Deputado Eduardo Cury posa para foto com Aécio durante campanha de 2014
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A data é 3 de agosto de 2014. Lideranças regionais do PSDB recebem, em passeata, candidatos tucanos das eleições daquele ano. Àquela altura, o pleito já pegava fogo por todo o país. Na comitiva, todos os olhares se voltavam para o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), candidato à presidência que, naquele mês, aparecia em segundo lugar nas pesquisas, com 23% das intenções de voto.
Enquanto a comitiva segue pelas ruas da cidade, com direito a uma paradinha no Mercado Municipal, políticos da região não desgrudam do ascendente candidato. Em campanha, os então candidatos Hélio Nishimoto (PSDB) e Eduardo Cury (PSDB) – respectivamente para deputados estadual e federal – fazem as vezes de anfitriões, além de dividir selfies e o balcão das pastelarias com Aécio antes do encontro terminar em comício no diretório do PSDB.
Pouco menos de quatro anos depois, o entusiasmo dos tucanos da região com o então candidato, derrotado no segundo turno pela petista Dilma Roussef, passa longe da euforia de outrora. Após Aécio virar réu no STF (Superior Tribunal Federal) nesta terça-feira (17), as lideranças regionais do partido desistiram de associar seus nomes ao do ex-candidato e ainda senador.
Assim que as gravações em que Aécio pede R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista, dono da JBS, em maio de 2017, o deputado federal Eduardo Cury apressou-se em gravar um vídeo pedindo afastamento do senador. Após a decisão do STF de acatar a denúncia por corrupção e obstrução de justiça, o deputado reiterou sua desaprovação.
“O que cabia a mim foi feito. Gravei um vídeo pedindo afastamento de Aécio e Temer horas depois do vazamento do áudio. O que me cabe no partido foi feito já no mesmo dia que as denúncias vieram a público”, diz.
E tom menos acusativo, Hélio Nishimoto também se posiciona favorável à investigação do senador.
Candidato à presidência, Aécio visita São José em 2014
Reprodução/Facebook
“É muito triste vermos um membro do PSDB que já foi candidato a presidente da República virar réu, mas a lei é pra todos, ninguém está acima da Justiça. Então, é importante que se investigue e se conclua o que realmente há de envolvimento da parte do Aécio nesse caso. E que a Justiça seja feita", afirma.
Região
Hoje acuado, o senador foi, com sobras, o candidato preferido para governar o país pelos eleitores da RMVale. Dos 39 municípios, apenas em Cunha Dilma levou a melhor no segundo turno. Em Taubaté, por exemplo, foram 74,3% para o candidato tucano à época. Já na maior cidade da região, Aécio levou também com sobras: 69% dos votos.
De acordo com tucanos da região, o reduto favorável à legenda continuará assim mesmo com o senador sendo o primeiro réu da Lava Jato da legenda.
"Não acredito que respingue nas candidaturas da região, pois o PSDB regional tem sua história de credibilidade firmada", conta Nishimoto.
Já o presidente da Câmara de Taubaté, Diego Fonseca (PSDB), vai além. Ele afirma que o partido foi enganado por Aécio e julga inadmissível o suposto crime do tucano.
“Fomos enganados, fizemos uma campanha acreditando na proposta e no potencial do ex-candidato, assim como os 48% dos eleitores do país que votaram nele. Não acredito em nenhum reflexo nas candidaturas regionais”, diz.
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