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Diego Hypolito revela ter sofrido assédios durante treinos na infância

"A gente precisa, para um mundo melhor, expor isso", disse o ginasta

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Petrix Diego Hypolito, os dois ginastas relataram abusos e assédios 

Divulgação/Arquivo/CBG

Um dia depois do programa Fantástico, da TV Globo, revelar que 42 atletas ou ex-atletas da ginástica artística alegaram que foram vítimas de abusos físicos, morais ou sexuais por parte do ex-treinador Fernando de Carvalho Lopes - nesta segunda-feira a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) se manifestou por meio de nota oficial sobre as denúncias -, em uma reportagem publicada na noite desta segunda-feira pelo site Globoesporte.com, o medalhista olímpico Diego Hypolito, de 31 anos, revelou ter sofrido bullying de cunho sexual quando era criança e defendia as cores do Flamengo, no Rio de Janeiro.

De acordo com Diego Hypolito, esse tipo de agressão era constante e tinha o consentimento dos treinadores. Nos abusos, atletas mais velhos e os técnicos forçavam os ginastas mais jovens a "pagar castigos", como pegar uma pilha com o ânus. Ele afirmou que esse tipo de humilhação era frequente e acontecia inclusive durante a disputa de campeonatos. Ele citou um caso, ocorrido em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que segundo ele ocorreu quando tinha entre 10 e 11 anos.

"Quando eu vi a matéria hoje (segunda-feira), no Globo Esporte (programa da TV Globo), foi a primeira vez que eu tive coragem de contar pra minha mãe que eles me faziam ficar pelado e pegar com o ânus uma pilha... tem a questão da humilhação. E, neste dia, quando aconteceu isso, eu tive ataque epilético e, depois, por ter tido o ataque epilético, eu não consegui fazer a prova toda (...) Não podia ajudar com a mão, você tinha de se agachar, pegar a pilha com o ânus e depois deixar dentro de um tênis, num buraquinho de um tênis. Se a pilha caísse fora, você tinha de voltar e fazer a prova de novo. Eu fiquei muito nervoso com a situação acontecendo, me deu desespero" afirmou Diego Hypolito.

Ainda de acordo com o atleta, técnicos e os ginastas mais velhos colocavam os garotos dentro de equipamentos de ginástica de madeira, que servem para os atletas treinarem saltos, em um ambiente escuro e asfixiante. "Quando acontecia alguma coisa errada, pegavam a gente e colocavam dentro da caixa de plinto e jogavam magnésio dentro, igual a um caixão. Hoje eu tenho problema pra entrar em avião, que é fechado, elevador, que é fechado. Não consigo entrar em túnel, que eu tenho medo. São todos reflexos do que eu vivi quando eu era criança e que eu jamais imaginei", disse o medalhista de prata na Olimpíada do Rio-2016 e bicampeão mundial no solo.

Diego Hypolito afirmou que nunca relatou os abusos aos seus pais e decidiu contar apenas após o caso Fernando de Carvalho Lopes, seu ex-treinador, ter se tornado público na noite de domingo. "A gente precisa, para um mundo melhor, expor isso. (...) eu tenho certeza de que vou ser muito julgado por eu estar contando a verdade, de coisas que aconteceram comigo (...) Espero que, daqui pra frente, nunca mais essas coisas voltem a acontecer".

O advogado Luis Ricardo Davanzo, que defende o ex-técnico da seleção brasileira masculina de ginástica artística Fernando de Carvalho Lopes das acusações de abuso sexual, disse que é preciso aguardar o término da investigação policial antes de se traçar uma conclusão a respeito do caso.

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