Por Marcus Alvarenga Em RMVale

Policiais escondiam drogas e armas dentro do Batalhão da PM em Taubaté

Flagrante aconteceu durante operação que resultou na prisão de 20 PMs

comandante Cel. Eliane Nikoluk e Marcelino Fernandes da Silva, corregedor geral da Polícia Militar (Marcus Alvarenga)

Comandante do CPI-1, Cel. Eliane Nikoluk e corregedor geral da PM, Marcelino Fernandes da Silva

Marcus Alvarenga/Meon

A Operação Urupês, deflagrada na manhã desta quarta-feira, prendeu 20 policiais em três cidades da região e apreendeu maconha, cocaína e crack dentro de armários no 5º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior), em Taubaté.  Os policiais são acusados de tráfico de drogas, corrupção, organização criminosa e peculato, entre outros crimes.

A operação apreendeu ainda 731 munições ilegais, 12 armas, uma mira laser ilegal, 11 simulacros, estojos de munição de calibres variados e 14 rádios comunicadores,  41 celulares, um HD externa e um notebook, que serão encaminhados para perícia.

Um dos policiais acusados é apontado como chefe do tráfico na região do bairro Alto do São Pedro, emTaubaté. Além dos PMs, mais quatro homens foram presos durante a operação, que fez buscas e apreensões em 42 endereços.

"Foram apreendidos dentro dos armários dos policiais da Força Tática de Taubaté, 650 gramas de maconha, seis balanças de precisão, cocaína e crack, que ainda estão sendo pesados”, disse Marcelino Fernandes da Silva, corregedor geral da Polícia Militar.

Acima de tudo, é um ato de cidadania denunciar o mau serviço público e o crime dentro de qualquer instituição

Marcelino Fernandes da Silva Corregedor Geral da Polícia Militar

Marcelino Fernandes da Silva, corregedor geral da Polícia Militar (Marcus Alvarenga)

Investigação

A suspeita do envolvimento de policiais militares com o tráfico de drogas surgiu por parte da Divisão de Homicídios da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) de Taubaté, que estava investigando um triplo homicídio ocorrido no dia 8 de fevereiro de 2017. Após um ano do trabalho conjunto dos órgãos de segurança, foi desencadeada a operação para a prisão dos envolvidos em diferentes crimes.

“A DIG de Taubaté, investigando esse homicídio, levou a conhecimento do Gaeco o possível envolvimento de policiais. Só que durante as investigações, foi verificado que existia outros crimes que poderiam estar também envolvidos estes policiais militares que participaram do triplo homicídio. Então, foi aberto um PIC (Procedimento Investigatório Criminal) e um inquérito policial militar, que através de interceptações telefônicas foram descobertos os envolvidos e desencadeado a operação”, esclareceu o corregedor geral que ainda explicou como era a forma de ação dos policiais.

"Com as escutas, temos a certeza de que a ação dos policiais vinham ocorrendo há um bom tempo na cidade, pois conseguimos detectar comunicações entre policiais que já haviam sido transferidos meses antes do triplo homicídio. Esses policiais  ameaçavam os traficantes, no primeiro momento exatamente começando com uma condução, depois por meio de uma exigência obrigavam que esses traficantes trabalhassem para eles, pagando para que o tráfico continuasse", explica Silva.

"Já foi solicitada a prisão temporária de dois policiais, apontados com partipação direta no homicídio", acrescenta Marcelino

A frente do CPI-1 (Comando de Policiamento Militar do Interior) da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte, a comandante Cel. Eliane Nikoluk, reforçou a união das forças de segurança e a participação da população com denúncias.

“Esse trabalho teve origem há vários meses, mais de ano, e o importante é que toda a informação e denúncia reportada, via ouvidoria ou corregedoria, ou denuncias anônimas da população, eram prontamente acolhidas e compondo esse escopo de informações que acabou subsidiando essa investigação. Então é um trabalho em conjunto, que está trazendo esse trabalho de apuração interna tão necessária para as instituições”, declara Nikoluk.

“As testemunhas estão protegidas e podem confiar que terão seu nome e identidade preservados. Por que, acima de tudo, é um ato de cidadania denunciar o mau serviço público e o crime dentro de qualquer instituição”, conclui o corregedor geral da Polícia Militar. 

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