Crianças obesas podem se tornar adultos obesos
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Sabemos que a obesidade infantil adquiriu caráter epidêmico em todo mundo sendo chamado, agora de pandemia, ou seja, O Mundo está ficando gordo (título de um livro)
Nos Estados Unidos, mais de 48% das crianças estão com excesso de peso. No Brasil chegamos a 33% mas estamos caminhando para patamares de países desenvolvidos.
Crianças obesas tem 50% de chance de se tornarem adultos obesos. Quando um dos pais é obeso, a chance eleva-se para 70 % e quando os dois pais são obesos esta chance ultrapassa 80%, causando um custo enorme para sociedade pois quase sempre está relaciona a complicações como diabetes tipo 2, hipertensão, esteatose hepática (gordura no fígado), alterações de colesterol, osteoporose e deformidades ósseas, alguns tipos de cânceres, depressão e problemas psiquiátricos entre outras.
O que causa? É um desequilíbrio da balança entre o ganho e o gasto de energia, como sabemos há séculos... Por um lado sabemos que alimentos industrializados ocupam boa parte do cardápio das crianças pelas facilidades para os pais que estão sem tempo pois trabalham o dia inteiro, por outro são alimentos muito mais ricos em gorduras, açucares e calorias.
O outo lado da balança é o sedentarismo, que segundo o PeNSE (Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar) ocorre em até 94% (absurdo!) dos escolares, na dependência de onde é realizada a pesquisa.
As causas do sedentarismo infantil são várias: modernidade eletrônica (controle remoto e dispositivos eletromecânicos), atrações pelo monitor (tablets, celulares, computadores e TVs), escolas que geralmente tem a disciplina só para cumprir a lei e principalmente, na minha opinião, porque os pais também são sedentários.
Depois de 30 anos de consultório, não acredito em mudança de hábito alimentar sem mudança do hábito da família. Não acredito em atividade física em filhos de pais sedentários, portanto eu, como endocrinologista pediátrico indico mudança de hábito alimentar e atividade física não só da criança mas da família toda.
Segundo o posicionamento da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte, um programa formal de atividade física deve treinar pelo menos três componentes: aeróbico, força muscular e flexibilidade variando a ênfase em cada um de acordo com a condição clínica e os objetivos de cada criança.
Lutas marcias
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Existe um conceito na população que a natação é o melhor e mais completo esporte para a criança, mas isso não é verdade. Na verdade eu contra indico a natação para as crianças obesas porque exercícios na água estimulam o apetite e, geralmente, as crianças obesas saem com tanta fome da água que comem mais que o gasto de energia que tiveram na aula de natação. Então eu indico a natação para os magrelinhos que querem engordar.
Outro parâmetro que uso é a adaptação da criança. Uma criança que pesa 60 kg não terá o mesmo desempenho de outra da mesma idade com 40 kg. Se esta criança vai para o esporte coletivo, como exemplo o futebol, ou será colocada no gol (com perda pequena de calorias) ou sofrerá bulling, que fará ela se afastar mais ainda do esporte.
Portanto eu indico, para estas crianças, o esporte individual como atletismo (geralmente elas não gostam), tênis (de difícil acesso) ou lutas marciais. Das lutas eu indico Tae Kwon Do porque o contato é menor e então as chances de lesão também são menores.
Digo isto porque pratico Tae Kwon Do há 15 anos e nunca sofri uma lesão. Aliás, iniciei a prática deste esporte depois de ver uma passagem de faixa da minha filha. Gostei, estamos neste esporte até hoje e somos faixa preta 4º DAN.
Este esporte é completo porque atende todas as diretrizes da Sociedade Brasileira do Esporte, aliás 20% da aula é flexibilidade, mas não é suficiente porque a criança obesa precisa de atividade física 5 ou mais vezes por semana; então recomendo que se faça 3 vezes por semana e complemente com atividades de fim de semana como skate, patins, bicicleta, passear com o cachorro, parede de escalada e equipamentos de playground nos fins de semana.
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