [...] dentro do princípio ético de divulgar a verdade, doa a quem doer

 

Como em qualquer profissão, também a imprensa conta com bons e maus profissionais. Uma mídia apelativa, por exemplo, “deforma” a verdade, explora somente o lado mais “chocante” da notícia, o que contribui para formar um “imaginário irreal” que potencializa o medo, a violência, o isolamento social e a percepção de que uma desgraça pode acontecer conosco a todo momento.

Já a mídia responsável trabalha com isenção e equilíbrio no trato das notícias, busca a verdade, atua com transparência, olha para todos os aspectos de um mesmo fato, informa com exatidão, dentro do princípio ético de divulgar a verdade, doa a quem doer.

Há muito debate sobre princípios éticos (ou sobre a falta de ética) no exercício de algumas profissões. A imprensa tem, eticamente, o compromisso com a verdade, com a apuração precisa dos fatos... só que a busca do “furo”, a rapidez excessiva em noticiar e a apelação ao sensacionalismo resultam em desserviço público! Eis aí um grande dilema!

O papel da imprensa é tão importante que impacta, por exemplo, no desenvolvimento de uma cidade ou região. Quando uma empresa realiza prospecção para escolher onde vai investir (onde será instalada uma nova planta, por exemplo) um dos fatores avaliados são notícias locais e regionais.

Se nas notícias predomina a divulgação negativa, como defenestração dos governantes locais, exaltação da violência ou de referências negativas (como o slogan “região mais violenta do Estado”, por exemplo) sem o equilíbrio de divulgar, na mesma proporção, as notícias positivas (sucessos de gestão, prisões de criminosos, indicadores positivos, etc.) é claro que esse investidor vai para outro local, que pode enfrentar problemas iguais (ou até piores),  mas divulga com mais ênfase ou em igual proporção sua “agenda positiva”, gerando equilíbrio...

Sobre o papel da imprensa, a tragédia de Suzano traz uma reflexão: será que a maneira de noticiar o fato ajudou a “contagiar” novas ocorrências visto que, depois de Suzano, aconteceram tentativas semelhantes, em lugares completamente diferentes? Será que a notícia sensacionalista “inspirou” outros criminosos? Houve “glamourização” dos criminosos ou do crime? A notícia desses crimes pode inspirar novos atentados? Com certeza, aí vale um debate e um estudo mais aprofundado.

O fato é que a imprensa vive sua “era de ouro” como potencial colaboradora na construção de um Brasil mais forte, equilibrado, justo, seguro e melhor para todos... resta conscientizar-se do seu importante papel e decidir de qual lado está... e sinceramente, torço para que esteja do lado do povo brasileiro!

Seja o primeiro a comentar

Os comentários e avaliações são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião do site.

0

Boleto

Reportar erro!

Comunique-nos sobre qualquer erro de digitação, língua portuguesa, ou de uma informação equivocada que você possa ter encontrado nesta página:

Por Meon, em Opinião

Obs.: Link e título da página são enviados automaticamente.