Por Meon Em RMVale

Após anúncio de exoneração, pesquisadores realizam ato em defesa do diretor do Inpe

Ricardo Galvão fez comunicado depois de se reuniu com ministro Marcos Pontes

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Divulgação/Inpe

Pesquisadores organizam um ato em frente à portaria do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos, na tarde desta sexta-feira (2), após o diretor do instituto, Ricardo Galvão, anunciar sua exoneração. O ato é em defesa do diretor e contra o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro (PSL).

O protesto estava marcado para ter início às 14h, mas até a publicação desta matéria não havia começado. A intenção dos organizadores é manifestar também defesa a outras instituições de pesquisa. O ato tem apoio do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região. 

De acordo com o pesquisador aposentado do Inpe e diretor de comunicação do SindCT (Sindicato dos Servidores Públicos Federais na Área de Ciência e Tecnologia do Setor Aeroespacial), Acioli Antonio de Olivo, a preocupação agora é que o Inpe seja preservado.

“Agora o que esperamos é que se mantenha a prática de escolher os diretores através da lista tríplice formada por cientistas renomados. Queremos que seja mantido a democratização na escolha da direção do Inpe. O segundo ponto é que os programas também sejam preservados, principalmente o que monitora o desmatamento da Amazônia. Se ao final desse processo o monitoramento for tirado vai ser uma perda muito grande ao Inpe e à ciência”, ponderou.

Nos bastidores, já era esperado que Ricardo Galvão fosse exonerado tendo em vista os últimos atritos em relação ao Presidente da República. A polêmica teve início com declarações de Bolsonaro quando, em encontro com jornalistas estrangeiros, ele acusou os dados do Inpe de serem "mentirosos" e insinuou que Galvão estaria "a serviço de alguma ONG". 

“Já era esperado que o Glavão fosse exonerado, desde o início desse governo o Inpe e suas atividades têm sido alvos por parte de membros do governo. O próprio presidente do instituto sofreu os insultos. Estávamos apreensivos com esses ataques, mas já era esperado”, conclui o diretor de comunicação do SindCT.

Anúncio da exoneração

A decisão  foi anunciada após reunião de Ricardo Galvão, na manhã desta sexta-feira,  com o ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes. Depois do encontro, ele falou rapidamente com jornalistas que estavam na frente do ministério e fez o comunicado. "Diante da maneira como eu me manifestei com relação ao presidente, criou um constrangimento, ficou insustentável e eu serei exonerado", afirmou Galvão a jornalistas.

Ricardo Galvão estava no Inpe desde 1970 e cumpria mandato à frente do órgão até 2020. Ele deixa a direção do instituto após duas semanas de intenso bombardeio por parte do governo às informações do instituto que mostram que desde maio os alertas de desmatamento da Amazônia dispararam, atingindo em julho o número mais alto desde 2015 para um único mês. O desmatamento observado pelos alertas entre agosto do ano passado até 31 de julho é 40% maior do que o período anterior.

*Com informações do Estação Conteúdo

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