As contratações de trabalhadores temporários no varejo e no setor de serviços devem somar 103 mil vagas neste final de ano. Se a previsão se confirmar, o emprego temporário - um termômetro da expectativa do comércio para o período de consumo mais intenso do ano - vai atingir em 2019 sua maior marca em cinco anos, desde antes da crise.
Em 2014, quando o País ainda não tinha mergulhado na recessão, a admissão de temporários para o período foi de 300 mil. Apesar de o resultado estar longe daquela época, neste ano serão 43,8 mil postos a mais de trabalho em relação a 2018. Os números da pesquisa feita pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), com mais de mil empresários, mostram que a roda da economia começou a girar com mais velocidade no comércio e nos serviços.
A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, lembra dos resultados positivos captados pela pesquisa do IBGE. Em julho, as vendas no varejo cresceram pelo quarto mês seguido e acumulam alta de 0,8% no ano. No setor de serviços, o avanço desde janeiro foi de 1,2% nas vendas.
Depois de quatro meses desempregado, Romário de Jesus Souza, de 27 anos, conseguiu um emprego temporário como repositor de mercadorias numa loja em São Paulo. "Esse emprego caiu do céu. Disseram que assim que tiver uma vaga disponível, tenho chance de ocupá-la."
Segundo a pesquisa da CNDL e do SPC Brasil, o salário médio de contratação de temporários neste ano é de R$ 1.597, praticamente o mesmo valor de 2018.
Expectativa
O crescimento nas vendas registrado até agora pode ser modesto, mas os empresários estão mais confiantes: seis em cada dez consultados esperam vendas neste final de ano melhores que em 2018, aponta a pesquisa. Além disso, 43% planejam ampliar estoque.
Na rede Armarinhos Fernando, especializada em brinquedos, artigos de papelaria e decoração, o que não falta é produto. "O estoque está bem abastecido", diz o gerente Ondamar Ferreira. Até agora, a loja contratou mais que o dobro de temporários ante o ano passado.
"Nem começamos outubro e já geramos muitos empregos neste ano", diz a presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, Luiza Helena Trajano. Por causa da expansão da rede, com mais de mil lojas físicas, a empresa tem contratado cerca de 500 trabalhadores definitivos por mês. Neste ano serão abertas mais de cem lojas.
Dos R$ 30 bilhões injetados na economia pelos saques do FGTS e PIS/Pasep, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) calcula que R$ 13,1 bilhões irão para compras. Além disso, R$ 12,2 bilhões serão usados para quitar dívidas, o que pode trazer mais brasileiros de volta ao consumo a prazo.
O economista-chefe da CNC, Fabio Bentes, diz que o dinheiro extra deve ter mais impacto no varejo este ano do que a liberação dos recursos do Fundo de Garantia feita em 2017. É que hoje o endividamento das famílias é menor. Em 2017, foram liberados R$ 44 bilhões e R$ 11 bilhões foram usados para o consumo. "O que vai fazer a diferença neste Natal é esse dinheiro a mais." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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