Acidente doméstico representa 85% dos casos de queimaduras em São José

A Unidade de Tratamento de Queimaduras da Santa Casa de São José recebe pacientes de toda a RMVale

Divulgação/Santa Casa

Todos os dias cerca de 11 vítimas de queimaduras, a maioria crianças, são atendidas na Santa Casa de São José dos Campos. O hospital, que possui um setor especializado em tratamento de queimados, recebe pacientes de toda a RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte). 

Entre janeiro e maio deste ano, a Santa Casa recebeu 1.729 vítimas de queimaduras, 85% dos casos relacionados a acidentes domésticos.

Segundo dados registrados pelo hospital,  48% dos casos de queimaduras são causados por escaldo, que é o contato com líquidos quentes como óleo, água, café e sopas. Líquidos inflamáveis como álcool e gasolina vêm logo em seguida com 28%.

Acidentes com panelas quentes, ferro de passar roupa e chapinha representam 14% dos casos. Por último, com 2% dos casos estão os acidentes elétricos e queimaduras causadas por produtos químicos como a soda cáustica.

O médico Márcio Fontoura, cirurgião plástico e coordenador da Unidade de Tratamento de Queimaduras da Santa Casa de São José dos Campos, explica que as mãos são as áreas mais afetadas, seguida pelos antebraços e braços.

O especialista conta que crianças até 4 anos de idade são as que mais dão entrada na unidade. "Nessa idade, as crianças estão aprendendo a andar e tem curiosidade de mexer no fogão e pegar coisas que podem estar quentes em superfícies."

As queimaduras são caracterizadas em diferentes graus de gravidade. De acordo com o médico, o primeiro grau é a queimadura superficial, como a vermelhidão causada pelo sol. A queimadura de segundo grau tem formação de bolhas na pele, e a de terceiro grau transforma a pele em uma espécie de couro, sendo necessário fazer a remoção do tecido morto.

Quando ocorre a queimadura de segundo ou terceiro grau, após a cicatrização, a vítima pode perder o movimento na região afetada, principalmente quando a área atingida é o pescoço ou uma articulação.

O especialista afirma que 80% dos casos de queimaduras atendidos na Santa Casa afetam menos de 10% do corpo da vítima. "O ferimento leva cerca de 15 dias para cicatrizar em casos de queimadura de primeiro e segundo grau. Quando a queimadura tem maior profundidade ou se enquadra no terceiro grau, o paciente deve passar por cirurgia. Pacientes com 50% da superfície corporal queimada têm mortalidade próxima a 50%".

Em alguns casos, pacientes que têm grande parte do corpo queimado podem ser submetidos a transplante de pele.  "A Santa Casa de São José conta com os bancos de pele de Porto Alegre e São Paulo para realizar os enxertos. Porém, muitas vezes o organismo do paciente reconhece essa pele nova como um corpo estranho e a destrói."

Risco de morte

O hospital não informou o número de mortes por queimaduras de janeiro a maio de 2019. Ao menos um óbito foi registrado em fevereiro deste ano, quando uma jovem de 20 anos teve cerca de 70% do corpo queimado e morreu em São José dos Campos. A mulher foi vítima de uma explosão que ocorreu após uma impermeabilização que teria utilizado produtos inflamáveis, no sofá de sua residência. 

Como evitar queimaduras

- Ao acender um fósforo, mantenha o palito afastado do rosto para não ser atingido;

- Antes de acender uma vela, veja se ela está longe de produtos inflamáveis, como botijões de gás, solventes e tecidos;

- Nunca mexa com líquidos inflamáveis perto do fogo;

- Mantenha as crianças longe da cozinha durante o preparo de alimentos e sempre vire o cabo das panelas para a área interna do fogão.